Amargo no começo e doce no final

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Sean 9:30 AM 

O dia começou maravilhoso. Não havia nada de diferente dos outros dias exceto o fato de que eu teria um encontro hoje, com a garota mais bonita de toda Chicago. Resolvi deixar o que aconteceu ontem de lado, não queria estragar minha vibe de homem apaixonado, sorri comigo mesmo pensando no quanto eu estou sendo brega, porém, todos são assim quando se apaixonam, não é mesmo? Bom, eu espero que seja, porque nunca em toda minha vida me senti assim. Pensar em Blake melhorava meu dia, me deixava louco imaginar a possibilidade de ter alguém para chamar de meu, alguém que ficasse comigo nos dias de chuva para que não me sentisse tão só e revoltado com a vida, imaginar nós dois juntos me faz pensar em uma palavra : lar.
Andando pela rua pego o vislumbre da minha cara roxa através de uma vitrine, droga, eu teria que esconder isso com algum tipo de maquiagem, de jeito nenhum quero causar a impressão de alguém violento, não consigo cogitar na imagem de Blake me desaprovando, isso me deixa ansioso, o que ela pode pensar sobre mim, talvez não me achar bom o suficiente ... prefiro afastar essas ideias e começo a planejar meus primeiros passos para crescer, acho que o começo ideal seria eu parar de me vitimizar, é eu tive uma passado triste, sofri abusos mas a verdade mais dura é que NINGUÉM SE IMPORTA, quando eu entendi isso, resolvi que ia parar de me auto sabotar, tava na hora de arranjar um emprego decente, seria difícil, sim seria, posso querer deixar meu passado para trás porém ele não vai me deixar, eu fui rotulado, mesmo que me arrependesse, meu histórico na detenção juvenil não sumiria, e as pessoas não são conhecidas por serem boas o suficiente para dar emprego para ex delinquentes . Meus dedos estavam se friccionando um no outro por conta do meu nervosismo e meu organismo demandava uma coisa naquele exato momento, um pequeno comprimido daqueles que eu vendia. Porém por mais que precisasse muito daquilo resolvi que não o ingeriria, eu não podia mais ser fraco e recorrer a eles sempre que me sentisse nervoso como eu fazia, não mais.

Sem me dar conta reparo que cheguei perto da faculdade da Blake, e uma voz interior me pergunta se não seria uma boa ideia espiar. Seria ruim, invasivo, deprimente, porém minha vontade fala mais alto, e não faria mal algum eu observá- la um pouco mesmo que de longe, nem que seja um pequeno vislumbre, e se por o acaso ela esbarrasse em mim, eu poderia dizer que estava de passagem pela área. Stalkear não era uma coisa nova para mim, na verdade fiz muito isso por causa de trabalho em busca de traidores ou por causa de agentes disfarçados, porém com blake levei mais a sério, sempre que podia eu tentava vê-la, a seguia até a faculdade, em casa, no trabalho, sempre nas sombras, sempre receoso. Levei bastante tempo para juntar a coragem necessária para falar com ela, pois na minha percepção uma garota como aquela não ficaria com um bandido viciado.
Blake entra no meu campo de visão saindo sozinha, ela parece distante das outras pessoas que passam em grupos rindo, caminha vagarosamente até o seu carro, mas antes de entrar, um homem a chama, o que me faz retesar rapidamente. Ele chega bem perto dela com uma naturalidade espantosa e fala algo que a faz sorrir e isso me deixa tenso. Sei que não deveria ficar enciumado, não tenho qualquer direito, e ele pode ser um amigo, tenho que me acostumar com a ideia dela sendo íntima de outras pessoas, porém observo que ele é bem mais velho do que a faixa de estudantes normais, alto, um tipo musculoso, que se veste com uma sofisticação que demanda dinheiro, muito dinheiro. Apesar de estar com as mãos nos bolsos de forma descontraída, sua postura é impecável, e seus olhos brilham quando ele fala com Blake, não desviando um segundo enquanto ela pondera sobre algo que acabou de ouvir. Depois de alguns segundos balança a cabeça em concordância, o fazendo sorrir com a resposta dela, que sabia que ganharia, por seu trejeito confiante que de certa forma denunciava que ele conseguia tudo o que queria. Eu conhecia vários como ele, os riquinhos dos mais variados tipos, sempre com seus rostos empinados tentando se divertir como pessoas " normais " quando tinham uma herança bilionária .

Ele se despede falando algo que a faz forçar um sorriso e depois fechar a cara enquanto se volta para carro de novo, porém, antes de entrar vasculha sua bolsa tirando o celular e com uns clicks parece ligar para alguém, levo um susto quando meu celular começa a vibrar no meu bolso no mesmo momento em que ela passa o olhar no lugar onde estou.

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