Capítulo 21

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Luna

     Adrian se recusava a deixar algo acontecer comigo, mas o que eu faço se algo acontecer com ele?

     Rezo para que eu nunca tenha que descobrir.

     Ele saiu levando uma parte de mim com ele assim que passou pela porta. E eu vou sempre me lembrar do olhar que me deu antes de sair. Nunca vou me perdoar se eles não voltarem para casa. Eu preciso vê-lo de novo.

     Vivo e bem.

     Era uma noite fria, mas minhas mãos suavam enquanto apertava o celular e o crucifixo em meu pescoço. A cada minuto que se passava a mansão parecia cada vez maior e eu me sentia ainda menor. Adrian havia repetido a semana toda o discurso que eles ficariam bem um milhão de vezes e poderia repetir mais um milhão que nada resolveria. Eu estava com medo, preocupada e ansiosa.

     A culpa crescia em meu peito. Eu não pedi por aquilo e nem fiz nada para estar nessa situação, mas o risco que corriam não deixava de ser por minha causa. Ao meu lado sei que Marcela nutria as mesmas preocupações que eu, eles nunca enfrentaram uma organização e um líder tão temido.

     Estávamos sentadas no meio das escadas aguardado por notícias, mesmo sabendo que provavelmente só chegariam daqui muitas horas.

     Era uma noite infernal e não era pra ser. Eu a planejei por dias, queria que fosse uma noite de paz e felicidade para Adrian. Agora ele está caçando um assassino e eu nem ao menos consegui lhe entregar seu presente.

     – Quer fazer alguma coisa pra se distrair? Eles vão demorar.

     Marcela me deu o melhor sorriso que conseguia, nos duas tentávamos ser fortes, mas era visível que não estava dando certo. Ela tinha uma personalidade muito parecida com a de Adrian, então era bem visível quando estava se forçando a ser simpática.

     – Não consigo fazer nada agora que não seja esperar por eles.

     – É, eu também. Estou nervosa pra cacete.

     Um dos seguranças atravessou a sala no final da escada indo em direção a cozinha vagorosamente, com o semblante alerta e a mão posicionada na arma em sua cintura.

     Haviam muito mais do lado de fora e vez ou outra um deles rondava o interior da casa.

     – Sinto muito, Marcela. Nunca quis que nada disso acontecesse, eles se colocarem em risco por mim...

     – Pode ir parando. Nós tínhamos esse trabalho desde muito antes de você chegar. Sabíamos o risco que estávamos assumindo quando nos comprometemos a isso. Se preocupar faz parte, mas não é culpa sua.

     – Não sei como conseguem, é tudo tão estressante pra mim.

     – Cada pessoa tem uma habilidade diferente, uma vocação. Sei que parece surreal escolher se por em perigo todos os dias, mas na verdade os resultados compensam. Seguir as regras e fazer o certo, nem sempre significam a mesma coisa.

     – Você parece o Adrian falando.

     – É porque estamos certos – Ela bateu de leve seu ombro contra o meu dando um sorriso o qual retribui.

     – Ver você e ele próximos é tão...

     – Estranho?

     – Reconfortante – Corrigi e ela franziu a testa – Apesar de Andreas sempre estar ao lado dele eu o sentia muito solitário, nunca deixando ninguém se aproximar de verdade, negando qualquer afeto. Era um mecanismo de proteção muito deplorável que ele adotava. É triste alguém viver assim.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora