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Laís

Estava na frente do local onde trabalho esperando a Nalu vim me buscar, já que a clínica fechou mais cedo por causa do feriado amanhã. Em poucos minutos ela chega com a Malu no banco do carona da frente.

- Saiu cedo por que? - Nalu pergunta dando partida.

- Fechou mais cedo por causa do feriado de amanhã - dei de ombros.

- A gente não tá indo pra casa, aviso logo - Malu diz ainda com os olhos no celular - Vamos lá na casa nova da Anna.

- Eles ja se mudaram? - perguntei surpresa.

A Anna e o Filipe estavam com um projeto de uma casa perto da comunidade onde o Filipe nasceu e cresceu, já que ele tem um carinho enorme de lá.

- Sim, e eles chamaram a gente pra conhecer e ajudar com as coisas do bebê - falou tirando o cinto e abrindo a porta, já que tiamos chegado e eu nem percebi com o sono que eu tava.

- Vamos Laís, vai ficar aí? - Nalu bateu no vidro fumê do carro.

Sai do carro e reparei que tinha alguns carros parados na frente da casa. Fui atrás das meninas e a casa realmente é enorme, com tudo na pegada da cor branca, certeza que foi ideia da Anna. Passamos pelo jardim gigante e entramos, escutei vozes na cozinha e acompanhei.

- Já tá bem grandinho - Anna diz passando a mão na barriga.

- Já escolheu o nome? - Nalu falou também passando a mão na barriga agora descoberta.

- Ainda não, mas o Filipe quer que o Théo escolha e eu também concordo - dar um sorrisinho.

- E o Théo, onde ele está? - falei chegando mais perto de onde elas estavam.

- Na casa da vó, o Filipe quer dar um festinha - fez aspas nós dedos - Então é melhor que ele fique por lá, já que eu sei o que vai rolar por aqui hoje.

- Pelo visto ele já começou - Nalu falou assim que ele adentra a cozinha com um cigarro de palha entre os dedos e um copo na destra.

- Boa tarde - acenou com a cabeça - Nem vi que vocês chegando.

- Começou já paizão? - Nalu riu vendo ele colocar mais líquido dentro do copo.

- Claro - sorri - Vão ficar pra mais tarde?

- Claro - Malu enfatizou - Mas agora vamos ajeitar as coisa do seu futuro filho.

A gente subiu para o quarto onde o recém nascido ficaria e já tava com papel de parede laranja e alguns móveis. A noite chegava e estávamos terminando, lá embaixo não parava de chegar carro e o som ligado.

- Agora sim - falei fechando a porta do guarda roupas.

- Vamos descer - Anna diz abrindo a porta - Querem comer algo? - perguntou e recusamos.

Quando descemos já tinha algumas pessoas dentro da casa, algumas conhecidas e outras não. Fomos até a área externa e praticamente só tinha homem. A Anna foi até o Ret e o abraçou por trás.

- Demoraram hein! - Filipe virou e passou a mão sobre o pescoço da esposa - Tem churrasco ali - apontou para uma mesa.

Pouco tempo depois os meninos de sempre chegaram, menos o Cabelinho que sempre se atrasa. Esse mau para quieto, já que agora começou fazer novela.

- Nem esperou a gente chegar, coé? - Xamã reclama abrindo os braços e o Filipe o abraçou - Parabéns irmão, tá linda a mansão - foi até a Anna e também a parabenizou.

- Já chega fazendo barulho? - ri.

- Claro - deu de ombros.

~

Eu e as meninas não ficamos muito tempo e já estávamos em casa. Tomei um banho e logo fui pra cinzinha atrás de alguma coisa pra
comer.

- Viu aquela matéria sobre o Cabelinho? Que ele tá sendo investigado por tráfico de drogas? - Nalu chegou na sala com o celular na mão.

- O que? - a olhei surpresa - Quando foi isso Nalu?

- Agora à pouco - sentou no sofá aflita agora com o celular na orelha - Atende, Victor! - balançava a perna.

Ela tentou mais umas duas vezes e ele atendeu. Disse que as polícias entraram na casa dele e reviraram tudo, levaram ele pra delegacia e até deram um soco no rosto dele por tentar explicar o que tava acontecendo.

- Ele disse que tá na delegacia - falou já com uma bolsa no ombro - Eu vou lá, cuida de tudo aqui - falou fechando a porta.

- Me dar notícias - falei alto - Caralho mano, como isso foi acontecer?

Liguei a televisão e já tava em tudo que era jornal a notícia. Não é possível, sistema filha da puta que só acusa pessoas que vem de favela, mas eles preferem deduzir quem é bandido e quem não é.

- Que porra tá acontecendo, Laís? - Malu me olhou coçando o olho - São duas da manhã caralho.

- Prenderam o Cabelinho por suspeita de tráfico de drogas - a olhei.

- O Lennon acabou de me ligar, perguntando da Nalu - sentou no sofá olhando para a TV- Cadê ela mermo?

- Foi pra delegacia, claro - suspirei e à campainha toca.

A Malu foi igual uma lesma para abrir a porta e adivinha quem era, Cabelinho com o olho roxo e o canto da boca ferido ao lado da Nalu que segurava a camisa dele.

- Caralho - Malu franziu a sobrancelha - Deram um pau em tu em meu mano.

- Cala a boca Malu - Cabelinho sorrir de canto - Isso não foi nada, aquele filho da puta ainda errou o primeiro soco.

- Esses cara são horríveis - Nalu diz indo até a cozinha - Ainda me destratam na delegacia, perguntando se eu era a mulher do preto favela do que tinha acabado de ser preso.

- E aí, Victor?- perguntei - Como foi? O que acometeu?

- Aconteceu que aqueles merdas entraram na minha casa, com uma marra do caralho - falou sério - Revistaram e não acharam porra nenhuma e além de me dar um soco, assustaram o menor meu afilhado - falou quando se jogou no sofá - Por isso eu parti pra cima do merda lá e ganhei esse soco de presente.

- E cadê o arthur? - olhei para a Nalu que deu um comprimido com um copo de água para o cantor que estava deitado do meu lado.

- Tá na casa do Lennon - suspirou - Ele tava assustado pra caralho, o Lennon me ligou e eu pedi pra ele ir pegar o arthur que tava lá na delegacia se tremendo de medo.

- Como eles não acharam nada sendo que tu toda hora tá com um cigarrinho de palha na boca? - Malu perguntou curiosa.

- Ih pô, tu tá falando comigo - apontou pro próprio peito - Eu sei que essas parada não se guarda em casa e quando o menor fica comigo lá em casa eu evito fumar perto do moleque, porque se não a mãe dele me mata.

- E a mãe dele? Por que o Arthur não foi pra casa? - olhei pro mesmo.

- Ela tá viajando a trabalho e ela vai me matar quando ver a porra da reportagem, a imprensa toda tava lá - negou com a cabeça - O motivo dessa porra toda foi o clipe da música 'Maré de dois anos atrás, tem noção?

- Mas agora já tá tudo bem, amém - Nalu suspirou aliviada.

- O quê? - franziu a testa - Eu vou é processar aquele filho da puta por esse soco - apontou para o ferimento.

- Você sabe que não vai dar em nada né? - Malu olhou para ele - Você mesmo disse que foi pra cima.

Tudo terminou bem, graças à Deus, o Cabelinho não demorou muito aqui, foi lá pra casa do Lennon ver como o afilhado estava. Eu ainda tava tentando processar tudo isso, namoral.

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votem florzinhas.

POR ACASO - L7NNON (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora