Aos 12 anos, eu a conheci, no primeiro dia de aula quando a professora chamou sua atenção, e por incrível que pareça ela estava olhando pra mim, eu percebi, mas fingi que não, ela levantou, e falou:
- Sou Gabriela Barcelos, tenho 11 anos, gosto de matemática, tenho um sonho de ser professora... meu medo é ficar sozinha sem amor. - quando ela falou eu estava conversando com meu amigo sobre algum assunto que não lembro, mas prestei atenção em suas palavras, e pensei "que tipo de criatura quer ser professora?", ela queria... Gabi sempre teve sonhos simples, nunca gostou de luxo, andava sempre assanhada, botava um coque e vestia a primeira bosta que via, ela nem se importava para o que os outros vão falar e serio isso é incrível, eu as vezes tinha até vergonha do modo que ela se arrumava, mas depois eu achei legal. Sem contar os gostos estranhos que ela tinha, queria ser professora, queria ter uma casa com três quartos, um pra ela e o marido, outro pros 4 filhos homens e outro pras 3 mulheres, queria ter um fusca amarelo como transporte... nada muito normal, mas era lindo como ela falava dessas coisas, nessa época nós sonhávamos em viajar de avião, morar nos Estados Unidos, ter uma casa com piscina, ter um Ferrari, mas ela era diferente e isso me atraiu, junto com suas curvas e aquele sorriso lindo que ela carregava.
Eu fui muito filho da puta com ela, mesmo sabendo que eu a amava, queria saber se ela gostava de mim da pior forma... a primeira coisa imbecil que eu fiz, foi fingir gostar de outra garota pra ver se ela tinha ciúmes e de amiga ela passou a se afastar muito, então eu parei de fazer isso. No ano seguinte, vi que ela tinha feito uma careta quando viu um caderno e disse "droga, não acredito que eu trouxe", falou isso baixo, mas eu estava olhando pra ela nesse momento. Na hora do intervalo eu fiquei na sala pra ver o que era aquele caderninho que ela não poderia ter levado ao colégio, era seu diário e lá tinha escrito que ela me amava, mas que eu era um idiota... fiquei com raiva do idiota, então li em voz alta na aula de matemática, lembro que era de matemática por que o professor me suspendeu de duas aulas dele por causa disso... ele pegou pesado, por que ela era aluna preferida dele, e eu a ofendi, bastante.... fui um boboca e reconheço isso, eu me arrependi na hora que acabei de ler até hoje, ela ficou arrasada e com todos os motivos.
Depois desse acontecimento comecei a parar de ser idiota e começar a ser fofo, primeiro pedi desculpa da merdinha que eu fiz, ela com uma voz baixa e triste me perdoou, desde então sentava todos os dias perto dela, brincando, nós fomos pra coordenação algumas vezes por algumas brincadeiras pesadas e la na coordenação a gente ria mais do que na sala, deve ser por isso que a mãe dela nunca gostou muito de mim, levei a garota pro mal caminho, mas eu sabia que ela adorava esse mal caminho e eu mais ainda. Nos tornamos grandes amigos, daqueles inseparáveis, era eu ela e a Yana, para todo o lado nos três, algumas meninas como a Fábia morria de inveja da nossa aliança.
Você pode ta se perguntando, só amigos? Você não tentou nada? Ouuuura se não, e como tentei, começou no primeiro aniversario que a gente tava bem amigos, de manha dei um beijo bem forte na bochecha, aproveitei e abracei-a bem apertada e levantei, ela ficou me batendo e dizendo - me põe no chão, eu tenho medo de altura abestado - respondi que era por que ela era muito baixa, então pra me derreter fez um biquinho, carinha de emburrada, ai eu dei uma florzinha pra ela e de noite no aniversario fiquei brincando direto e na hora do 'com quem será? Com quem será que a Gabi vai casar?, vai depender, vai depender se o Enzo vai querer' e na frente do pai dela eu gritei - euu quero! - ela ficou vermelha de vergonha e depois veio brigar comigo, mas não me arrependi e nem me arrependo, sei que no fundo ela gostou disso.
