Versões

Desabafo - Luiza

Tenho que dizer que nem pensei direito quando decidir vir aqui. Valentina estava chorando... me desesperei. Se tem uma coisa que me faz perder o chão é saber que alguém que amo não está bem. Ajo primeiro, penso depois. Eu estava ouvindo minha namorada soluçando, se eu tivesse permanecido em casa não conseguiria dormir. Troquei de roupa rapidamente e pedi pro Alex me levar. Sabia o prédio e nada mais, mando uma mensagem, quando a abracei voltei a sentir paz.

Começamos a conversar, ela deitada em meus braços tentando me explicar mais uma vez o que aconteceu. De repente um Deja Vu... alguém bate na porta, dessa vez foi além, escuto a maçaneta, meu corpo automaticamente reage, quase meu amor vai parar no chão. Catarina entra e fica em pé de frente pra cama. Odeio essa sensação que ela me traz. Me sinto uma adolescente fazendo coisa errada. Eu só estava abraçando minha namorada, mas ela me faz sentir como se estivesse pichando um muro na frente do dono da casa. Foi a única coisa que pensei. Valentina e eu nos sentamos na cama.

- Luiza... não vi você chegar. (Catarina parece me analisar.)

 Odeio tanto a forma que ela me olha.

- Oi, boa noite. (Falo baixo, nem sei se ela ouviu.)

- Mãe... a Lu veio me ver. Não estava me sentindo bem. (Valentina fala com a mãe.)

Não seria difícil de acreditar, só de olhar pro seu rosto dava pra afirmar que estava chorando.

- O que está sentindo? Quer que eu chame o doutor Ladislau? (C)

- Não... não precisa. É só uma dorzinha na cabeça. (V)

- Tudo bem... A Luiza vai dormir aqui? (C)

2 horas da manhã, eu na cama com a filha dela... que pergunta. Pensei.

- Vai sim. (Valentina olha pra ela séria.)

Catarina me examina balançando a cabeça.

- Hum. Tudo bem. Estarei logo ali. Se algo se agravar, se a dor aumentar... você sabe onde me encontrar. (Ela se vira.)

- Ok. (V)

Catarina caminha até a entrada do quarto, segura a maçaneta, encosta a porta na parede e coloca um peso padronizado de mármore para a manter aberta.

Ela sai. Suspiro aliviada.

- Desculpa por isso, Lu. (Valentina se levanta e tranca a porta.)

Acredita que só agora me caiu a ficha de que eu peguei um táxi depois da meia noite e atravessei a cidade? Meu deus, que loucura. Acho que não estava conseguindo esconder minha inquietação, Valentina me perguntou...

- Que foi, Lu? (Fala se deitando na cama.)

- Amor... eu... (Inalo e exalo o ar dos meus pulmões.) preciso entender o que aconteceu. Por que foi embora?

- Eu te expliquei no áudio.

Um riso involuntário me escapou.

- Escuta isso aqui. (Dou play no penúltimo áudio.)

Valentina começa a rir.

- Nossa, não da pra entender nada.

- Exatamente...

- Não deveria ter saído daquele jeito, eu só precisava ficar sozinha pra raciocinar... acho que estou incomodando sua família. A jarra foi o cúmulo, alguém poderia ter se machucado.

- Claro que não amor. Foi só um acidente... você não está incomodando.

- Como você sabe?

- Que? (Franzo a testa.)