007

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Enid colocou o sorriso mais bonito que
tinha em seu rosto, falso, porém ninguém saberia. Wednesday pediu que sorrisse para disfarçar, então ela o faria.

O caminho até a cela de Wednesday pareceu eterno e ela fez como a menor pediu: Deixou muitas detentas verem ela entrando no local. Yoko ergueu a cabeça e se levantou ao ver Enid ali.

— Fechem o lençol que eu deixo o aviso ali fora e chamo alguma idiota para avisar se ver alguém. – Yoko disse antes de se retirar. Wednesday pulou da cama de cima e puxou o lençol, tampando a visão delas para o lado de fora e Enid engoliu em seco.

— Ela, huh, é sua companheira de cela? – Enid perguntou e Wednesday negou.

— Não divido a cela com ninguém. Yoko
divide a cela com alguma idiota por aí. – Ela disse e Enid suspirou, vendo que seu pé começava a tremer de ansiedade.

— O que eu vim fazer aqui? – Enid
perguntou e Wednesday lhe olhou, encostando as costas no beliche antes de cruzar os braços e sorrir, erguendo uma sobrancelha.

— Não é óbvio? – Enid a fitou sem dar
resposta alguma por um momento, até se lembrar que precisava falar.

— Huh, na verdade não. - Wednesday assentiu e apontou para a cama de baixo.

— Pode ficar nela por enquanto e tenho
alguns livros embaixo do beliche. Pode
ler algum se quiser, vamos ficar aqui
por algum tempo para acreditarem que
estamos transando.

Enid se sentiu aliviada internamente,
mas centenas de dúvidas rodeavam sua
mente.

— Por que está fazendo isso? – Enid
perguntou cuidadosamente.

— Me chamo Wednesday. – A outra disse aleatoriamente.

— Não perguntei seu nome. – Enid
contestou e só então se lembrou com quem falava.

Ela tinha que perder essa mania de falar tudo o que realmente queria, já não era mais a chefe milionária, agora era apenas uma novata, estúpida o suficiente para ter respondido malcriadamente a pessoa mais temida de toda a prisão.

— Eu sei exatamente o que me perguntou, não sou surda. – Wednesday disse secamente. — Acontece que não quero responder.

— Desculpe. – Enid pediu, se abaixando
para procurar um livro para ler. — Céus, eu adoro este livro. – Enid disse com os olhos brilhando ao ver um livro de romance policial entre a pilha de livros. Eu me lembro de ter lido ele uma cinco vezes.

— Estamos quites. – Wednesday falou, se encostando na parede para ter uma visão melhor de Enid.

— Eu esqueci de pedir livros para minha irmã me trazer, então não tenho nada para ler. – Enid disse, lendo capa por capa.

— Pode levar qualquer um que quiser. – Wednesday disse e Enid ergueu a cabeça, fitando a garota.

— Obrigada. – Enid falou sinceramente.

— Eu sei que não quer falar o porquê de estar fazendo isso, mas significa muito para mim. – Wednesday assentiu e Enid voltou a fitar os livros.

— Estou lendo este. – Wednesday disse ao ver Enid passar pelo livro de poemas de uma autora que conhecia.

— Você gosta de poemas? Estou surpresa. – Enid disse sorrindo e pôde ver o início de um sorriso querer dar as caras na feição de Wednesday.

— Leio de tudo, não me restrinjo aos
gêneros. Se a sinopse chamar a minha
atenção você terá a minha leitura ou se
eu já conhecer o autor e tiver gostado de algo dele, apostarei minhas fichas em seus livros. – Ela respondeu e Enid assentiu.

— Já o li, mas adoro. Pode continuar lendo, só que em voz alta? – Enid perguntou e Wednesday pareceu pensativa.

— Podemos revezar nisso? – Ela perguntou e Enid assentiu, um pouco surpresa por isso, se deitando na cama de baixo e vendo Wednesday subir para a de cima com o livro. – Não se acostume com isso.

— Entendido. – Enid disse rindo.

— Só estou fazendo porque amo ler e não porque me pediu. – Wednesday disse friamente.

— Eu sei. – O silêncio predominou
por alguns segundos, até a voz rouca
preencher o ambiente.

E no amor encontrei-me instável, e no amor encontrei-me segura, o amor já foi minha desgraça, entretanto, também já foi a minha cura. – Enid sorriu ao ouvir a voz sempre rude soar doce e cheia de vida ao recitar o poema.

Ao amor me dei, por amor chorei, mas apesar de tantas controversas, jamais esqueci a quem com a alma amei. – Enid disse junto com Wednesday, afinal amava aquele poema.

O silêncio se instalou no ambiente após
aquilo. Wednesday queria continuar lendo, mas sem entender o porquê, estava receosa. Ter ouvido Enid dizer algo com tanta paixão a fez sentir-se estranha.

Levava a vida toda solitária para permitir se encantar por uma desconhecida.

Enfrentaria uma prisão inteira de
detentas, mas fugiria de um sorriso doce da moça do par de olhos azuis.

— Que tal se formos ao pátio? – Wednesday disse após alguns minutos. — Já ficamos alguns bons minutos aqui. Pelo menos uma rapidinha dava para ter dado, pensarão que foi isso.

— Huh, tudo bem. – Enid disse, saindo
da cela apenas para ver a policial Divina sorrindo para Yoko. Ela achou estranho, mas cada um com sua vida, pensou.

Sentiu seus batimentos se desalinharem quando entre seus dedos os dedos de Wednesday se enroscaram, puxando-a para o pátio.

Enid, pela primeira vez, virá aquele
caminho pela visão de Wednesday: Conforme iam passando, todas as detentas abaixavam as cabeças ou desviavam os olhares.

— Por que elas têm tanto medo de você? – Enid perguntou em um sussurro e se surpreendeu ao ouvir uma risada baixa e rouca vinda da morena

— Você pergunta demais. – Wednesday disse, subindo na mini-arquibancada de madeira e puxando Enid para seu colo assim que se sentou.

— Vou precisar andar com você
sempre agora? – Enid perguntou
envergonhada.

— Só nesses primeiros dias para
deixarmos todas cientes de que não
devem tocar em você. – Wednesday disse e Enid assentiu, passando um braço por seu pescoço, temerosa, apenas para ficar mais confortável na posição. — Depois você poderá voltar para as suas amigas e ir em minha cela só de vez em quando para não levantarmos suspeitas.

— Eu gostaria de saber um dia por que
você está fazendo isso por mim. Me
dirá? – Enid perguntou e Wednesday suspirou, assentindo.

Um dia, Sinclair. – Wednesday disse, olhando em volta apenas para ver três líderes de cada grupo juntas, se aproximando delas com Beatrice.

— O que foi? – Enid perguntou confusa
ao ver a menor apertar Enid contra seu
corpo.

— Não ouse sair de perto de mim em
hipótese alguma. Entendido? – Wednesday perguntou solenemente e Enid assentiu, preocupada. Wednesday respirou fundo e colocou a expressão mais inflexível em seu rosto.

As líderes nunca se juntavam, algo de bom não viria dali.

Presa Por Acaso - WENCLAIROnde histórias criam vida. Descubra agora