Dezessete

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Rohan Kishibe.

— Somos todos seres humanos, Rohan, ele falhou como um, sabe que errou... — O ruivo se encostou na máquina de onde eu havia acabado de retirar um chocolate. — Está arrependido.

— Como você sabe que ele realmente se arrependeu? — Um riso irônico escapou pelos meus lábios enquanto eu abria a embalagem. — Como não sabe que é o joguinho dele pra fazer com que a gente veja um cachorrinho de rua e queira passar a mão na cabeça dele?

— Eu não sei, me diz você, o Okuyasu tá concentrado em uma nova ideia, não quis opinar. — Deu de ombros. — E eu soube pelo Yuuya que ele morde o lábio inferior quando está com medo, e o lábio dele tá ferido.

— É claro que tá! — Respondi com a boca cheia de chocolate. — Depois da surra merecida que o Jotaro deu nele...

— É uma ferida recente...

— E o que você quer que eu faça? — Enfiei tudo o que sobrou do chocolate dentro da minha boca, mastigando com ódio, não sei o que o Noriaki quer de mim, a gente nem tem tanta intimidade, hoje nós ultrapassamos o comum quando se trata de conversa, e ele ainda quer mais?

— Quero que você fale com ele.

Eu neguei com a cabeça, removendo a minha carteira do bolso, que ele teve a audácia de segurar e fechar a mão sobre as minhas.

— O Okuyasu tá forçando os neurônios pra pensar, da pra ver na cara do Yuuya que ele tá aqui só por curiosidade, e o Jotaro tá transmitindo a vontade de matar ele pelo olhar. Você é o único aqui que está preocupado com os sentimentos do Josuke, e ele vai precisar de você Rohan, se a (nome) morrer, acha que vai ter alguém pra consolar ele?

— Se ele vai ter ou não, o problema não é meu. — Puxei as minhas mãos para mim e passei por ele na intenção de comprar outro chocolate.

— Faça como quiser. — Ele suspirou, dando alguns passos para trás. — Só não esquece, o Josuke é um ser humano, e seres humanos erram, o que nos diferencia é a capacidade de aceitar o erro, e as tentativas de corrigir ele. O Josuke não tá aqui porquê quer apanhar de novo, e ele tá com medo demais pra alguém que não tem arrependimento nenhum.

Estalei a língua removendo os chocolates que eu havia escolhido da máquina, acabei fazendo no automático e exagerei na quantidade, mas agora, fazer o que? Alguém tem que comer isso.

As coisas não deveriam ter chegado a esse ponto, talvez se eu tivesse escrito apenas que ela viveria de acordo com as suspeitas que eu tinha... Mas não é hora para pensar nisso, eu não tenho culpa de nada, fiz o que estava ao meu alcance, a culpa não é minha se o que eu tentei não funcionou.

Eu estou em um impasse, um lado de mim está gritando que ele é um desgraçado, e o outro, está implorando para que eu não veja a expressão no rosto dele.

Posso ter perdoado o Josuke pela surra que ele me deu, por ter posto fogo na minha casa, e por várias outras coisas, mas não posso aceitar o que ele fez com a (nome), ele jogou a própria dignidade no lixo, quem me garante que quando outra garota se esfregar nele, ele não vai ceder a tentação?

Tentei passar despercebido pelo corredor quando notei ele pendurado na janela, e quase engasguei quando ele disse aquela frase, mas eu simplesmente cruzei os meus braços e deixei aquelas palavras escaparem da minha boca.

Eu estava com ódio do Josuke, e no entanto, senti as minhas bochechas queimarem enquanto o questionava sobre aquela história de "eu não fui até o fim". Foi estranho para mim, perguntar sobre isso, falar sobre sexo tão abertamente, mesmo que eu sentisse que deveria manter uma pose de alguém irritado, eu deveria ter sido grosso, não tímido.

In Love With The Wrong One (Imagine)Onde histórias criam vida. Descubra agora