A noite passou em silêncio. Os viajantes, encolhidos nos barcos, sentiam a mudança de clima. O ar ficou quente e parado sob as grandes nuvens úmidas que flutuavam no céu, vindas do Sul e dos mares distantes. O fluxo da água sobre as pedras na correnteza pareceu ficar mais ruidoso e próximo. Os galhos das árvores começaram a pingar. Ao romper do dia, o mundo em volta deles tinha ficado suave e triste. Lentamente, a aurora deu lugar a uma luz clara, difusa e sem sombras. Uma névoa cobria o rio, e não se podia enxergar a outra margem.
Mais adiante, a praia se transformava abruptamente num penhasco cinzento, e não havia mais passagem para os que fossem a pé. A tarde curta já passara e um crepúsculo apagado e nublado se formava.
Sentaram-se perto da água, escutando o rugido rápido e confuso das Corredeiras escondidas na névoa; estavam cansados e sonolentos, e tinham os corações melancólicos.
_ Bem, aqui estamos, e aqui passaremos mais uma noite_ disse Boromir_ Precisamos dormir, e mesmo que Aragorn pretendesse atravessar os Portões dos Argonath à noite, estamos todos cansados demais, exceto, sem dúvida, nosso vigoroso anão_ Gimli não respondeu. Estava caindo no sono ali mesmo, sentado.
_ Vamos descansar o máximo possível agora _ disse Aragorn_ Amanhã devemos viajar durante o dia outra vez. A não ser que o tempo mude de novo e nos engane _disse o homem.
A primeira vigília foi de Aragorn, depois Boromir, quando a lua chegava ao topo foi a vez de Legolas e apesar da relutância do elfo que queria que a garota descansasse a última vigília foi de Alysanne. Mas um chuvisqueiro rápido os pegou e rapidamente Legolas acordou e ficou ali ao lado de Alysanne enquanto ela o contava sobre suas viagens sobre à Terra Media. Logo que estava completamente claro, eles partiram.
O nevoeiro já ficava menos denso. A Sociedade mantinha-se o mais perto possível da margem oeste, e assim podiam ver as formas apagadas dos penhascos baixos subindo cada vez mais, paredes sombrias que tinham os pés afundados no rio veloz. No meio da manhã, as nuvens desceram, e começou uma chuva forte.
Cobriram os barcos com peles, para evitar que se alagassem, e continuaram; através daquela cortina cinzenta que caía, quase nada podiam ver à frente ou em volta. Entretanto, a chuva não durou muito. Lentamente, o céu foi ficando mais leve e, de repente, as nuvens se desmancharam, e suas franjas soltas rumaram para longe, subindo o Rio para o Norte.
O nevoeiro desapareceu. Diante dos viajantes abria-se uma garganta larga, com grandes encostas rochosas às quais se agarravam, em saliências e fendas estreitas, algumas árvores retorcidas. O canal ficou mais estreito e o Rio mais rápido. Agora iam depressa acompanhando a margem, com pouca esperança de parar ou desviar, não importava o que encontrassem à frente. Sobre eles via-se uma alameda de céu azul-claro; ao redor deles, o rio escuro e ensombrado; adiante, negras, vedando o sol, as colinas de Emyn Muil, nas quais não se via qualquer abertura.
Frodo, olhando para a frente, viu duas grandes rochas na distância se aproximando: pareciam dois grandes pináculos ou pilares de pedra. Altos, íngremes e agourentos, erguiam-se dos dois lados da correnteza. Uma pequena abertura apareceu entre eles, e o rio levou os barcos naquela direção.
_ Olhem os Argonath, os Pilares dos Reis! _ gritou Alysanne.
Pareciam-lhe dois gigantes, figuras grandes e cinzentas, silenciosas, mas ameaçadoras. Então percebeu que de fato eram desenhados e moldados: o trabalho e o poder de tinham antigamente trabalhado neles, que ainda conservavam, através do sol e da chuva de anos esquecidos, as formas poderosas da escultura original.
Sobre grandes pedestais alicerçados nas águas profundas, erguiam-se dois grandes reis de pedra: ainda, com olhos turvos e cenhos gretados, voltavam-se para o Norte. A mão esquerda de cada um deles estava levantada, com a palma para fora, num gesto de advertência, e cada mão direita empunhava uma espada; sobre cada uma das cabeças viam-se um elmo e uma coroa, já se desintegrando.
