Sozinhas - Luiza

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Não tem nem uma semana que Valentina e eu estávamos juntas, mas tenho que dizer que esse é o relacionamento mais intenso que já tive. Fiquei pensando em muitas palavras, mas essa é a que melhor define o que estou sentindo nesse exato momento, nesse exato minuto.

Ela estava reunida com a família conversando sobre alguma coisa que provavelmente só teria a ver com a vida pessoal dela, mas de certa forma nossa ligação está tão forte que eu só conseguia pensar, será que ela está precisando de mim? Não que estivesse em apuros, era que algo me dizia que ela ainda não estava tão preparada pra ter uma conversa franca com a mãe. Perguntei... ela disse que era o momento certo, mas tenho certeza que só queria passar por cima disso de qualquer forma. Da pra perceber no tom de voz da Valentina o quanto essa briga com a mãe a machuca. É estranho isso? Eu simplesmente senti que ela não sairia bem dessa reunião.

Dito e certo. Volto pro quarto e encontro minha provável futura namorada pensativa e com uma expressão de derrota. Era como se ela perdesse essa batalha todas as vezes que luta. Me lembro de ter passado por isso quando me convenci a trocar dança por advocacia, só que eu brigava comigo mesma. Fiquei ponderando coisas, não queria parecer desistente, me cobrava o tempo todo, era como se eu precisasse resolver o meu futuro em minutos. Esse imediatismo que a sociedade impõe na gente é desesperador. Parece que a vida não tem mais jeito quando ainda somos jovens. Trabalho, família, condição financeira, estabilidade, são tantas coisas que parecem que tem que ser resolvidas urgentemente. Ainda da tempo, tenho muito pra viver, isso foi o que pensei no dia que tranquei dança na UFRJ e isso é o que eu queria que Valentina entendesse. 

****

Depois de me atiçar como se estivesse sem transar há meses, Valentina me fez pagar o que estava "devendo". Essa mulher mexe comigo com tanta facilidade... eu nunca consegui resistir as suas provocações. Não digo simplesmente sexualmente. Falo de todo esse tempo que ela fazia questão de me irritar. Por que ela me tirava do sério tão facilmente? Nunca consegui fingir que não ligo, acho que até quando fingia obviamente ficava explícito que era da boca pra fora.

Sentia o gosto dela em minha boca, era o auge. Eu estava muito entretida no meu objetivo, quando de repente em meio aos seus gemidos escuto alguém bater na porta, quase meu coração sai pela boca. Valentina começa a rir descontroladamente. Olhei em seus olhos até que ela conseguisse parar de rir.

- Não vamos abrir. (Sussurro.)

- Tá... (Ela fala rindo.) Então vamos fingir que estamos dormindo. (Valentina fala baixo como se fosse adiantar algo, tenho certeza que a pessoa ouviu o risinho.)

Simplesmente ignoramos. Vai que é a Catarina... deus me livre, me guarde e me proteja. Nunca torci tanto pra que a Duda fosse inconveniente e viesse nos atazanar as 1:30 da manhã. Talvez tenha sido o Igor... o Marcos... ou a multidão de pessoas que estão nessa casa.

De manhã quando acordo ela já estava toda arrumada. Fiquei observando ela amarrar o cadarço do tênis, quando percebeu que eu estava reparando ela me olhou sorrindo e pulou na cama.

- Bom dia, Lu. (Ela falou super entusiasmada.)

- Quem acorda feliz assim? (Falo com uma voz um pouco sonolenta.)

- Todo mundo que namora Luiza Campos, ou seja, eu.

Sorrio.

- Hum...

- Você está de parabéns por ontem... (Ela beija o cantinho da minha boca.)

- Você não tá nem ai pra saber quem bateu na porta, né?

- Eu não. Me importo mais com quem estava batendo em outra coisa... (Ela da uma sequência de beijos minha barriga me fazendo sentir cócegas.)

- Para Valentina. (Contorço meu corpo, ela continua beijando.) Paraa, para. (Falo rindo.)

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