Versões

Surpresa - Valentina

Que loucura. Acordei no sofá da casa do Igor com a Duda me encarando e rindo de mim. Não me lembro exatamente tudo o que aconteceu, na verdade não sei se gostaria de lembrar. O Igor estava me olhando de uma forma que me garantia que ele nunca me faria esquecer.

- Finalmente acordou. (Igor me entrega uma xícara de café.)

- Eu tive um sonho... eu era cantora. (Falo coçando os meus olhos.)

- Não foi sonho não meu bem, todo mundo viu seu show no Bar das Flores ontem. (Duda gargalha.

 Faço sinal pra Duda abaixar o tom da voz e com a outra mão massageio o lado esquerdo da minha cabeça.)

- Não acredito que não me lembro disso direito... eu lembro que cantei umas músicas e depois...

- Depois pagou o maior vexame no bar, parecendo uma louca. (Igor fala chateado) Que vergonha viu.

- Se eu não lembro, não aconteceu. (Falo e tomo um gole de café em seguida.)

Duda ri.

- Cunhada, tenho que te informar que não foi só isso não. (D)

- Como assim? Eu fiz mais alguma coisa. (Olho pra Duda assustada.)

- Você vomitou do acostamento, tava na fossa mesmo. (D)

- Eu?? No acostamento? Como assim? Como?

- A Luiza te ajudou. (D)

- Ah não Duda, você está me dizendo que a Luiza me viu pagar esse mico?

- Não só viu como foi ela quem me ajudou a te trazer aqui. (D)

- De moto?

- Sim lerda, viemos nós 3 de moto e você bêbada. (Duda fala debochando.)

Eu olhava pra ela sem entender nada.

- Vieram no meu carro e eu vim com sua moto. (Igor)

- Duda, preciso saber detalhes do que falei pra Luiza quando estava bêbada.

Duda ficou o resto da manhã comigo, me explicando o que aconteceu, zoando com a minha cara, inventando histórias, pelo menos acho que era invenção, eu nunca teria coragem de tirar a calcinha e jogar na cara da Luiza. Batemos um bom papo até que ela foi pra casa. Duda se despede do Igor, me chama de empada foda e vai embora.

Eu precisava de um banho, estava cheirando a corote vencido.

Enquanto a água caia fiquei tentando me lembrar do que aconteceu, às vezes algumas palavras soltas surgiam em minha mente. Conseguia lembrar dos olhos da Luiza, o cheiro do seu cabelo, isso nem álcool tira da minha mente.

Usei uma camisa do Igor que ficou enorme em mim, quando volto pra sala ele está no telefone. Espero a ligação terminar e ele começa com um discurso insuportável.

- Disse pro pai que você dormiu aqui porque pegou no sono no sofá.

- Valeu. (Faço sinal de legal com minhas duas mãos.)

- Valeu? Você tem noção de que passou de todos os limites ontem? Você sabe que eu te amo, mas não vou passar a mão na sua cabeça quando você faz merda.

- Ah qual é Igor... foi sem querer, quando percebi eu já não estava percebendo mais nada.

- Você estava bêbada querendo voltar pra casa de moto.

- Sério?

- Sério! Se não fosse a Luiza, eu e a Gabriela estaríamos até agora lá no bar tentando te convencer.

- Luiza? (Franzo a testa.)

- Duda não te falou que assim que ela mandou você sentar você obedeceu?

- Não... nossa eu sou muito rendida por essa mulher. Ela pode fazer o que quiser comigo e eu só me fodo.

- Você realmente tem esperança, não é?

- Não sei, às vezes sim, às vezes não. A conversa que você teve comigo no semestre passado me ajudou a mudar algumas atitudes que eu estava fazendo errado, acho que ela amoleceu mais, mas mesmo assim ela continua distante.

- Eu falei pra você pegar leve com as brincadeiras sem noção porque ela reclamava toda vez que me via. A única coisa que você ia conseguir assim era um ordem de restrição.

- É a cara dela pedir uma ordem de restrição contra mim.