Capítulo 13

923 77 13
                                    




Luna

     – Só faz um mês, Luna. Não é assim que a terapia funciona.

     – Você já fez terapia?

     – Não.

     – Então como sabe como a terapia funciona?

     – Só estou dizendo, que é pouco tempo. O que você viveu foi intenso e ainda está sob situação de estresse. Não apresse o processo. Além disso, seus pesadelos não sessaram, mas diminuíram.

     Era verdade e parte disso eu acreditava que se devia a minhas aulas de autodefesa. Não que eu me sentisse mais segura, mas ir pra cama exausta ajudava a "desmaiar" quando eu me deitava e poucas vezes acordava com pesadelos. Eu ainda os tinha, mas a frequência em que eu despertava era menor, agora na maioria das vezes eles apenas mudavam de rumo.

     Mas hoje eu voltei a acordar e dessa vez aos gritos. Jurei que Bryan estava em meu quarto, eu até pude sentir seu cheiro. Piorando minha sanidade quando percebi que nessa mesma noite Adrian não havia ido me visitar.

     Mia, minha terapeuta não achava saudável essa codependência que mantínhamos e não era preciso ser um gênio pra saber que ela tinha razão, mas eu não estou pronta ainda pra sair disso. Ele era minha única certeza em meio as minhas noites ruins de que eu não estava sozinha e desprotegida.

     – Odeio que tudo o que posso fazer para todos os meus problemas é esperar – Suspirei exausta – Tem um louco atrás de mim, pesadelos toda noite, Adrian passando a maior parte do tempo em tocaias perigosas e tudo o que faço é esperar e aprender a como levar uma surra.

     – Isso não é verdade, você aprendeu a bater também. O hematoma de Marcela ainda não sumiu – Dei um sorriso sincero – E sobre o Adrian, não tem que se preocupar com ele ou comigo, sabe? Sempre tomamos todo cuidado possível.

     – Ah! E só por curiosidade, esse discurso de "não precisa se preocupar" funciona com a Marcela também? Ela fica mega relaxada quando você sai em algum trabalho?

     Andreas deu uma gargalhada ao mesmo tempo em que negava com a cabeça.

     – Não foi uma piada.

     – Eu sei, mas acho uma graça você comparar minha relação com minha esposa, com a sua e de meu irmão.

     – Não começa com isso de novo.

     – Tudo bem, se você não quer ver o obvio não posso fazer nada, mas caso algum dia você limpe sua visão eu vou amar te dizer que eu avisei.

     – Eu costumava gostar de você, Andreas.

     – E você costumava ser fofa e gentil comigo

     – Erro meu, você é um saco – Me levantei dando um tapinha em seu ombro – Temos que descer antes que aqueles dois venham nos caçar com armas em punhos.

     – E não vai demorar muito pra isso acontecer. Marcela está irritada hoje.

     – E quando ela não está? Ainda fico surpresa de ela e o Adrian não serem melhores amigos, eles têm praticamente a mesma personalidade.

     – É, mas Marcela consegue ser sociável quando quer e também tem uma sensibilidade maior que a de meu irmão.

     – Touché.

     – E você, quando vai devolver o colar de Adrian? Ele está desolado com isso.

    Minha cara de espanto devia estar impagável, porque Andreas estava se deliciando com minha expressão nervosa. Soltando um sorrisinho soberbo que eu odiava nos Bertolini.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora