Decadência

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Sean 8:30 PM

  Escorado em uma parede suja e decrépita observo a movimentação da rua, a frequência dos carros, pessoas e a movimentação das sombras. É de longe que eu esquadrinhava tudo e todos como um pária da sociedade. Ouço sirenes a uma curta distância, algo com que devo me preocupar devido meu ofício. Logo o som vai se afastando me deixando menos alerta.

— Ei cara — ele se aproxima repentinamente fazendo eu desviar meu olhar da rua para o beco.

— Quero LSD.

Procuro no Bolso do meu casaco até encontrar o pequeno pacote, entrego a ele na mesma hora que ele me entrega o dinheiro então o vejo se afastar até um carro onde ele entra e sai rapidamente. 

Depois de um tempo nas sombras fiquei pensando na vida caótica que eu tive, poderia ter ido fazer uma faculdade e se tornado o orgulho da minha família, poderia ter tido um trabalho melhor, uma casa, uma vida melhor mas as circunstâncias não deixaram. O mundo não é difícil, as pessoas são, é isso que digo para mim mesmo toda vez que paro para pensar no adulto que escolhi ser, mas estou certo de que muitas pessoas foderam com todas as chances que eu tinha de ser alguém melhor. Eu depravei a memória da minha família, se eles vissem o que me tornei com certeza ficariam decepcionados, tudo o que posso dizer para me defender é que eu só estava tentando sobreviver a dor que sua ausência me causou, ao luto, aos abusos, aos vícios e tudo de ruim que aconteceu comigo desde sua partida.
  Eu queria desesperadamente que tudo acabasse. Não tinha me restado mais nada, meu medo morreu junto com as pessoas que eu amava. Naquela noite Nathan Cross morreu. Depois disso tive que crescer com más influências do meu tio como a Violência, a libertinagem e o que me fez afundar, o vício nas drogas. Nada mais tem importância para mim, tudo e todos são um aborrecimento constante na minha vida.

 Dou uma última tragada em meu cigarro e decido ir embora. Vou andando pelas ruas pouco pavimentadas, passando por construções abandonadas, pichações, o lado pobre e violento de  até chegar em um beco escuro onde fica o esconderijo, bato forte na porta, alguém do lado de dentro abre uma fresta, reconheço Jordan um dos guardas de Khalil, ele me analisa e por fim me deixa entrar, lá dentro é tudo muito sujo e claustrofóbico, há muita fumaça e pichações, lugar típico de traficantes e Viciados, dou uma olhada no lugar a procura de Khalil até que o encontro em meio a um grupo de mulheres , ele percebe minha presença.

— Sean! — Meu camarada.

— E aí como andam as coisas?

Meio reticente me sento ao seu lado, Khalil não era alguém de confiança, trabalhava para Hiran, alguém que estava acima de todos, era muito perigoso, não pensava duas vezes em acabar com a vida de alguém se aquela pessoa colocasse tudo em risco.

— Estão bem, vendi toda a remessa — respondo com a mesma naturalidade de sempre.

— Aqui está seu dinheiro — entrego a ele um pacote com a grana.

— Muito bem, tem nova mercadoria para você, e é da boa, mas muito perigosa, essa tá matando aí nas ruas, toma cuidado para quem você vende.

— Alguns menores podem dar problema — ele diz mostrando o sorriso lustroso cheio de aros e dentes de ouro.

— Pode deixar — digo já indo embora.

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