Quatro

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Josuke Higashikata.


Eu sei que eu disse que diria a verdade, mas a minha mãe não estava pronta para isso, e mesmo assim, ela se sentou apavorada na cadeira, com a mentira que eu acabei dizendo.


— Por que você não falou isso antes? — Passou a mão pelos fios como se tentasse manter a calma.


— Eu sabia que você ia ficar preocupada desse jeito, mas nem tem necessidade. — Senti um aperto no peito por vê-la naquela expressão. — Não é nada grave, ela só precisa tomar os remédios, mas como eles tem um gosto ruim ela não aceita quando o Jotaro força. Por isso ela fugiu e veio aqui pra casa.


É, eu já perdi toda a decência quando me deixei levar pelas provocações da (nome), não achei que uma mentirinha pudesse pesar tanto na minha consciência. Mas eu preciso falar com o Jotaro, e sem essa mentira ela me impediria de sair a essa hora da noite, com a desculpa de que a (nome) precisa tomar um remédio para uma doença que eu sequer especifiquei.


Só que é estranho, tanto a casa do Okuyasu quanto a do Koichi, em um completo silêncio com as luzes apagadas, parece que o Jotaro ainda não deu falta da (nome). Duvido que ele tenha um sono pesado, talvez o telefone do quarto esteja com problemas. Mas eu tenho quase certeza de que alguém atendeu o telefone naquela hora, ou eu me confundi?


Não, eu não me confundi, ele ficou em silêncio de propósito. Sei disso porquê, depois de tanto bater e não receber nenhuma resposta, eu usei o Crazy Diamond para arrombar a porta do quarto. Ele estava lá, sentado em uma poltrona de forro vermelho com detalhes dourados, de frente para a mesa que estava repleta de garrafas com bebidas alcoólicas, algumas vazias, outras nem tanto.


— O que foi? — Jogou o seu olhar em minha direção, um olhar frustado que não disfarçava o ódio que ele sentia.


Pensei que ele estaria louco de tanta preocupação, cheguei a imaginar que ele não estava no quarto, que estava desmaiado, morto, pensei em várias coisas. Menos que ele estaria bebendo como se o sumiço da (nome) não tivesse importância nenhuma.


— Eu pensei que você estivesse preocupado. — Disse me sentindo incomodado com a aura ruim que o cercava, evitando me aproximar. — Tentei ligar mas você... Bem, você sabe.


Indiquei o telefone próximo a janela, fora do gancho e virado para baixo.


— Agora que você viu que eu não estou preocupado. — Bebeu uma grande quantidade do líquido de tom caramelizado em seu copo redondo, apontando para a porta atrás de mim em seguida. — Pode ir embora.


— Mas e a (nome)? — Franzi as minhas sobrancelhas um tanto confuso. — Tudo bem ela ficar lá em casa?


No instante da minha pergunta, ouvi o soar do copo trincando e notei ele se desfazer na mão do Jotaro como se fosse papel sendo amassado.


— Você sabia que ela tava lá em casa, né? — Observei ele balançar a mão para retirar os estilhaços e secar o sangue na blusa que ele vestia.

In Love With The Wrong One (Imagine)Onde histórias criam vida. Descubra agora