O Desespero

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Não sei se perceberam, talvez não por que essas coisas passam despercebido, mas o que Gabi escreveu estava entre aspas, ou seja, era tipo um diário que ela escrevia pra relaxar os nervos, pois a garota tava super aflita com a doença, e ninguém contava o que ela tinha, não contaram nem pra mim, pois sabiam que eu a contariam, não apoio ficar escondendo a doença do doente, isso é otarisse.

Que modos os meus, nem me apresentei, meu nome é Enzo Rangel, de acordo com a Gabi sou "o complicado, não deixa explicito nenhum sentimento, nem uma vontade, nada, ele era meigo antes da gente namorar, mas depois ficou frio, e se comportava como homossexual. Suas características físicas: ele tem 1,78, é branquinho, magro, não era forte, tinha cabelos castanhos e olhos escuros também, seus lábios era rosadinho e quando ele sorria de lado eu ficava apaixonada... era um idiota, mas eu o amava."

Quando ela terminou deu-me seu livrinho e mandou eu ler, enfim... eu me impressionei com algumas partes, como eu fui estúpido em certas coisas, e eu me arrependo trilhões de vezes de não ter tentado, mas por favor não me julgue, eu tinha medo, medo de ser homem, medo de não conseguir satisfazer aquela pessoinha tão meiga e maravilhosa como a Gabi, medo dos meus sentimentos, preferia está jogando... o jogo me faz esquecer dos problemas mundanos, dos problemas da minha família, do meu futuro, do meu coração. Depois de tudo que ela escreveu, parecia bem, mesmo desconfiando da cirurgia loucona que ela iria fazer, Gabi ontem disse pra mim e pra Rafa, que se morresse tava satisfeita com a vida dela, eu fiquei feliz, porra se eu morresse naquele dia eu não estaria nem um pingo feliz com essa vida medíocre que levo, uma vida que eu escondo tudo que eu sinto por mero medo do que as pessoas vão falar.

Depois que li tudo aquilo, meus olhos estavam cheios de lagrimas, e ela por causa dos remédios já havia dormido, passei meus dedos em seu rosto acariciando e imaginando que acordar ao lado dela deveria ser incrível... percebi que naquele instante Rafaela iria entrar no quarto, mas ela nos deixou sozinhos, e eu fiquei olhando Gabi respirando, com aqueles tubos... como eu queria que ela saísse daquele estado e eu fiz algo que a muito tempo mesmo eu não fazia... rezei, com uma fé maior do que a de qualquer pessoa, eu me ajoelhei perto da cama, segurei a mão de Gabi forte, e pedi ao Senhor pra ela sair daquela situação. Antes de eu acabar a oração, ela ficou com a respiração alta, e acordou pedindo ajuda, eu chamei o médico, e aquela maquina, que mostra os batimentos do coração, estava muito acelerada, fazendo muito barulho... eu olhei pra Gabi e disse "EU SEMPRE AMEI VOCÊ, DESDE O DIA QUE VOCÊ FALOU SEU NOME" e ela sorriu, e a maquina fez PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII, e eu desabei, cai de joelhos no chão, aos prantos de choro, o médico desesperado correra pro quarto dela, Rafa e Pedro saíram desesperado de seus lugares para me acudir, pois a enfermeira saiu gritando feito uma doida - o garoto ta no meio da sala, ajudem-me a tira-lo dali - então eles foram lá me tirar do quarto. Os médicos davam choques no corpo de Gabi, seu corpo pulava e ela não reagia... neste momento eu gritei "EU REZEI, POR QUE VOCÊ NÃO ME AJUDOU?". Fazia uns 13 anos que não rezava, que não me aproximava de Deus e quando finalmente eu fiz isso olha o que havia acontecido, eu fiquei muito puto.

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