009

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Enid estava deitada enquanto olhava
quadradinhos imaginários na parede. Sim, o tédio a estava matando, porém, não mais do que a curiosidade sobre Wednesday Addams.

A garota era grosseira, seca, fria, contudo, se ofereceu em ajudar Enid. Ela também já fora gentil, mesmo sem perceber. A loira só queria entender aquela mulher. Por que ela ajudaria alguém gratuitamente?

Wednesday jamais se envolveria com alguém daquela cadeia, de acordo com Bianca. Então por que diria a todas que estava com Enid? Para sua única proteção? Muito estranho.

Wednesday a havia beijado, um selinho, na frente de todas. Aqueles lábios rosados e tão beijáveis, junto com aquele olhar intenso quebderreteria qualquer iceberg... Não! Ela não deveria pensar nisso, se repreendeu.

O barulho de sua cela sendo aberta a fez respirar fundo. A merda aconteceria, se tivesse que acontecer.

— Olá, novata. – O sorriso rancoroso no
rosto de Beatrice fez Enid sentir um frio
cortar toda a sua espinha.

— Enid Sinclair. – A voz da guarda fez Enid olhar. Era Divina.

— Sim? – Enid perguntou baixo antes
de fitar Beatrice. Seus olhos a fitavam
ansiosamente, à espera daquela guarda
sair para acertar contas. O nariz da garota estava enfaixado e ela tinha um olho roxo.

— Arrume seus pertences que em menos de dois minutos volto aqui. – Divina disse e Enid assentiu confusa, apesar de não ter quase nada. Alguns itens de higiene pessoal e suas roupas íntimas.

— Quebraram meu nariz, sua vadia. –
Beatrice disse irritada assim que Divina saiu. — Vou esperar Divina fazer seja lá o que for aqui nessa inspeção de cela e esta noite você me paga. Addams verá quem manda nessa merda. – Enid sequer a olhou, o medo circulava em cada canto de suas veias.

— Eu sinto muito por seu nariz. – Enid disse baixo, se sentando e arrumando suas coisas no canto de sua cama.

— Ah, com certeza não sente, sua vadia. – Beatrice disse cruzando os braços. — Não mandei se sentar. Levanta! – Impôs e Enid a obedeceu. — Wednesday deveria saber que você só está com ela por interesse, mas deveria ter escolhido melhor, boneca, sou eu quem tenho todas as guardas compradas.

— Nem todas. – A voz de Divina soou firme e Beatrice a olhou assustada. — Sinclair pegue suas coisas e me acompanhe.

— Não quis dizer que as compro de
verdade, senhora. São todas mulheres
íntegras. – Beatrice disse colocando
as mãos para trás e Divina manteve sua
expressão imparcial quando Enid saiu da cela.

— Eu sei bem o que você quis dizer e não se preocupe, porque cada mulher íntegra dessas que você citou terão sua vez na hora certa. – Falou, erguendo um braço, fazendo a policial que tinha os comandos a ver pela câmera de segurança e voltar a fechar a cela.

— Aonde ela vai? – Beatrice perguntou
confusa.

— Não é da sua conta. Cuide de suas
coisas. – Divina disse impassível. - Por aqui Sinclair.

Caminharam duas celas, até pararem de frente com a cela que Enid conhecia muito bem.

— Espero que nessa você não arranje
problemas. – Divina disse. — Elas duas
sempre arranjam problemas uma com a outra e por isso foram colocadas em celas separadas. Com Beatrice você não vem dando certo, vejamos com Wednesday. – Falou, abrindo a cela. Enid entrou no ambiente antes da cela voltar a se fechar.

— Obrigada, Divina. – Wednesday disse e Divina sorriu.

— Juízo, garotas. – Ela disse, se afastando dali.

Enid olhou confusa para Wednesday antes de colocar suas coisas em seus devidos lugares.

— Você... A subornou? – Enid perguntou confusa e Wednesday riu.

— Uma mulher nunca revela seus truques. – Wednesday falou e Enid assentiu.

— Eu posso, an, me deitar? – Enid
perguntou e Wednesday franziu o cenho.

— Não precisa de uma autorização minha para isso, Sinclair. – Wednesday falou e Enid riu fraco.

— É que Beatrice às vezes...

— Não sou ela. – Wednesday disse seriamente e Enid a fitou novamente.

— Claro, me desculpe. – Pediu, se deitando em sua cama. Seu cérebro voltou a divagar.

— Ela já estava na cela? – A voz de Wednesday soou e alguns segundos depois as luzes se apagaram.

— Estava.

— Ela te machucou?

— Não.

— Hm. – Respondeu com frieza
novamente, deixando o silêncio se
instaurar no local.

— Por que ficava me olhando tanto quando cheguei? – Enid perguntou. Droga! Era sempre tão estúpida? Pensou.

— Não te interessa. – Wednesday disse e, para a sua surpresa, Enid riu.

— Por que sempre é tão rude comigo?

— Você é sempre idiota ao ponto de ficar insistindo em falar com alguém que claramente não quer conversar com você? – Wednesday , colocando a cabeça para fora do beliche, apenas para ver Enid a fitar da cama de baixo.

— E você é sempre a protetora das novatas que claramente não pediram por sua ajuda? – Enid rebateu e Wednesday bufou.

— Eu sabia que isso seria um erro. – Wednesday disse boquiaberta. – Amanhã pedirei à Enid que te mande de volta. Direi a todos que você está livre e você que se acerte com Beatrice. Já me meti em problemas demais para ouvir esse tipo de coisa. – Wednesday falou, se deitando bruscamente.

— Não, por favor... – Enid pediu
rapidamente, se levantando para poder
ver o rosto da outra garota. Eu não quis dizer que não sou grata... – Enid se corrigiu. — Só quis dizer que você começou a me ajudar do nada e nunca
me disse o porquê, mas vive me tratando como se não gostasse de mim. – Ela disse em suspirou. — Isso só me deixa... confusa.

Wednesday fitou antes de se apoiar em seu cotovelo e voltar a falar.

— Preste muita atenção no que vou dizer: Não somos amigas, não somos nada. Eu te ajudei e você deve ficar agradecida, nada mais. – Ela falou friamente. — Sem amizade, sem sorrisos, sem conversas sobre nossas vidas, sem perguntas. Ficou claro? – Enid assentiu encolhendo seus ombros antes de voltar a se deitar.

— Claríssimo. – A loira respondeu. Pelo menos poderia dormir em paz, sabendo
que não teria uma Beatrice para tentar
pular em cima dela durante a noite. Seus olhos se fecharam, porém sua mente se concentrava em um único pensamento:

Viveriam por um longo tempo sob o
mesmo teto, no entanto, Wednesday se negava a conversar com ela. Enid não sabia o que era pior: Estar sozinha em uma cela, sem ninguém para conversar por meses ou anos, ou estar em uma cela com uma pessoa que gostaria muito de conversar, porém não podia.


Presa Por Acaso - WENCLAIROnde histórias criam vida. Descubra agora