LunaÉ essa a sensação de calmaria que dizem que experimentamos antes do caos? Porque se for, não estou preparada o suficiente.
– No que você está pensando?
Adrian me abraçou por trás, cheirando meus cabelos enquanto eu observava da janela do quarto o balançar que o vento fazia na copa das arvores, a luz forte da lua cheia e pouco movimento dos guardas no pátio.
Ele estava sem blusa, seu corpo quente cobriu o meu me aconchegando de uma maneira que planejei morar ali, em seus braços, protegida até de mim mesma.
– Em minha casa.
– Está sentindo falta? – Assenti.
– Estou longe a muito tempo.
– Hm – Murmurou.
– Se estivéssemos agora na sacada de meu quarto, estaríamos olhando para o jardim, onde as flores que a mamãe amava, estaria exalando o perfume a esta época do ano. A lua clareando o espelho d'água da fonte de entrada, que meus pais mandaram construir quando eu tinha 10 anos. Parecia maior quando era pequena e eu costumava correr a sua volta, de braços abertos fingindo ser uma borboleta e nos dias quentes eu me banhava nela. Era minha parte preferida do jardim, papai a batizou como a minha "fonte da felicidade". Ela tem uns 3 metros de altura e no topo o desenho de meia lua, e nos pés da fonte uma frase, "Mientras haya vida, hay esperanza".
– "Enquanto houver vida, há esperança".
Ele tinha melhorado bastante com o espanhol, sempre tirávamos um tempinho no final da noite para que pudéssemos ensinar um pouco a língua um do outro. Dessa forma, ninguém se sentiria excluído quando falávamos entre nós. Marcela também estava o ensinando uma coisa ou outra, assim como Andreas tbm me ajudava.
– Sim – Respondi – Uma bela ironia, agora que todos morreram.
– Você está viva, princesa.
– Por quanto tempo?
– Por muitos anos. O único a morrer aqui, será Bryan, te prometo.
Me virei de frente a ele.
Sinto falta de ser feliz, de apreciar a paz e calma dos lugares. Não quero mais a angustia do silêncio, quero voltar a gostar do barulho da natureza, apreciar minha própria companhia, sem sentir que meu peito vai se rachar.
– Nunca chamei outro lugar de lar, morei lá minha vida toda e agora tenho medo de pra onde terei que ir, se isso tudo acabar. Não consigo voltar para lá, mas também não sei pra onde ir.
– Quando acabar – Me corrigiu e eu suspirei – E você não precisa ir a lugar algum, pode só... ficar aqui.
Eu sabia que não poderia. Não sei o que estava acontecendo entre nós dois, mas isso não me dava o direito de mudar para cá definitivamente. O que aconteceria quando ele decidisse que isso deveria parar? Caso ele conheça uma outra pessoa e queira construir algo com ela?
Meu estômago se revirou com as possibilidades, ofeguei e me afastei levemente.
– Eu sou apenas um problema temporário, você não vai me querer aqui pra sempre.
– E se eu q... – Adrian parou, tomando fôlego – De qualquer forma, você não precisa pensar nisso agora.
Exceto, que eu precisava sim.
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O anjo vendido
Romance🏅New adult - Concluído. Se apaixonar nunca foi tão aterrorizante assim. Mas Luna Garcia e Adrian Bertolini, irão descobrir que o amor pode surgir nos piores cenários possíveis. Uma pessoa que foi criada para causar medo e caos onde passa, pode toc...