Capítulo 3 - Agente Federal

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Dias depois

Fernanda

Ainda era estranho.

Eu pensei que dormir na minha cama, no meu quarto, iria de alguma forma me fazer sentir melhor, me sentir em casa. Essa era minha casa, mas não era mais o meu lar.

Suspiro pesadamente e tento dormir. Demora, fico longas horas acordada até finalmente conseguir pegar no sono.

Abro meus olhos. Estou fitando o lustre enquanto a voz de algum cantor soava do celular da Vívian, provavelmente o seu despertador. Me levanto. Caminho até o banheiro e faço o mesmo precedimento de ontem. Escovo os dentes, faço xixi e lavo o rosto

– Amor, vem tomar café.

Franzo o cenho ao fitar meu reflexo através do espelho.

– Fernanda, Guilherme tá chamando. – Vivian passa por mim no banheiro e segue até o box retirando a camiseta do pijama.

Ando dez passos até a cozinha. Ao pisar na sala encaro a mesa à minha esquerda. Mamãe está sentada com papai, Guilherme está atrás do balcão me fitando com um sorriso no rosto. Automaticamente sorrio de volta.

– Ela sujou a fralda, é todo sua. – Arregalo os olhos ao ver um bebê, que não percebi estar em seu colo, ser posto em meus braços.

– O que? – Indago segurando o bebê no ar. Fico mais assustada ainda quando olho para o bebê e vejo os traços idênticos aos meus.

– Sua mãe não quis limpar.

– Quem fez o bebê foi vocês dois, eu já limpei muito dessas duas aí. – Aponta para mim e para Vivian que havia entrado na sala.

– Assunto nojento na mesa do café da manhã, Isabel. – Meu pai retruca de olhos no iPad, provavelmente vendo a notícia do jornal.

– Amor, segura ela direito. – Guilherme vem na minha direção, me olha por um tempo confuso. – Quer que eu troque?

– Não.. eu só... – Engulo em seco, retornando a fitar o bebê com os olhos arregalados.

– Oi bebê da titia. – Vívian passa por nós pegando o bebê para dar um cheiro. De repente reprime o nariz e entrega ao Guilherme. – Bebê tá sujinho. – Cantarola se afastando.

– É, a mamãe vai limpar. – Ele retorna a me entregar ela, seguido de um beijo nos meus lábios.

Sinto minhas pernas fraquejarem, seguro o bebê novamente no ar e a careta que ele faz me diz que irá chorar em alguns segundos.

– Ela vai chorar. – Mamãe e Papai dizem em uníssono.

– Vai mesmo. – Vívian afirma jogando uma uva na boca.

Ele começa a chorar, ou melhor abrir o berreiro.

– Guilherme... – Chamo aflita, rindo, ele se aproxima para pegar novamente o bebê.

– Qual foi, Fernanda? Dormiu e perdeu o jeito de trocar a fralda dela, foi?

O Barulho do choro do bebê se mistura com o ruído alto do celular da Vívian. Alguém ligava pra ela.

– Em, Fernanda? – Insiste.

– Fernanda, onde você colocou o talco dela? – Guilherme grita do quarto.

– Fernanda, pega o café para mim.

– Fernanda, você viu que gato esse médico novo do hospital?

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