Amanhã - Valentina

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ALÍVIO

É o que senti depois de desabafar com a Luiza, simplesmente comecei a falar sem parar e ela ficou escutando em silêncio. Não queria ter que dialogar sobre isso, só queria que ela soubesse que não é por falta de confiança. Não sei se estava preparada pra ouvir o que ela pensa sobre esse assunto... quase falo demais. Tem coisas que só podem ser ditas no momento certo. O abraço dela foi mais especial do que qualquer palavra, ela estava tão perto, seu corpo tão quente, não conseguiria resistir, tive que beijar. Ela correspondeu ao meu beijo, agora estamos quites.

Fiquei pensando se passei dos limites quando beijei a Luiza, afinal ela está no meu quarto, não quero deixar as coisas estranhas. Quando acordei ela ainda estava dormindo abraçada a um travesseiro.

Será que ela vai se sentir desconfortável? Pensei.

Decido tomar logo meu banho e deixar ela dormir mais um pouquinho, estava tão lindinha. Saio do banheiro e me ajoelho ao lado do colchão.

- Lu... (Sussurro seu nome enquanto aliso seu braço, não queria acordar ela no susto.)

Ela se revira no colchão, abre os olhos e sorri ao me ver.

- Bom dia, Valentina. (Com o tom de voz sonolento.)

- Bom dia, Lu. Sei que dormiu pouco, mas a gente tem que sair daqui a 30 minutos.

- Nossa, acabei de lembrar que combinei com a Duda de ir na cachoeira.

- Então você vai ter que desmarcar com ela. Eu não vou aceitar você desistindo da pescaria.

- Eu não ia desistir, boba. Só lembrei. (Ela fala segurando meu antebraço.)

- Hum... Levanta pra tomar banho.

- Tá... Olha... não sei se tenho roupa adequada pra isso.

- Se veste como quiser.

- É tipo como se eu tivesse indo pra praia?

Dou risada.

- Lu, não tem essa. Juro.

- Tá... vou usar um biquíni, ok? Bem estilo Marcos Pasquim em Kubanacan.

- Que isso?

- Uma novela, ele era pescador. (Ela fala entrando no banheiro.)

Não consigo parar de rir. Ela estava falando parecendo que sustentaria uma família com o resultado do nosso trabalho.

Depois de uns minutos Luiza sai do banheiro arrumada.

- Ta linda. (Admiro.)

- Obrigada.

Nos olhamos sem graça.

- Tá... vamos descer. (Falo apressada.)

Encontramos meu pai na porta de casa e entramos no carro. Ele ficou contando um monte de histórias sobre mim e a Luiza ficou rindo da minha cara no caminho todo. Parecia até um sonho que duas das pessoas que mais gosto no mundo estavam se dando tão bem.

Pegamos os equipamentos e entramos no barco. Meu pai foi conduzindo. Luiza parecia nervosa.

- Não vai me dizer agora que tem medo.

- Medo... medo... não.

- Não se preocupa, nunca vou deixar que nada de mal te aconteça.

Ela sorri e faz uma caretinha mostrando a língua.

- Estou completamente por fora de como faz isso. Eu preciso de uns toques.

- Vou te dar uns toques. (Encaro ela.)

- Ah, vai? (Ela ri com a língua entre os dentes.)

- Booom, essa peça aqui se chama monilete.

- É o negocinho que gira.

Dou risada.

- Sim... o negocinho que gira, você vai colocar o dedo indicador próximo a essa pecinha aqui, vai segurar essa linha e vai libera-la na hora de fazer o arremesso.

- Nossa tem que ter muita habilidade.

- Habilidade com os dedos, você tem?

Ela me olha perplexa, sorrindo.

- Você vai ter que fazer uma vez pra eu ver como é. (L)

Meu pai para o barco.

- Vou te mostrar, repara meus dedos.

- Unhum.

- Para empunhar esse negocinho que gira... (Vou fazendo enquanto explico a ela.) Você vai colocar dois dedos pra cima dessa haste e dois pra baixo.

- Entendi.

- Abre o monilete, da impulso na linha e solta. Entendeu, Lu?

- Acho que sim. (Ela me fita.)

Meu pai observa enquanto ensino a Luiza, acho que isso deixou ela mais sem graça ainda. Peço pra ela se levantar e segurar a vara de pescar. Fico do seu lado treinando o impulso do arremesso, um desastre. Luiza me arrancou vários risos. Era muito engraçado vê-la tentar fazer o mínimo.

- Você está indo bem pra primeira vez que faz isso. (Meu pai consola.)

- Ah... eu sei que sou péssima. (L)

- Claro que não, Lu. Se a gente dependesse desse talento seu pra sobreviver, claro que morreríamos, mas você está bem sim.

Ela e meu pai riem.

- Vamos tentar de novo? (Falo em um tom motivador.)

- Vamos.

Depois de algumas tentativa ela já estava muito bem. Fiquei orgulhosa da minha aluna. Sentamos um pouco enquanto meu pai se entretinha na pescaria.

- Tira uma foto minha? (Ela me pede.)

- Claro que sim.

- Um dia quando for uma fotografa famosa vou poder dizer que Valentina Albuquerque já me fotografou.

Olho pra ela sorrindo, essa tocou lá no fundo. Quase choro de emoção, ela sabe me levar na manha.

- Foto de celular... espero que um dia me deixe te fotografar com minha câmera.

- Se você se comportar, talvez.

- Hum...

Tiro a foto e ela vem pro meu lado pra ver como ficou.

- Gostei. (Ela encara a tela do meu celular.)

- Não tinha como ficar ruim.

- A paisagem colabora.

- A modelo ainda mais.

- Boba. (Ela sorri.)

- Eu posso postar? (Olho pra ela.)

- Pode.

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