Dezenove

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Josuke Higashikata.

Parecia um sonho, do qual eu não conseguia acordar, ainda tinha uma chance, mas nada do que tentamos até agora deu certo.

Eu só queria ter certeza de que ela vai ficar bem, de que eu vou poder me desculpar. Não preciso que ela me perdoe, só que escute o meu pedido, só que saiba que eu me arrependi.

- Espera... - O Rohan me interrompeu assim que eu abri a porta do carro, fazendo com que a minha atenção fosse direcionada para ele. - Se acalma um pouco, você vai assustar sua mãe se entrar assim.

Franzi o meu cenho, não entendi o que nele quis dizer até o momento em que ele virou o retrovisor na minha direção e eu pude enxergar o meu rosto, o meu nariz estava bastante avermelhado, e não era apenas por conta do soco e da cabeçada que o Jotaro havia me dado mais cedo, era mais pelas crises de choro que eu tive no hospital e em todo o caminho até aqui.

As vezes eu esqueço, sinto que está tudo bem, mas outras, eu simplesmente sinto que não tem mais volta, que acabou.

Concordei com ele e deixei a minha cabeça repousar no encosto.

- Talvez dê pra cobrir o machucado com maquiagem. - Ele estalou a lingua, mexendo de forma insistente no porta luva, e pela personalidade dele, achei estranho o lugar estar em uma completa bagunça, cheio de coisas aleatórias. - Que ideia foi essa a sua? Tocar na (nome) mesmo sabendo que ela estava fora de si? - Não conteve a irritação no tom de voz, retirando um certo item do porta luva que eu não soube bem indentificar, junto a um pincel bastante diferente dos que ele usa para trabalhar. - O que você tinha na cabeça quando resolveu fazer isso?

- Sexo. - Desci o meu olhar, incomodado com a palavra que tinha saído da minha boca. Agora eu percebo o quão idiota eu fui, não consigo sentir nada além de nojo por mim mesmo. - Um monte de coisas ruins relacionadas a isso.

- Não se faça de vítima...

- Não estou me fazendo de vítima, tenho consciência de que fui errado nessa história... Estou decepcionado com o que eu fiz, mas eu não posso mudar isso, não posso consertar o que eu fiz.

- Você tentaria se pudesse?

Eu assenti sem hesitar, se eu pudesse voltar no tempo, quebraria a minha própria cara antes de tocar em um fio de cabelo dela.

O Rohan suspirou e se debruçou sobre mim no banco, arrastando ele para trás ao impulsionar a alavanca lá em baixo. Claro que eu estranhei a atitude dele, principalmente por que depois disso, e de uma certa dificuldade para se locomover, ele simplesmente se sentou no meu colo.

- O que você tá fazendo? - Perguntei confuso, encarando a expressão de desdém estampada na face dele, que indicou o item que ele havia pego no porta luva anteriormente. - O que é isso?

- Pó compacto. - Ele estalou a lingua. - Vou tentar diminuir o estrago que o Jotaro fez na sua cara.

- E precisa mesmo ser desse jeito?

- É mais confortável pra mim. - Observei ele abrir o tal pó compacto, e passar o pincel sobre o conteúdo. - Por acaso eu estou correndo algum risco?

- Risco de que?

- Risco de você confundir as coisas e achar que eu estou querendo algo a mais com você. - Passou o pincel pelo meu nariz, enquanto dizia aquelas palavras com facilidade. - Como quando você decidiu que iria ultrapassar os limites com a (nome).

A situação era completamente diferente, não foi tão rápido, foi lento, bem devagar, fui perdendo a noção aos poucos, como se eu estivesse sendo hipnotizado.

In Love With The Wrong One (Imagine)Onde histórias criam vida. Descubra agora