Capitulo 10 - De médica à cunhada

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Tito

Fecho meus olhos com força quando o cassetete é arremessado contra as minhas costas já doloridas, enquanto o outro agende federal desfere socos com pausas para sessões de choque.

Abro meus olhos quando ganho um minuto de descanso, cuspo a saliva acumulada em minha boca e olho os dois agentes à minha frente. 

— Onde estão os outros? — Insiste em saber, reviro meus olhos e ergo a cabeça para fitar minhas mãos suspensas no teto. O arame farpado machuca pra caralho mas não era algo que eu não tivesse tido que aguentar por muitos dias aqui. 

— Sei não. — Me recuso a entregar os meus, isso não agrada o polícia e eu vejo ele abrir uma carranca segundo antes de trazer a arma de choque contra o meu pau, o grunhido que deixa meus lábios quando a dor aguda atinge todo o meu corpo, faz eu me retrair. Em seguida eu dou risada. Dou risada porquê aquilo não chega perto da porra de um tiro de fuzil. 

— É o seu melhor? — Zombo em meio a dor, o cara fica furioso e arma um soco pra desferir na minha cara mas é impedido. 

— Tá maluco caralho? Antônio disse pra não tocar no rosto dele pra não subir investigações. 

O soco vem em direção ao meu estômago, a região lateja quando o segundo vem acompanhado de um terceiro, e quarto... Puta que pariu. Sinto o gosto amargo na minha boca, não consigo segurar o bile quando ele sobe pra a garganta.  Os dois se afastam quando um líquido grotesco avermelhado pinta o chão da sala, cuspo no chão e puxo o ar para poder estabilizar minha respiração. 

Os arames são retirados do meus pulsos no minuto seguinte, tento me manter em pé mas a fraqueza não permite. 

— Em pé, caralho. — As algemas são postas em meu pulsos, trinco o maxilar e tento me estabilizar em pé. 

Sou arrastado até o outro pavilhão, mesmo com a visão turva consigo ver o caminho que fazemos para chegar até a ala da enfermagem. 

— O que é isso? — A médica pergunta assustada. 

— Trata dele aí que eu tô esperando aqui na frente. — Grunhi ao sentir meu corpo ser arremessado contra a maca dura. 

— O que fizeram com você.. — Balbucia sem saber o certo por onde começar. 

Ri baixo ao lembrar da minha Fernanda, ela teve a mesma reação quando coloquei ela pra trabalhar nos meus funcionários baleados. 

— O que tu acha? — Me ajeito na maca,  mas a dor em meu corpo me impede de se quer me movimentar. 

— Calma, não se mexe. — Pede colocando as luvas e ligando um bagulho de luz e direcionando para o meu corpo ferido, ela começa a abrir os botões do macacão e eu a ajudo retirando a peça para que ela análise os ferimentos. 

— Me dá morfina logo, doutora. — Peço na humildade. 

— Não vou injetar morfina em você sem saber o grau da lesão. – Diz aflita. – Vou chamar a outra médica, ela tá aqui a mais tempo. – Ela diz acionando um bipe na mesinha antes de pegar uns bagulhos pra fazer a limpa dos ferimentos abertos. 

Não sei se eu cochilei ou se desmaiei mas quando abri os olhos novamente pude ouvir vozes na sala. 

— Ele é um paciente diário, sempre aparece aqui com alguns ferimentos. 

— Foi os presos? 

— Não, acredito que tenha sido os agentes, ele é líder de uma facção no Rio e parece que o diretor quer descobrir onde estão os outros. — Elas se calam quando eu tento me mexer, mas as minhas mãos e pés amarrados me impedem. 

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