Capítulo 19

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Luna

Não existe nada tão bem escondido, que não possa ser encontrado.

Certa vez, Adrian me disse algo assim. Obviamente, a frase foi dita em um contexto sobre não importar o quanto Bryan se escondesse bem, ele algum dia seria encontrado.

Mas a frase não se limitava a ele, não é mesmo? Ela poderia muito bem se aplicar a mim. Piorando se parar pra pensar que ele já sabia onde eu estava, só não conseguia invadir o lugar. A mansão e todo o território das terras de Adrian são melhores protegida que uma cadeia de segurança máxima, mas ainda assim, nenhum lugar é cem porcento seguro.

Acordei pela manhã com meu celular tocando, ao meu lado na cama Adrian já não se encontrava mais. Alcancei o telefone na mesinha e levantei a tela do aparelho, era uma chamada sem identificação. Ninguém dessa família nunca me ligou por número desconhecido antes.

Meus dedos congelaram, eu não sabia o que fazer. A possibilidade entre não ser nada demais e ser Bryan eram infinitas. Me sentei na cama já tensa e alerta, prendi a respiração e aceitei a chamada. Emiti um "Alô" baixo e desconfiado. Do outro lado da linha não era possível ouvir nada, repeti o alô com um pouco mais de ênfase e só então fui respondida.

"– Bom dia, pequena." – A voz dele era baixa, quase um sussurro.

Minhas pálpebras tremeram e o ar preso em meus pulmões começara a me queimar.

"– Você não vai se levantar? O dia está lindo lá fora." – A voz saia cada vez mais baixa.

Retirei as cobertas de mim bruscamente, saltei de cama e estaquei em pé, sem saber o que fazer. Ouvi a respiração dele no outro lado da linha, no mesmo instante escutei um barulho vindo da parte de baixo da casa. Meu estômago doeu e minhas pernas bambearam.

"– Não vai me responder, Luna?" ­– Ele sussurrou – "Vamos, lindinha."

– O que você quer?

"– Você."

Outro barulho se fez e posso jurar que dessa vez estava mais perto. Encerrei a ligação e corri até a gaveta da mesinha, saquei a arma, conferi a munição e apontei para a porta. Eu já estava chorando quando disquei o número de Adrian enquanto me mantinha escorada na parede com a arma levantada para a entrada. Chamou duas vezes até cair, tentei o número de Andreas e a mesma coisa aconteceu.

Me movi até a cortina do quarto e tentei olhar discretamente para fora, não consegui enxergar nenhum guarda. Ninguém atendia e eu estava sozinha. Ouvi outro baque do lado de fora, e então resolvi agir. Me aproximei devagar abrindo aporta com a mão em que segurava o celular, com muito medo consegui sair e me aproximar do guarda corpo do andar. Estava tudo quieto, até eu perceber o movimento de um vulto na parte de baixo da casa, alguém estava andando por ali.

Respirei fundo e comecei a me direcionar para o outro lado do corredor onde começava os degraus. Cada passo que eu dava meu coração martelava contra o peito, minha boca secava e eu tentava controlar minhas mãos tremulas. Assim que me posicionei no primeiro degrau o corpo da sombra apareceu e fez o mesmo lá embaixo, começando a subir as escadas.

Ele elevou o olhar assim que percebeu minha presença.

Adrian.

– O que está fazendo com isso? – Sua voz era como uma bronca.

No mesmo instante abaixei a arma. Um soluço rompeu de meu peito e eu comecei a chorar alto, só então ele percebeu que havia algo errado.

– Luna?

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora