Dois

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Jotaro Kujo.


Já fazem aproximadamente quinze horas desde o ocorrido, quinze de um provável total de setenta e duas horas.


Eu sei que deveria ter um pouco mais de paciência, sei que ela não está fazendo de propósito, mas eu não sei quanto tempo mais eu posso aturar isso.


Depois que ela apagou ontem, eu a trouxe de volta para a cama e sequei o máximo que podia de seus fios, ela sequer se moveu no processo. Admito que fiquei preocupado, devo ter ficado cerca de uma hora checando a respiração dela depois que ela dormiu. Mas ver ela bem, sentada naquela cadeira, escrevendo cartinhas de amor para o Josuke, está fazendo com que a minha paciência quase exceda o limite.


Levantei da cama bastante incomodado e me aproximei para ver sua escrita por cima de seus ombros, toda delicada e carinhosa como uma garotinha de pouca idade que acabou de se apaixonar por um vocalista qualquer de uma dessas bandas de música pop.Isso é ridículo, principalmente por ela nunca ter feito uma merda dessa para mim nesses cinco anos que estamos juntos.


— Bom dia. — Aproximei os meus lábios de seu ombro, depositando um beijo ali, vendo-a se esquivar mesmo depois de recebe-lo. — Você ainda nessa, né?


Ela concordou, como se nem fosse necessário responder. E não era, era óbvio até demais.Notei a xícara de café puro sobre a mesa, já tinha percebido o odor pelo quarto e achei estranho por ela não ter o costume de beber isso, mas preferi ignorar e me direcionar para o banheiro.


Confesso que fiquei ansioso durante o banho, imaginando que ela poderia entrar de repente, sequer pensei em coisas inapropriadas no momento. Eu só queria ela ali enquanto eu pudesse observa-la, talvez elogiar o seu corpo, ouvir as risadas tímidas que ela solta quando eu faço isso, provavelmente teria feito bem mais do que apenas elogiar as curvas perfeitas que ela tem.


Mas já deu para perceber que ela não vai parar de escrever aquelas porcarias para vir aqui.


Eu sempre me incomodei com o carinho excessivo e os beijos que ela me dava sem motivo algum, coisas que ela fez por mim que eu nunca retribui. Ela tem razão, eu nunca mereci estar com ela, nunca fiz nada para merecer, e talvez essa seja uma boa oportunidade para deixar isso acabar. Talvez o Josuke...


Não, eu posso entregar ela de bandeja assim, eu não vou desistir dela com facilidade. Só preciso de paciência, em algumas horas ela vai voltar ao normal e me encher de beijos melosos como ela costuma fazer.


Sei que eu disse isso quando eu estava no banho, mas a frustração de vê-la empenhada com essas cartas está me fazendo desistir de me controlar, eu quero gritar com ela, quero pegar a porra desses papéis e jogar pela janela, quero matar o Josuke, estrangular até ele parar de respirar. Quem sabe se eu matar o Josuke, as coisas não se resolvam?


— Não vai me dizer que você está aí desde que acordou? — Me aproximei dela, com a toalha ao redor da cintura e o meu torso despido. — Você lavou o rosto pelo menos? Escovou os dentes?


Todas as respostas eram murmúrios positivos e desanimados, como se ela nem quisesse responder. Agindo como uma criança mimada que quer ter tudo na hora que pede, mas não faz nada que lhe é pedido. Já ficou bem claro o quanto de importância eu tenho nessa porra, e a minha paciência, já excedeu o limite.

In Love With The Wrong One (Imagine)Onde histórias criam vida. Descubra agora