Capítulo 24 - Nessa altura do campeonato

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Tito

— Wendell deixou umas pontas soltas quando morreu. — Zeca revela assim que me vê entrar na base, já dando início na reunião.

Me aproximo da mesa, olho para o tampo visualizando imagens onde o Wendell estava conversando com pessoas desconhecidas para mim.

— Nem morto esse porra da sossego? — Puxo a cadeira para me sentar.

– E quem trouxe essa parada? — Thamires questiona pegando uma das imagens.

— Helena que faz esse trabalho sujo. — Falo pegando a imagem da fuça de um vermelho. — Quem são esses caras?

– Geral com quem Wendell manteve aliança antes de morrer.

Estreito os olhos para todas as imagens, são cerca de uns sete caras.

— Tu acha que ele pode ter soltado as paradas pra algum deles? — Fagner questiona.

— Com certeza. — Nino afirma.

— Em troca de quê?

— Me prejudicar. — Falo me ajeitando na cadeira. — O único objetivo dele aqui dentro foi tirar todas as informações possíveis de mim e me foder. — Largo as imagens, colocando a cabeça pra pensar.

Na moral, isso é péssimo. Você confia em uma pessoa a ponto de contar seus segredos e o filha da puta conta pra Deus e o mundo. As vezes minha única vontade é que ele estivesse vivo pra eu cortar membro por membro dele.

— Esses caras são de onde? — Pergunto gesticulando as imagens.

– Salgueiro, Engenho.. — Thamires solta no ar. — O lance é que se esses caras sabem o que o ele sabia, não deve permanecer entre nós não.

— E não vai. — Declaro. — Wendell sabia demais ao meu respeito, querendo ou não ele ficou a par de algumas missões aqui dentro e esses caras são aliados dele e devem ser apagados também.

Não tem outra, se estava fechando com x9 vai ter o mesmo fim.

Discuto com os caras a respeito do Jorge, soube pelo Fagner que o maluco tá de férias com a família em Fortaleza e eu já deixo geral ciente que assim que ele desse as caras era pra trazer vivo até mim, tenho uma pendência com ele também.

Em relação ao Egípcio, ninguém tem novidade pois desde a morte do Wendell e a minha saída da prisão que o cara não dá as caras em lugar nenhum. Falo com os caras a respeito do fechamento com o PCC e fico sabendo dos irmãos que vão chegar aqui no Rio em breve, vão precisar de um lugar pra ficar e é claro que as minhas favelas vão estar de braços abertos já que os caras me ajudaram pra caralho na minha ida a SP há uns anos atrás.

— E a milícia? — Indago. — Pelo que sei, Lica ainda está atrás das grades.

— E vai ficar por lá por um bom tempo. — Zeca diz. — Os caras tão atuando aqui fora, Pablo que assumiu o lugar dele lá na comunidade.

— Geral sabe que eu nunca tive de acordo com essa parada, milicianos atrapalha mais o bagulho do que ajuda. Onde que esses filhas da puta tava quando eu caí? Ou quando o próprio irmão deles caíram? — Olho pra o rosto de cada um. — Por que ninguém deu as caras em nenhuma reunião ainda? – Questiono, geral troca olhares mas ninguém sabe me responder. — Desde o início fui contra a chegada desses caras, por mim a aliança se rompeu a partir do momento que eles não moveram um fio de cabelo pra ajudar o Lico ou a mim. — Desvio meu olhar deles ao ouvir o ruído do meu celular, semicerro os olhos e vejo a mensagem na tela.

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Fernanda: tô quase pronta, você já tá terminando aí? / 00:23

Pronta pra quê em? Vasculho a minha mente me questionando se eu falei que ia levar ela pra algum lugar e não me recordo de nada.

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