_ Olhe! _disse o elfo.
_ Olhar o quê? _ perguntou Gimli.
_ Ali, nas árvores.
_ Onde? Não tenho olhos de elfo _disse o anão.
_Psssiu! Fale mais baixo! Olhe! _ disse Legolas apontando _ Lá embaixo, na floresta, no caminho por de onde viemos. É ele, você não está vendo, passando de árvore em árvore?
_ Estou vendo, agora estou vendo! _ sussurrou Gimli _ Olhe, Aragorn! Alysanne! Eu não os avisei? Ali está o velho. Todo coberto de farrapos cinzentos: é por isso que não consegui vê-lo antes.
Aragorn e Alysanne olharam e viram uma figura curvada, movimentando-se devagar. Não estava longe. Parecia um velho mendigo, caminhando fatigado, apoiando-se num cajado rude, a cabeça estava curvada, e ele não olhava na direção deles.
Em outras terras, teriam-no cumprimentado com palavras gentis, mas naquele momento ficaram em silêncio, cada um sentindo uma estranha expectativa: algo que trazia um poder oculto, ou ameaça se aproximava. Gimli observou com os olhos arregalados por um tempo, conforme a figura se avizinhava passo a passo.
Então, de repente, Gimli não conseguindo mais se conter, falou explosão:
_ Seu arco, Legolas! Apronte-o! Fique preparado! É Saruman. Não deixe que ele fale, ou lance um feitiço sobre nós! Atire primeiro!
Legolas pegou o arco e o preparou, lentamente, como se outra vontade se opusesse à dele. Segurava uma flecha na mão sem firmeza, sem encaixá-la na corda. Aragorn ficou quieto, seu rosto vigilante e atento.
_ O que está esperando? Qual é o problema com você? _ disse Gimli num sussurro chiado.
_ Legolas está certo _ disse Aragorn baixinho _ Não podemos atirar num velho que desse modo, traiçoeiramente e sem desafio, qualquer que seja o medo ou a dúvida tenhamos. Olhem e esperem!
Nesse momento, o velho apertou o passo e chegou com uma rapidez surpreendente ao pé da muralha rochosa. Então, de repente, ergueu os olhos, enquanto os quatro continuavam imóveis, olhando para baixo. Não se ouvia nenhum som. Os companheiros não conseguiam ver seu rosto: ele estava usando um capuz, e sobre o capuz havia um chapéu de aba larga, de modo que todo o rosto estava encoberto, exceto a extremidade da barba grisalha. Mesmo assim, Aragorn teve a impressão de ver de relance o brilho de olhos perspicazes, emitido daquele rosto encapuzado. Finalmente o velho quebrou o silêncio.
_ Bem-vindos, meus amigos _disse ele numa voz suave. _ Desejo-lhes falar. Vocês vão descer ou devo subir? _ Sem esperar uma resposta, começou a escalar.
_ Agora! _ disse Gimli. _ Detenha-o, Legolas!
_ Fique quieto Gimli _repreendeu Alysanne enquanto tentava decifrar quem era o tal velho.
_ Eu não disse desejava falar? _ disse o velho _ Abaixe esse arco, Mestre Elfo!
O arco e a flecha caíram das mãos de Legolas, e os braços ficaram paralisados ao longo do corpo.
_ E você, Mestre Anão, por favor, tire a mão do cabo de seu machado, até eu chegar aí! Não vai precisar desses argumentos.
Gimli fez um movimento e depois ficou petrificado, olhando, enquanto o velho subia os rudes degraus com a leveza de um cabrito. Todo o cansaço parecia tê-lo abandonado. Conforme pisou no patamar houve um brilho, rápido demais para se ter certeza, um breve vislumbre de branco, como se alguma vestimenta, ocultada pelos farrapos cinzentos, tivesse sido revelada por um instante. Podia-se ouvir a respiração de Gimli como um chiado ruidoso quebrando o silêncio.
_ Bem-vindos, repito! _ disse o velho, andando em direção a eles. Quando estava a alguns passos de distância, parou, inclinando-se sobre o cajado, com a cabeça para frente, espiando-os de seu capuz _ E todos vestidos à moda dos elfos. Não há dúvida de que por trás de tudo isso há uma história digna de ser ouvida. Essas coisas não são vistas com frequência por aqui.
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Dragon Blood 2 - The Ring
FantasyAnos se passaram, uma guerra a de se aproximar novamente, rivalidades devem ser deixadas de lado, antigos amigos se reencontraram, e um amor antigo voltará a tona enquanto eles lutam para que o anel não caia nas mãos do mal.