Tito
Fecho meus olhos com força quando o cassetete é arremessado contra as minhas costas já doloridas, enquanto o outro agende federal desfere socos com pausas para sessões de choque.
Abro meus olhos quando ganho um minuto de descanso, cuspo a saliva acumulada em minha boca e olho os dois agentes à minha frente.
— Onde estão os outros? — Insiste em saber, reviro meus olhos e ergo a cabeça para fitar minhas mãos suspensas no teto. O arame farpado machuca pra caralho mas não era algo que eu não tivesse tido que aguentar por muitos dias aqui.
— Sei não. — Me recuso a entregar os meus, isso não agrada o polícia e eu vejo ele abrir uma carranca segundo antes de trazer a arma de choque contra o meu pau, o grunhido que deixa meus lábios quando a dor aguda atinge todo o meu corpo, faz eu me retrair. Em seguida eu dou risada. Dou risada porquê aquilo não chega perto da porra de um tiro de fuzil.
— É o seu melhor? — Zombo em meio a dor, o cara fica furioso e arma um soco pra desferir na minha cara mas é impedido.
— Tá maluco caralho? Antônio disse pra não tocar no rosto dele pra não subir investigações.
O soco vem em direção ao meu estômago, a região lateja quando o segundo vem acompanhado de um terceiro, e quarto... Puta que pariu. Sinto o gosto amargo na minha boca, não consigo segurar o bile quando ele sobe pra a garganta. Os dois se afastam quando um líquido grotesco avermelhado pinta o chão da sala, cuspo no chão e puxo o ar para poder estabilizar minha respiração.
Os arames são retirados do meus pulsos no minuto seguinte, tento me manter em pé mas a fraqueza não permite.
— Em pé, caralho. — As algemas são postas em meu pulsos, trinco o maxilar e tento me estabilizar em pé.
Sou arrastado até o outro pavilhão, mesmo com a visão turva consigo ver o caminho que fazemos para chegar até a ala da enfermagem.
— O que é isso? — A médica pergunta assustada.
— Trata dele aí que eu tô esperando aqui na frente. — Grunhi ao sentir meu corpo ser arremessado contra a maca dura.
— O que fizeram com você.. — Balbucia sem saber o certo por onde começar.
Ri baixo ao lembrar da minha Fernanda, ela teve a mesma reação quando coloquei ela pra trabalhar nos meus funcionários baleados.
— O que tu acha? — Me ajeito na maca, mas a dor em meu corpo me impede de se quer me movimentar.
— Calma, não se mexe. — Pede colocando as luvas e ligando um bagulho de luz e direcionando para o meu corpo ferido, ela começa a abrir os botões do macacão e eu a ajudo retirando a peça para que ela análise os ferimentos.
— Me dá morfina logo, doutora. — Peço na humildade.
— Não vou injetar morfina em você sem saber o grau da lesão. – Diz aflita. – Vou chamar a outra médica, ela tá aqui a mais tempo. – Ela diz acionando um bipe na mesinha antes de pegar uns bagulhos pra fazer a limpa dos ferimentos abertos.
Não sei se eu cochilei ou se desmaiei mas quando abri os olhos novamente pude ouvir vozes na sala.
— Ele é um paciente diário, sempre aparece aqui com alguns ferimentos.
— Foi os presos?
— Não, acredito que tenha sido os agentes, ele é líder de uma facção no Rio e parece que o diretor quer descobrir onde estão os outros. — Elas se calam quando eu tento me mexer, mas as minhas mãos e pés amarrados me impedem.
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AO ACASO 2
RomanceApós um início conturbado, Fernanda e Tito finalmente se deram a chance que mereciam. Mas após finalmente se acertarem, um vacilo causa uma reviravolta no relacionamento de ambos dentro da favela. O amor vencerá?