Vinte e Quatro

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Josuke Higashikata.

Eu suspirei, as paredes não são finas, mas é possível ouvir a atividade no quarto ao lado, não duvido nada de que eles ainda estejam tentando alguma coisa, mas eles estão gritando demais... Estão discutindo por alguma razão, e isso faz o meu coração apertar, principalmente porque, algumas palavras foram bem audíveis.

Arregalei os meus olhos em direção a porta, o Rohan simplesmente a abriu em prantos, chorando feito uma criança, veio na minha direção e se jogou sobre mim. Eu não soube o que fazer, os remédios para dor não me impediram de sentir incômodo com o peso dele, e apesar do meu coração ter se entalado na minha garganta, acelerado, por medo da notícia, eu expressei calma nas minhas feições, ele veio a procura de um porto seguro, não foi...?

— Francamente... — Notei a silhueta do ruivo na porta e estendi a minha mão para ele, que paralisou os passos de imediato na nossa direção.

Não sei se ele veio por mim ou pelo Rohan, se iria dar uma bronca ou me auxiliar a consola-lo, mas a verdade é que eu nem sei o verdadeiro motivo que me fez agir.

— Tá tudo bem... Eu me viro com ele.

O Noriaki franziu levemente o cenho, mas assentiu com a cabeça e saiu da porta, me deixando a sós com o Rohan, com as mãos firmes na minha camisa, e o rosto enfiado no meu pescoço enquanto chorava feito criança.

Fiquei naquela posição por um bom tempo, sem saber o que dizer, o que fazer, sem coragem para perguntar sobre a (nome), até me decidir passar a mão pelos fios dele, no intuito de amenizar o sofrimento... Mas eu tinha me esquecido de que aquela pessoa ali era o Rohan.

Não me toca. — Soltou abafado, contra o meu pescoço.

— Que maravilha... — Suspirei, removendo a minha mão. — Você pode me tocar a vontade, né...

Não diga como se eu quisesse estar te tocando, idiota... Eu fui drogado...

Tava drogado quando sentou no meu colo também?

Ele afastou o rosto do meu pescoço, e estreitou o olhar na minha direção.

— Eu tive bastante tempo pra pensar nas suas atitudes, você tem agido estranho comigo desde o incidente com o Yuuya.

— O que é que você está tentando sugerir, Higashikata?

— Nada... — Dei de ombros. — Só percebi que você não tem sido muito sincero, e desde que a (nome)... Você sabe... — Desviei o meu olhar, ainda não tenho coragem para perguntar o motivo da briga no quarto ao lado. — O seu comportamento ficou muito mais estranho.

— Você sabe muito bem o motivo, você tocou nela, idiota! — Levantou o torso, com o cenho franzido em irritabilidade. — Você fez coisas que não devia ter feito...

— Tá, eu sei, concordo com você... — Mordi o meu lábio inferior. — Mas isso é mesmo decepção? Será que não é ciú...

Ele cobriu a minha boca.

— Você nem se atreva a dizer essa droga de palavra! — Estalou a língua, e removeu a mão, erguendo o indicador, um tanto trêmulo, o que me fez encarar o rosto úmido e os olhos lacrimejados dele. — Controla um pouco mais essa sua boca, Josuke, você tem dito muita merda nos últimos dias, não é o momento pra continuar...

— Ela morreu, é isso? — Desviei o meu olhar quando as lágrimas começaram a rolar livremente pelo rosto dele, mordi o meu lábio inferior a ponto de sentir o gosto de ferro na boca, com o meu coração apertado, sentindo o peso do Rohan sobre mim enquanto ele me agarrava de novo para chorar mais uma vez.

In Love With The Wrong One (Imagine)Onde histórias criam vida. Descubra agora