Capítulo 8 - Negociação

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Fernanda

Faz dois meses que ele foi embora, e faz dois meses que eu não consigo dormir direito. Me sinto exausta a maioria do tempo, sobrevivo a base de cafeína e três horas de sono que as vezes se estendem para quatro quando eu consigo sonhar com a gente, são raros as vezes que acontece.

As vezes me pego relendo nossas mensagens em meu antigo celular apenas para matar a saudades, mas a verdade é que isso faz com que eu sinta mais dor.

Sinto um empurrão em meu ombro, saio dos meus pensamentos com o olhar de Vivian preso em mim.

— Seu celular tá tocando, tá surda? — Ignoro ela e olho para a tela do celular, engulo em seco ao ver o número desconhecido e trato de pegá-lo.

— Alô? – Me levanto para ter mais privacidade pois podia sentir o olhar de Vivian pesar em cima de mim. 

— Oi, esqueceu dos pobres foi? — Estendi meus lábios em um sorriso ao ouvir a voz da Mari do outro lado da linha.  — Oi, Mari...— Caminho até a sacada de casa, contente pela sua ligação. — Como você tá? E o bebê? 

— O bebê e eu estamos aqui em frente ao seu prédio. — Confusa miro meus olhos no andar de baixo e procuro por ela. — Dentro de um evoque vermelho, eu tô te vendo. — Miro meus olhos no automóvel após encontrá-lo. 

— O que você tá fazendo aqui, Mari? Você pode.. 

— As coisas mudaram, Fernanda.. — Suspira.  — A gente tem muito pra conversar. Esfrego o peito ao sentir um incômodo. — Desce aqui, eu tô te esperando. 

Encerro a ligação logo em seguida, Vivian me acompanha com o olhar ate o quarto. Tranco a porta atrás de mim antes de retirar a camiseta larga que eu usava. Evito olhar para o espelho ao passar a mão pela minha barriga para ajustar a saia longa, sentir o pequeno volume em meu ventre ainda me incomoda. Pigarreio e ajeito a barra da saia acima do meu umbigo, olho de lado tentando alguns ângulos antes de buscar certeza de que não iria marcar. Visto um cropped que guarde meus seios e calço um par de chinelos antes de deixar o quarto.  Ao chegar na portaria do edifício aceno para o porteiro e olho para os lados antes de entrar na evoque vermelha, me
acomodo no banco e olho para Mari. Automaticamente um sorriso cresce em meus lábios enquanto visualizo a sua barriga cheia. Ela também sorri, percebo que seu cabelo está longo novamente e os cachos estão bem mais pesados e cheios. Está linda como nunca deixou de está.  Ela se joga nos meus braços em um abraço meio sem jeito, eu a abraço de volta sentindo um turbilhão de emoções me levarem a beira das lágrimas.

— Estou tão feliz de te ver. — Murmuro acariciando suas costas sem querer a soltar.

— Eu também, Fê. — Afasta o rosto lentamente e me observa com um sorriso genuíno.

— Como está esse barrigão? — Abaixo meu olhar tocando sua barriga. — Está com quantas semanas? Entrando na vigésima sexta?

— Domingo entro na vigésima oitava. — Ela diz acariciando a borda da barriga.

Fomos conversando a respeito da sua gestação enquanto ela dirige sabe Deus para onde, percebi o trajeto conhecido que ela faz e confesso que fiquei ansiosa e ao mesmo tempo nervosa.

Tentei manter um assunto com ela mas a minha cara estava sendo difícil de disfarçar. Quando ela estacionou em frente o mesmo galpão que fui trazida meses atrás eu não consigo lidar com a chuva de emoções

Minhas mãos soaram, a boca ficou seca e um súbito nervosismo invadiu meu interior. 

— Que merda a gente tá fazendo aqui, Marina? — Pergunto com receio. — Wendel quer a porra da minha cabeça, se ele souber que eu estou...

— Wendel está em Minas Gerais resolvendo um b.o. —  Explica.  — E o motivo da sua vinda aqui é esse, o Wendel. 

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