Capítulo 2 - Liberdade

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Fernanda

Levanto minha cabeça quando ouço passos. Fazia horas que eu estava aqui, amarrada nessa cadeira. Eu não aguentava mais ver as pessoas roubarem de mim o meu controle dessa forma. Não aguentava mais estar aqui, sendo punida por algo que eu definitivamente não havia feito.

Ouvi e vi Vanessa se debater dentro de um barril em chamas. Agora, eu fitava o objeto contendo apenas os suas cinzas, enquanto a cena se repetia em minha mente, de um modo dolorosamente lento.

– Fernanda? – Ouço a voz de Thamires, breve e serena. – Olha, eu sei que você deve estar...

– Deve tá o que? – Rosno tentando me movimentar. – Vocês me tratam feito lixo, feito a porra de um animal, e isso não é de hoje! Desde que coloquei meus pés aqui, sou tratada dessa forma. Não tenho direito nem de dar a minha opinião sobre algo sem ser julgada. Eu estou cansada disso tudo! – Grunhi exasperada. – Eu juro que tentei, eu tentei... Aguentei barra pra caralho com vocês. – Suspiro. – Eu não aguento mais isso, eu simplesmente..

– Você vai para o freezer. – A voz grossa e áspera interrompe a minha fala. Tento movimentar a cabeça, mas antes que possa fazer, sou colocada de pé bruscamente.

Sou virada, os nós das cordas são desatados com habilidade por quem me parece ser o Nino.

– Tu. – Agarra meu rosto. – Por mais que não tenha caguetado para aqueles vermes, contribuiu para que isso acontecesse e vai ser punida.

– Nino... – Zeca tenta falar. Trinco o maxilar e sustento seu olhar amargurado.

Ele agarra meu braço com brutalidade, me arrasta até às escadas no fundo do galpão.

– Me larga. – Me debato, seu aperto se aprofunda e eu sinto uma dor inexplicável.

Sou forçada a descer até uma sala no pavimento inferior. A porta de metal é aberta fazendo uma lufada de ar frio atingir meu rosto.

– Não...não...não. – Nego com a cabeça ao ver o cômodo gélido, olho por cima do seu ombro implorando para que Thamires e Binho fizessem alguma coisa, mas eles abaixam a cabeça apreensivos. – Você não pode fazer isso! – Protesto, sou jogada pra dentro com força, caio no chão e acabo ralando meus joelhos.

Engulo um seco quando a porta é fechada. Agarro minhas pernas e só então consigo sentir o frio em minha pele. Encosto a cabeça na parede do ambiente e torço para que a aquela porta seja aberta o mais rápido possível.

– Eu te amo. – Balbucia com um sorriso nos lábios avermelhados. – Amo vocês dois... – A mão percorre o meu ventre com delicadeza, me aninho em seu peito sentindo as batidas do seu coração se igualarem as minhas.

A calmaria, o canto dos pássaros, o ruído dos nossos lábios enquanto nos beijamos me trás a paz que eu sempre desejei. Fecho meus olhos, arrepiada ao sentir as ponta dos seus dedos percorrendo pelo meu braço até encontrar os meus lábios.

– Eu te amo, Fernanda. – Balbucia novamente, dessa vez beijando meus lábios com doçura.

– O que... – Agarro sua mão ao observar um anel de ouro rodeando o anelar. – Um anel... – Procuro seus olhos, confusa.

– Nosso anel. – Une nossas mãos, permitindo que eu veja em meu dedo anelar a prova de nossa união. – Na alegria e na tristeza... – Murmura em um tom de voz divertido. – Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza...

– Até que a morte nos separe. – Completo extasiada. Feliz. Completa. Celo nossos lábios em um beijo que continha todo o amor que eu sentia por ele.

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