8- Eu e você.

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>Pov Natasha

Estava deitada no quarto, quase dormindo na verdade. Antes que eu pudesse se quer pensar no total silêncio que estava, a Wanda entra no quarto parecendo desesperada.

- te achei, vamos levanta essa bunda da cama -Ela disse ofegante

- ei ei, o que aconteceu? -Levantei e sai do quarto com ela

- a Sn... Não para de chorar, não deixa ninguém chegar perto e o Tony está sabe se lá Deus onde -Ela disse e meu coração pareceu parar

- você precisa beber uma água, e levar o pessoal para longe, eu posso falar com ela -Abri a porta da enfermaria de uma forma bruta. Mas não era raiva, era apenas preocupação com a menina

Andei até a cama, e quando sentei a vi se encolher ainda mais. Ela estava com medo, tinha trauma de tudo aquilo acontecer de novo...

- pequena... Eu estou aqui agora, não precisa ter medo -Falei e coloquei uma mão em seu braço

Ela não respondeu, então tentei mais uma vez.

- olha para mim bebê, eu sou real, e ninguém pode machucar você -Ela me olhou com o rostinho molhado, e eu sorri ao vê-la confiar em mim

Ao ter certeza que aquilo não era uma enganação feita pelo seu cérebro ela pulou e passou os bracinhos no meu pescoço me abraçando. Era uma sensação diferente, ter o "amor"/confiança de uma criança.

Todos que estavam na sala foram saindo, inclusive a enfermeira. Ela relutou um pouco, mas entendeu a situação.

- pronto pequena, só tem eu e você agora... -Falei e ela me olhou

Seu rosto tinha molhado minha blusa pelo choro recente. Ela me olhou um tanto envergonhada e eu sorri para lhe dizer que não havia problema algum naquilo.

Era uma menina muito nova, perdida, e super traumatizada. Precisava, e ainda precisa de alguém que dê um suporte emocional, alguém que diga que está tudo bem chorar, que está tudo bem sorrir, e que está melhor ainda errar.
A vida não é feita de acertos e perfeições, e se aprende com os erros, aprende certo. A vida é assim. Claro que as vezes é muito melhor evitar o erro para evitar a má experiência, mas muitas vezes isso só traz mais perspectiva de vida e talvez até futuro.

- agora foi a sua vez -Ela sorriu enquanto passava as mãos no rosto

- minha vez? -Perguntei

- é, de viajar -Sorri - falei um tanto de coisa, e você aí me olhando

- só pensando em como posso ajudar você -Falei e ela sentou no meu colo de forma mais confortável

- não precisa... Eu posso me virar sozinha -Ela fala

- não vai, ficou sozinha nessa sala e reviveu tudo que não queria. Não pretendo te deixar passar por isso outra vez -Falo e ela se deita no meu peito

- sabe... Eu até tinha achado que você tinha mentido para mim -Sn disse baixo

- porque eu mentiria para você? -Perguntei

Ela apontou para as coisas de enfermagem ao lado e outras coisas pela sala. Era obvio, aquilo a lembrava tudo que podia ver e sentir na Hydra.

- foi vacilo meu ter deixado você sozinha, mas a moça precisava cuidar de você, e comigo na sala seria meio difícil -Falei e coloquei as mãos nos cabelos da mesma

- entendo... É que ela chegou tão de repente, e ela é muito parecida a minha antiga médica -Sn disse ainda abraçada a mim

- enquanto eu estiver aqui, viva, ninguém pode te machucar -Voltei a fazer carinho nas suas costas - eu não vou deixar encostarem um dedo em você

Senti seu sorriso crescer e ela se soltar de mim para sentar na cama.

Levantei e andei pela sala ainda no campo de visão da pequena. peguei uma toalha de rosto que havia deixado ali e levei até ela secando seu rostinho.

- passou.. Nenhum daqueles pamonhas estão malucos de encostar em você com a intenção de te machucar, ok? -Pergunto secando seu rosto e ela afirma com um meio sorriso

...

Resolvi tira-la da sala sem falar com ninguém e a levei para o meu quarto. Não sei ela, mas a mim o cheiro de hospital ou qualquer coisa relacionada a isso fazia-me sentir suja.

- me empresta outra roupa sua? Preciso tomar um banho -Ela pediu e eu afirmei

- não gosta de nada que remeta a um hospital? -Pergunto

- não.. Nunca me trás boas lembranças -Ela disse pegando a toalha que havia deixado para ela

- certo, pode ir entrando que vou separar uma blusa minha -Sorri e ela balançou a cabeça confirmando

Abri as gavetas e tirei uma blusa branca a deixando na cama. Sai do quarto e respirei fundo.

Precisava avisar que estava tudo bem agora...

Caminhei pela torre e todos estavam na sala de reunião sentados. Ao me verem alguns ficaram surpresos outros estranharam.

- cadê a menina? -A enfermeira que ainda estava ali questionou

- tomando um banho, ela está bem, só teve péssimas lembranças -Disse olhando a mesma

- e você a deixa sozinha onde quer que ela esteja? -Bruce pergunta

- ela prefere fazer esse tipo de coisa sozinha, nada mais justo que respeitar o tempo dela -Falei e encarei o Tony

- o que disse a ela? -Ele perguntou com os braços cruzados

- que estava tudo bem, e que só fariam mal a ela por cima do meu cadáver -Algumas risadas ecoaram na sala, mas todas ainda remetiam um clima um pouco tenso

- como sabe lidar tão bem com uma criança amedrontada? -Steve perguntou

- cuidei da minha irmã mais nova, que a todo custo queria nosso pai. E eu sabia que nosso pai não era a boa pessoa que ela tinha pintado na cabeça dela. Se torna mais fácil agora, depois de tanta experiência -Dou um meio sorriso - eu vou voltar antes que ela se veja totalmente sozinha no quarto

Sai da sala após eles afirmarem e voltei ao quarto. Entrei devagar, e vi a pequena sentada no meio da cama de pernas cruzadas olhando tudo a sua volta.

Seu olhar parou em mim na porta e ela sorriu verdadeiramente.

- quer comer? -Perguntei e ela afirmou descendo da cama

Caminhamos em silêncio até a cozinha, passamos pela sala de reunião onde eles provavelmente riam de alguma besteira que o Tony havia falado.

Ninguém havia notado que nós passamos, e era até bom para ela poder ficar mais tranquila.

- ainda temos comida feita, mas se quiser outra coisa... -Falo sugestiva esperando alguma resposta da menina

- me surpreenda -Ela fala e puxa o banco tentando se sentar

Era um banco mais alto, que provavelmente ela não conseguiria subir.

- deixa eu te ajudar -Falo e ela se vira esperando

Puxei o banco mais para trás e a peguei no colo, colocando a mesma no banco e empurrando o mesmo para perto da mesa novamente.

Garotinha da Tia Nat.Onde histórias criam vida. Descubra agora