Vinte e Dois

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Apesar de se sentir bastante incomodado com toda aquela situação, era necessário dar um passo, era necessário haver um começo, pois, caso contrário, tudo aquilo teria sido perda de tempo.

O moreno suspirou encarando bem o rosto pálido que via diante de si, em um sono não tão profundo quanto deveria, mas o suficiente para a última tentativa.

Não se podia negar, havia pressão, e muita, se desse certo, ótimo, mas as chances de darem errado eram muito maiores, e caso realmente desse errado, a culpa seria dele.

"Isso tem que dar certo." Foi o que ele pensou, na verdade, o que ele implorou para acontecer.

— (nome), é... Eu não sei se você tá ouvindo, eu posso até estar falando bobagens, mas se houver alguma forma de você sair desse lugar onde você está agora, e ir para um lugar mais claro, eu não sei... É possível que você consiga se comunicar com a gente.

O moreno chegou a se virar levemente para trás, o suficiente para ter o vislumbre do mangaká antes de ser forçado, por Noriaki, a olhar para frente. Rohan estava sentado no colo do velho, com o rosto escondido entre o pescoço enrugado enquanto tinha sua cabeça afagada por Joseph, e o olhar insistente de Shizuka em sua direção por debaixo dos óculos de sol.

Sorte que a pequena não estranhou o comportamento, poderia ter ficado estressada com a atitude do Rohan, de correr até o velho quando viu Jotaro desabar feito uma criança. Ver aquele homem tão seguro de si, grande e forte, desabando da forma que ele fez, não havia pessoa que não pudesse se comover, e os feromônios intensificaram o gatilho de que tudo daria errado, de que era inútil tentar qualquer coisa.

"Ah, Rohan Kishibe é mesmo só um garoto." Jotaro resmungou dentro da própria cabeça.

Era o momento de uma nova fotografia, foi esse o planejado, e agora as duas mãos de Joseph se encontravam ocupadas, uma com o Rohan, outra com a Shizuka. Kakyoin tomou as rédeas da situação, ergueu a câmera para que o velho Joestar fizesse a foto, esse que desamparou o mangaká por breve segundos, apenas para invocar o Hermit Purple, usando os próprios espinhos ao quebrar a máquina fotográfica.

Os cacos ficaram esquecidos em um canto qualquer, o único interesse era a fotografia que Kakyoin tinha em mãos quando se aproximou do leito, ao lado de Jotaro, para que esse também pudesse observar a foto ser revelada.

— Puta merda... — O ruivo murmurou, encarando as figuras que apareceram naquela foto tirada de cima, ambas com a cabeça para fora da área escura, olhando uma para a outra.

— Mas que caralho, como assim o Okuyasu tava certo!? — Perguntou incrédulo, encarando a mesma imagem que o Kakyoin via.

— Não perde o foco, Jotaro!

E ele não podia, o tempo estava correndo, era preciso dar continuidade ao plano e encontrar uma forma de tirar elas daquele lugar onde estavam.

— Ok, deu certo. — Ele inspirou para relaxar, mas não podia negar, estava contente por ver ela, apesar de que duas delas era bastante confuso, mas nada disso importava, e sim a chance de trazer ela de volta. — Vamos usar o monitor pra fazer uma imagem contínua, espera só um pouco, (nome)... — Não pode deixar de brincar, vendo o Kakyoin pegar a Shizuka no colo para que o Joseph pudesse fazer a parte dele. — O Rohan tá agarrado no Jiji que nem um cachorro carente.

O mangaká sequer se importou com o comentário, deixou o colo do velho limpando as lágrimas que escorriam pela face, ainda estava assustado, se sentia mal, pequeno, insignificante, mas não podia atrapalhar mais do que já havia atrapalhado. Sem demora, Joseph caminhou, com o auxílio do próprio Rohan, até o monitor ao lado da cama, deixado ali com a esperança de que o primeiro plano desse certo, o plano da comunicação.

In Love With The Wrong One (Imagine)Onde histórias criam vida. Descubra agora