Versões

CARALHO! - Valentina

PARTE 1: BAR DO MÁRIO

Quando sai de casa naquele dia a ultima coisa que pensei era que passaria a noite no quarto da Luiza falando minhas experiências com outras mulheres. O quão idiota a pessoa tem que ser pra queimar seu próprio filme na frente da pessoa que gosta? Só podia ser ideia da Duda.

Quando cheguei dona Sônia e seu Augusto me trataram com muito carinho. A irmã da Luiza ficou me ajudando no jardim, uma gracinha, só tem 7 anos, mas é muito esperta.

Terminei o serviço e Sônia insistiu pra que eu fosse no quarto me despedir das meninas. Fiquei imaginando como a Luiza reagiria ao me ver invadindo o espaço dela e pra minha surpresa ela me recebeu com um sorriso enorme, aquele mesmo que eu amo, está fotografado em minha mente.

No fim da brincadeira as coisas saíram um pouco do controle com a Luiza, me lembrei até dos velhos tempos... (pelo visto não tão velhos assim). Ela me olhava insatisfeita tentando entender por que "não confio" nela.

Como não confiaria na pessoa que quero chamar de esposa? 

Já estava no jardim e Duda me grita pedindo pra esperar.

- Tina, o que aconteceu lá dentro?

- Só eu sendo muito idiota.

- Claro que não, a Luiza claramente está cedendo.

- Você acha?

- Onde você estava agora?

- Que? (Franzo a testa.)

- Diz onde você estava agora.

- No quarto da Luiza...

- Exatamente, consegue imaginar isso acontecendo há 2 meses atrás?

Olho pra Duda entendendo o que ela está tentando me dizer. Claro que sei que as coisas entre nós estão mais evoluídas, mas ouvir isso de outra pessoa me faz ter mais certeza. 

- Você acha que foi algo tão significativo assim?

- Eu tenho certeza.

- Hum.

- Vocês não querem me falar, mas tá na cara que rolou algo.

- Que idiota eu chamar ela de covarde na casa dela. Como isso vai dar certo? (Tento mudar o foco.)

- Você disse que iria embora do nada. Talvez se você for menos... evasiva.

- Duda... não é isso.

- Me explica, quero te entender.

- É uma longa história.

- Tem um barzinho aqui perto, vamos lá. Depois você me traz aqui de novo.

- Tudo bem. Vai pegar alguma coisa lá dentro?

- Se eu for lá dentro dizer que vou sair com você agora, é capaz dela me expulsar.

Dou a partida na moto e Duda me direciona até um bar perto do bairro da Luiza. Entramos.

- Você queria me sacanear hoje? Comentando um monte de bobagem.

- Até parece que a Luiza não sabe quem você é.

Nos sentamos e pedimos um refrigerante de 1 litro.

- Sim... mas vamos focar no assunto. Quero que me explique o que está acontecendo em sua cabecinha estranha.

- Duda... Eu estou com medo.

- Medo da Luiza? (Duda olha pra minha cara assustada.)

- Claro que não... medo dela achar que eu sou muito... (Tentava achar a palavra certa.) Muito fresca pra ela.

- Fresca?

O Garçom traz uma Coca-Cola.

- Não é que eu não confie nela. Eu tenho medo do que ela pode pensar de mim. Se nossa diferença é algo tão importante pra ela, o que vai achar quando eu disser que estou mal porque minha mãe quer que eu tenha uma carreira bem sucedida pra herdar o escritório? Entende? (...)

Duda me olhava com atenção.

- ...Ela sempre ressalta essa diferença entre nós. Isso é um problema. Ela me acha mimada... ai eu vou confirmar isso falando o clichê da pessoa criada com pais bem sucedidos... ! "Ah Luiza, minha mãe tem uma carreira toda planejada pra mim. Isso é o que está acontecendo." Como vou falar isso sem que ela dê risada da minha cara? Até meus problemas são fúteis. (Duda queria ouvir, ouviu.)

- A Lu nunca faria isso. Nunca! Se suas questões com sua mãe é algo que está te machucando você tem que se sentir à vontade pra falar com a pessoa que quer ter uma relação.

- Uma relação...

- Sim. Tá pensando que é so beijinho e sexo? Parece que nunca namorou.

- Eu nunca namorei.

- O que? (Duda me olha em choque.)

- Tipo... eu já fiquei com muita gente... mas namorar, namorar sério... não.

- Você quer que a Lu seja sua primeira namorada?