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— Quero dizer que fui presa pela falta de opções e pelo desespero momentâneo. – Ela disse.

— Conta para mim? – Enid perguntou
e Wednesday assentiu. Desde sempre Enid a fazia desejar compartilhar sua vida e seus pensamentos com ela. Algo na garota era simplesmente cativante aos seus olhos. Aliás, algo não, tudo nela era cativante aos seus olhos.

— Meu avô voltou a ter tosses fortes e a
cuspir sangue, o que fez eu me desesperar por dinheiro. Tentei de tudo, inclusive pedi em redes sociais, mais era um valor muito alto, nem se eu trabalhasse anos conseguiria.

— Você... roubou? – Enid indagou e Wednesday suspirou.

— Começou a aparecer uns babacas
oferecendo dinheiro para transar comigo e aquilo me deu muita raiva. Quem faria aquilo? Eu disse que meu avô estava morrendo e eles me tratando como prostituta, então passei o número da conta para eles e disse que iria. Trocamos mensagens e enviei fotos de mulheres nuas que achei na Internet para enganar que era eu. Eu estava com raiva... Desesperada. – Wednesday disse com mágoa na voz antes de umedecer os lábios. — Eles mandaram na minha conta o dinheiro e eu bloqueei eles e vi que o dinheiro vinha fácil. Era de mil dólares para cima, então comecei a fazer isso sempre.

— Sabe que é compreensível na hora do desespero, não é? – Enid disse ao ver o auto-desprezo no olhar da morena.

— Não, Enid, não é. – Wednesday disse
sentindo sua garganta se fechar. — Faltava tão pouco dinheiro, tão pouco... Mas ninguém mais mandou dinheiro em minha conta e acabei marcando encontro com um deles. Eu o embebedei muito e furtei seu relógio, que eu sabia que valia a quantia que faltava. – Ela riu com desgosto. — Fui presa por furto e, com as acusações em meu nome, adicionaram a pena de estelionato.

— Eu sinto muito. – Enid disse e Wednesday negou com a cabeça.

— Não sinta. Fui estúpida e acabei tendo todo o dinheiro congelado, o que resultou na morte do meu avô assim que eu fui presa. – Ela falou com pesar. — Ele morreu com a imagem de uma maldita neta criminosa.

– Wednesday, não! – Enid disse, levando uma mão ao seu rosto. — Não pense assim, por favor. – Pediu. Ela estava odiando ver a morena se sentir daquela forma. — Aposto que ele sempre se orgulhou muito de você e deve ter imaginado que você queria o dinheiro. Ele te conhecia... – Os olhos escuros se focaram nos de Enid e mesmo na penumbra do local elas se viam nitidamente.

— Você acha? – Wednesday indagou. — Eu nunca tive a chance de explicar. Eu...

— Ele sabia. Tenho certeza. – Enid disse, se aconchegando mais nos braços de Wednesday. — Eu, que te conheço há pouco, saberia, imagina seu avô que com certeza viu seu esforço por ele ao longo dos anos. – Wednesday suspirou e apoiou sua testa na de Enid, fechando os olhos ao sentir a carícia da mesma em seu rosto.

— Eu fui liberada para ir no enterro dele. – Wednesday disse baixinho. — Fui algemada, mas estive lá. Pedi perdão... Espero que ele tenha me perdoado.

— Ele não tem do que te perdoar, amor.
– Enid sussurrou, fazendo Wednesday abrir os olhos ao ouvir a Sinclair proferir aquela palavra. — Aposto que se ele pudesse, ele te agradeceria por colocar a vida dele acima de todo o resto e lutar por ele.

— Obrigada. – Wednesday disse, dando um meio sorriso. — Eu acho que quero te beijar... – Ela sussurrou e Enid sorriu.

— Só acha? – Enid perguntou, deixando
um bico manhoso enfeitar seus lábios. A morena sorriu abertamente.

— Eu tenho certeza de que quero te beijar. – Wednesday corrigiu.

— Está esperando o quê? – Enid indagou e Wednesday sorriu, se inclinando para capturar os lábios macios de Sinclair entre os seus. Enid riu entre o beijo ao sentir Wednesday  mordiscar seu lábio inferior e levou sua mão até a cintura de Wednesday, apertando-a.

— Eu passaria o resto da vida com você
assim... – Wednesday falou com a voz meio abafada e Enid suspirou.

— Não entendo como você é a líder disso aqui... – Enid disse e Wednesday riu.

— Quando eu te contar você não vai acreditar. – Ela falou, descendo beijos pelo pescoço da mais nova, que arfou e fechou os olhos.

— Você disse "Quando"? Isso quer dizer
que vai me contar? – Enid perguntou e
retesou os músculos do abdômen quando as mãos de Wednesday adentraram sua camisa e acariciaram a região.

— Sim... Não vou te esconder mais nada. – Wednesday falou, sentindo Enid segurar sua mão, que migrava para seus seios.

— Então me conta agora, Wed... – Enid
pediu com a voz densosa e Wednesday franziu o cenho.

— Agora? Não podemos transar rapidinho antes? – A morena perguntou e Enid sentiu seu centro avisar que ela estava excitada.

— Eu adoraria, mas quero saber. – Enid falou com muito esforço e Wednesday negou.

— Preciso conversar com alguém antes... – Wednesday disse e Enid franziu o cenho. — Mas juro que vou te contar.

— Não pode dizer nem uma prévia? – Enid perguntou mordendo o lábio inferior e Wednesday riu.

— Não seja curiosa, eu te direi, mas não
agora. – Ela avisou e Enid entortou o
canto dos lábios. — Vamos lá, não faça essa cara. Vou confiar em você mais do que em qualquer pessoa nessa prisão.

— Até mais que em Yoko? – Enid
indagou confusa.

— Sim. Ela não sabe por que vim presa.
Não gosto de falar disso. – Wednesday informou e Enid assentiu, envolvendo os braços ao redor do pescoço da morena.

— Então acho que vou aceitar a proposta de transarmos... – Enid murmurou. — Mas nada de rapidinho não. Quero fazer amor com você por horas... – Sussurrou contra os lábios de Wednesday.

— Fazer amor, hm? – Wednesday indagou alegre e Enid assentiu.

— Sim... Quero transar com carinho... – Ela murmurou e Wednesday sentiu sua respiração acelerar ao ouvir o tom de voz de Enid

Ela engoliu em seco e apenas assentiu,
afundando sua língua na de Enid com
paixão e lentidão, sentindo seu coração
bater não só descompassado, senão feliz também.

Ela estava com quem queria e, apesar de estar presa, vivia finalmente um momento feliz em sua miserável vida.

Presa Por Acaso - WENCLAIROnde histórias criam vida. Descubra agora