Guardiões silenciosos de um reino há muito desaparecido, tinham ainda grande força e majestade. As enormes estátuas se tratavam de Isildur e Anárion, antepassados de Aragorn, e naquele momento eles perceberam, finalmente estavam em Gondor, e o rei tinha voltado a suas terras.
A fenda era comprida e escura, e repleta do ruído do vento e da água veloz, e dos ecos nas rochas inclinava-se um pouco na direção do Oeste de modo que, num primeiro momento, tudo adiante estava escuro; mas logo Frodo viu um espaço de luz à sua frente, sempre crescendo. Rapidamente se aproximou e de repente os barcos foram lançados através dele, saindo para um espaço amplo e claro.
A Sociedade agora descansou um pouco, flutuando para o Sul na correnteza que atravessava o meio do lago. Comeram um pouco e depois pegaram de novo os remos e se apressaram em seu caminho. As encostas das colinas a oeste caíram na escuridão, e o sol ficou redondo e vermelho. Aqui e ali, uma estrela nebulosa aparecia. Os três picos assomavam diante deles, escurecendo no crepúsculo. Rauros rugia com uma voz possante. A noite já se deitava sobre as águas velozes quando os viajantes chegaram finalmente à sombra das colinas.
O décimo dia de viagem chegava ao fim. As Terras Ermas estavam atrás deles. Agora não podiam mais avançar sem escolher entre o caminho do Leste e o do Oeste. O último estágio da Demanda estava diante deles.
Aragorn conduziu-os pelo braço direito do Rio. Ali, na margem oeste, sob a sombra do Tol Brandir, um gramado verde corria para a água, vindo dos pés do Amon Hen. Atrás dele subiam as primeiras encostas suaves da colina coberta de árvores, e árvores em fila avançavam ao longo das margens sinuosas do lago. Uma pequena nascente caía encosta abaixo, alimentando a relva. Arrastaram os barcos através dos verdes barrancos das margens e ao lado deles montaram acampamento.
_Cruzaremos o lago ao anoitecer, escondam os barcos e continuem a pé, chegaremos a Mordor pelo norte _disse Aragorn enquanto Merry, Pippin e Gimli se esquentavam perto de uma fogueira.
_ Ah! É? Só uma simples questão de encontrar o caminho através de Emyn Muil, um labirinto intransponível de pedras pontudas e afiadas, e depois disso fica ainda melhor, um pântano fedido e horrível que vai ate aonde seus olhos podem alcançar _disse Gimli olhando para Aragorn, Legolas olhava atentamente para o local perto deles sentindo que algo de ruim iria ocorrer.
_ Este é nosso caminho, sugiro que descanse e recupere suas forças mestre anão _disse Aragorn deixando o anão irritado.
_ Recuperar minha... _disse ele visivelmente possesso, o elfo então foi na direção de Aragorn e lhe disse:
_ É melhor irmos _disse Legolas.
_ Não, os orcs patrulham na costa Leste, devemos esperar e nos esconder na escuridão _disse o homem enquanto Legolas olhava novamente ao redor.
_ Não é a costa Leste que me preocupa, uma sombra e uma ameaça vem crescendo em meu coração _disse o elfo.
_ Aposto que sim, a garota que ele gosta esta agora com outro homem _disse Gimli para Merry e Pippin. Alysanne e Boromir haviam saído de perto deles para buscar lenha minutos antes.
_ Algo se aproxima, eu posso sentir _disse novamente o elfo tentando ignorar o que Gimli havia dito.
Após isso ambos se calaram, somente Gimli ainda reclama do que Aragorn havia dito. E então quando Merry foi pegar mais lenha que estava ali perto dele, ele percebeu algo.
_ Cadê o Frodo? _disse o hobbit fazendo Aragorn e Legolas o olharem preocupados.
_ Deve estar com Boromir _disse Gimli fazendo ambos se preocuparem ainda mais.

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Dragon Blood 2 - The Ring
FantasyAnos se passaram, uma guerra a de se aproximar novamente, rivalidades devem ser deixadas de lado, antigos amigos se reencontraram, e um amor antigo voltará a tona enquanto eles lutam para que o anel não caia nas mãos do mal.