Blake 10: 44 AM
Hoje era um novo dia de neve mais de esperança também já que estavam limpando as ruas e metrô havia voltado a funcionar normalmente por causa da trégua que a neve deu de madrugada. Como eu não queria parecer uma grande folgada arrumei tudo antes de ir embora, arrumei a cama, limpei o banheiro quarto desci para cozinha e limpei as poucas coisas sujas que havia lá antes que meu professor acordasse. Eu queria ser pelo menos um pouco prestativa então tomei a liberdade de fazer o café da manhã, mas do jeito que eu sabia, claro. Organizei algumas coisas depois disso e agora tudo estava aparentemente ok para minha saída.
ー Você fez o café da manhã ?
ー Sim, ー Digo me virando para ele que acabou de chegar e levo um pequeno susto ao vê-lo sem camisa. ー Eu não queria parecer folgada então fiz o café para me sentir um pouco mais útil, você não se importa né?
ー Não, tudo bem.
Ele anda até a cafeteira que por acaso fica perto da janela e é impossível não olhar para seu corpo todo torneado, sua face aparentava estar um pouco cansada, talvez pelas bebidas que ele passou o dia ingerindo ontem.
ー Bom, tenho boas noticias, vou poder ir embora. ー Eu arrumei tudo, então nem vai parecer que teve alguém aqui.
ー Que bom. ー ele expressa completamente desanimado.
Talvez minhas suposições de ontem estivessem corretas e ele tenha mais problemas do que aparenta. Não me pareceu que ele tivesse tantas coisas assim para resolver aqui na faculdade, com o dinheiro que ele tem ele poderia ir e vir num pulo, então porque escolher ficar sozinho mesmo assim? sem família ou amigos ?
ー Bom, eu já vou indo, muito obrigada por toda sua hospitalidade, eu realmente agradeço.
ー Meu feriado não foi tão ruim graças a você, então não agradeça tanto. ー Ele diz tranquilamente enquanto tem um brilho no olhar.
Ok, eu realmente preciso ir, não posso mais ficar aqui. Lá fora estava um frio cortante e as caçadas mega escorregadias, acho que só a caminho do metrô quase fui pro caixão umas três vezes, o caminho até em casa depois disso até que foi tranquilo se você desconsiderar todo trabalho de andar na neve. Quando eu cheguei estava tudo muito escuro e frio no meu apartamento e tudo que eu mais queria era deitar e aproveitar o resto de feriado que eu tinha. Não demora muito para eu pegar no sono, na verdade acontece assim que encosto minha cabeça no travesseiro. Acordo com o barulho de minha companhia e demora alguns segundos para me recompor, dou uma olhada lá fora e vejo que está quase escurecendo, no relógio são 05: 30 da tarde e tento supor quem me visitaria numa hora dessas em meio ao frio e fico surpresa ao abrir a porta e encontrar Sean do outro lado. Ele simplesmente não diz nada, estava segurando uma grande caixa de papelão e ouço alguns grunidinhos indicando que seria algum animal.
ー Eu encontrei ele no meio da neve, estava com muito frio, é praticamente um milagre ele ter sobrevivido. ー Ele diz com uma voz baixa olhando para baixo com o rosto tampado pelo capuz como sempre.
Eu pego a caixa e fico maravilhada ao ver um filhotinho de cachorro dormindo tranquilamente em meio aos panos colocados para aquecê- lo e antes que eu possa dizer qualquer coisa Sean já havia ido embora. Agora eu não tinha escolha a não ser cuidar dessa coisinha foda deixada a minha porta.
****
Não faço ideia do que dar para essa coisinha que amava dormir mas que agora estava correndo freneticamente por todo meu pequeno apartamento. Ela como eu descobri depois de chegar era muito sapeca e carente, ficava me seguindo por toda parte há praticamente cada passo que dava, latia muito também mas nada que me incomodasse. Agora eu estava com uma dúvida cruel de como ela deveria ser chamar e só tem um nome que me vem à mente: Mina, sim, ela é dócil e gentil mas também era muito desastrada e brincalhona então acho que esse nome faz juz a sua personalidade. Sua pelagem era dividida entre branca e marrom, o que dava um visual bonito. Eu estava contente, nunca havia tido um cachorro e agora eu teria mesmo que por acaso, na verdade nem tão por acaso. Pego meu celular e mando mensagem para o seu salvador que também era o meu salvador, olha só nós duas já tínhamos algo em comum.
ー Ela é uma garota, a apelidei de Mina. ー O que você acha ?
Depois de alguns segundos meu celular vibra com a notificação de sua resposta.
ー É um bom nome, tenho certeza de que cuidará muito bem dela.
De repente havia um peso no meu peito, ele confiou em mim para cuidar da Mina mesmo sem ter a certeza de que eu ficaria com ela, veio até aqui mesmo com meu pedido para ficar longe, será que eu sou a única pessoa que ele conhece que poderia fazer algo? Será que ele era tão solitário quanto eu? Será que ele estava sozinho nesse exato momento? Essas são dúvidas que martelam frequentemente em minha mente mas não posso mais pensar nele ou em como ele vive, ele mentiu para mim, me enganou e manipulou várias situações para chegar até mim, não posso confiar nele novamente, mesmo que nossos passados sejam iguais, mesmo que a nossa conexão tenha sido real, mesmo que eu tenha chegado muito perto dele e ele de mim, não posso.
ー Acho que uma boa ideia para esse final de noite seria uma bela fornada de cookies e leite quente, você não acha?
Olho para Mina e seu rabinho já balança alegremente e puta merda já estou falando com o cachorro o que de certa forma não era tão ruim, sua presença mudou totalmente a atmosfera daqui, as coisas parecem fazer mais sentido, agora eu tenho um ser para me preocupar e o melhor vou ter alguém me esperando quando sair e sempre serei recebida com a alegria, cacamba eu deveria ter adotado um cachorro a mais tempo.
O que um animal não faz na vida de alguém rsrs ? Só para contar sou gateira de carteirinha.
* E a música que recomendo é you don't even know me da Faouzia.
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Rendição
Romance... No silêncio você me enviou No fogo consumiu Você pensou que eu ia esquecer Mas está sempre na minha cabeça ... Você é o pulso em minhas veias Você é a guerra que eu travo Você pode me mudar? Você pode me mudar? ... A Jovem mulher Blake luta dia...