Capitulo 16 - A fuga

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Tito

Sei que já é tarde da noite por causa da ausência dos pernilongos e o ar gélido que invade a cela. Arremesso uma bolinha de papel na parede e recebo de volta na palma da minha mão. Essa é minha única distração.

Sempre me pego acordado essas horas. Dormir sem a Fernanda se tornou algo praticamente impossível, me tornei dependente da mina até pra dormir.

Não deixo de pensar no tempo que tivemos aqui, o lugar não era o que eu gostaria, mas depois de meses pudemos ter um momento só nosso.

Fecho os olhos e suspiro, puxo o ar e penso em como seria q fuga amanhã. Eu tentava não colocar muita expectativa, para o caso de dar errado, mas esse era um assunto que também me consumia.

Ainda tem esse viado do Egípcio, quem se chama Egípcio? Na moral mesmo. O cara é do Rio de Janeiro, coloca um vulgo bosta desse e ainda quer me peitar? Apesar desse cara ter aparecido no meu caminho, eu já tenho planos pra ele quando eu sair daqui.

Quero viver bem, viver com minha morena e meu trafico. Quero levar ela pra conhecer o mundo, claro que vai ser um pouco difícil sendo eu, mas eu faria de tudo por ela.

[...]

Fernanda
(Sexta-feira)

Não dormi nada essa noite.

Deitei pra dormir o relógio já marcava meia noite, cinco horas eu já estava em pé com um short e um top de academia. Resolvi correr próximo a orla da praia.

Fiquei aproximadamente 1:30 fazendo minha corrida, retornei para o meu apartamento e tomei um café reforçado.

Cá estou eu, desde as 9h, com o controle da Tv na mão e atenta a qualquer notificação no meu celular.

Me apresso em trocar de roupa quando vejo que já se passa das 14h. Me visto com uma calça larga e confortável e na parte de cima um body tomara que caia. Ligo meu carro e um tempo depois estou em Parada de Lucas. Paro meu carro em frente a casa do Tito e após acionar o alarme, entro pelo portão.

Assim que entro na antiga casa, onde eu costumava passar meus dias, avisto Marina na beirada do fogão. Um sorriso cresce em meus lábios ao analisar seu barrigão.

– O de casa... – Largo minha bolsa no sofá e assim que ela me escuta se vira com um sorriso no rosto.

Sinto o cheiro de bife acebolado e eu estaria pronta para brigar com ela por estar com essa barriga enorme na beira do fogão, mas caio em mim que meu estômago roncava implorando por uma comida.

Termino de preparar a comida enquanto ela está sentada na ilha e mantém uma conversa comigo sobre todo esse tempo em que não nos vemos.

[...]

Tito

Cheguei arrebentado na enfermaria. Não é todo dia que tenho o previlégio de vir parar aqui. Sala maneira com ar condicionado...

Quando abri os olhos pude sentir a sala fria e um sorriso de canto me escapa. Semicerro os olhos e tento focar minha visão, percorro os olhos pela sala e encontro a loira fitando algo no chão com nervosismo.

– Levanta. – Ordeno, ela o faz logo em seguida. – Que horas são?

– Três e vinte.

– Tá com a parada aí? – Ela concorda só com a cabeça. – Vai buscar.

Ela solta o ar e se vira para pegar o medicamento na bolsa.

Agarro seu braço e a trago pra perto, coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha e me aproximo para falar próximo ao seu ouvido.

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