No entanto teve um evento que eu odiei, a quadrilha, até hoje não suporto quadrilha por causa disso... nós iríamos dançar juntos, ser um par, mas ai a professora de dança odiava a Gabi e era todo tempo brigando com ela, zangada Gabi disse que não ia mais dançar, e eu entendi, porem na noite lá teve uma dança improvisada e eu pedi pra dançar com ela... por que a insistência? Eu queria ficar agarradinho com a garota mais linda da sala, só isso, ela com vergonha dos pais não aceitou, e o pior passou a noite inteirinha me rejeitando e passando longe de mim, nossa me deu uma dor no coração, nem como amigo ela queria que os pais dela me vissem... acho que era a mãe dela, sogra só vem pra atrapalhar mesmo (( se minha mulher ler isso, me desculpe, eu aprendi a gostar da sua mãe )) enfim, eu chorei nessa noite, sou branco e meu rosto ficou todo vermelho, até hoje meus amigos lembram desse evento que eu abomino, foi a primeira vez que chorei por uma mulher, escorado numa trave de futebol e abraçando meu joelho. Teve outro acontecimento ruim, estávamos aprendendo o uso do pronome oblíquo, ai a professora foi da um exemplo dizendo que não se deve falar "eu amo ela" e sim "eu a amo", ai eu levantei, olhei pra professora e apontei pra Gabi e disse - Professora, eu a amo - ela se levantou sem nem ao menos olhar pra mim e nem pediu a professora a licença de sair, já foi logo saindo e só voltou quando a aula de português havia acabado.
Com a ajuda da Yana eu consegui finalmente namorá-la. Leitor, na hora de pedi-la em namoro, eu travei, gaguejei tanto, e acabei fazendo tudo errado por causa do nervosismo, fiz o pedido mais horroroso possível "Você sabe o que eu quero pedir, você aceita?", eu tava muito nervoso mesmo, nem a beijei depois, mas ela me abraçou forte, e eu fiquei menos nervoso e tão feliz, que ela não tem noção. Foi um namoro que teve apenas um beijo, mas eu pensava nela direto, não mostrava muito, mas eu pensava, ficava a noite em claro pensando em tudo que ela tinha feito no dia, as vezes eu beijava seu pescoço e ela se arrepiava inteira, eu me sentia demais quando isso acontecia... amava quando ela sorria por algo que eu tinha falado ou feito, acho que eu passava o tempo fazendo macacadas, fazendo mugangos pra chamar a atenção dela.
Nosso primeiro beijo foi um pouco estranho, primeiro eu tava com vergonha, então mandei um bilhete pra Yana dizendo a ela que queria beijá-la na praça depois da aula, e ela se zangou por que queria que eu mandasse o bilhete pra ela e não pra Yana... eu não estava acostumado com namoro, eu não sabia expressar meus sentimentos, principalmente no começo de tudo, eu tinha vergonha de pedi-la... e fiquei com mais vergonha decepcioná-la com 3 dias de namoro, eu nem conseguia falar com ela, mas ela veio falar comigo, por bilhete:
- Vai desprezar assim sua namorada?
- Estou constrangido de ter ti magoado, por não ter ti pedido.
- Não fique assim, pode ser hoje depois da aula? Na nossa pracinha?
- Pode ser quando e onde a minha princesa quiser.
Fiquei tão feliz, quase não assisti as aulas, tão ansioso, mas lá o nervosismo aumentou, eu tava com vergonha, e só consegui da um selinho nela, mas eu amei encostar meus lábios, nos lábios da minha amada, no outro dia deu certo e eu a beijei, beijei minha baixinha linda, coisa mais fofa na pontinha do pé, não foi bom como eu esperava, na verdade eu achei nojento, e fiz outra merda dizendo que beijo é ruim... mas eu gostei de ser com ela, gostei de ela estar em meus braços, de seus lábios encostarem no meu.
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Eu Escolho Você
Random"A matemática continua a me rodear, como palavras rodeiam poetas... e ele, é a equação mais difícil em minha percepção, e talvez nunca conseguirei solucionar." "E ele transformou meu mundo horrível, em um lugar cheio de paz, e eu sentia que ali ser...