Choro Livre

24 1 1
                                    




Sean 3:30 AM 

Eu estava muito aflito.  A febre dela estava altíssima a ponto de fazê - la suar pelos cobertores,  eu não sabia cuidar de alguém doente mas faria o meu melhor para cuidar dela e o que eu podia fazer agora era correr atrás de alguns remédios para dor e uma boa e velha sopa quente, o que eu fiz. O tempo estava horrível e o aquecedor em sua casa não era muito bom, o que me preocupou e me fez levar um cobertor elétrico. Ainda tenho pensado em seu pedido para ficar, sei que ela está muito mal mas a conheço por tempo suficiente para saber que aquele pedido continha desespero, o fato de ter que lidar com tudo sozinha sempre, não ter ninguém … eu sabia exatamente como era e sinceramente eu não queria que aquilo acontecesse com Blake, ela é uma pessoa incrível que merece pessoas igualmente incríveis do seu lado, pessoas que a apoiem, que fiquem do seu lado, que estejam lá para ela nas horas mais sombrias. Eu sei que eu não sou a pessoa que ela iria querer para a sua vida e confessar isso dói para caralho, mas, a ideia dela sofrendo por mim também não é nada agradável, eu posso me manter distante, pelo respeito, mas não sei que conseguiria parar de vê-la totalmente, a sua presença, mesmo que de longe me conforta muito, ela é pior do que as drogas que eu tomo, desde a primeira vez eu me viciei completamente e não consigo parar, é completamente inconsciente.  Meus sentimentos me sufocam, ela é alguém que pela primeira vez na vida tirou meus pensamentos da vida decrépita que eu levo, é alguém sensível e vulnerável mas que também é forte, e assim como eu, tenta sobreviver a tudo e todos. Não sei o que aconteceu para ela ficar tão destruída emocionalmente mas meu peito se aperta em observá-la nesse estado, a minha vontade era de abraçá-la e de prometer que nada no mundo a machucaria novamente, que eu cuidaria de tudo para ela, mas eu simplesmente não podia, apesar dela estar a dez passos de mim no metrô e na rua eu não podia confortá-la. Acabo de chegar até seu apartamento e deixo a maioria das coisas que comprei no balcão da cozinha enquanto vou até sua cama checar seu estado e a vejo sussurrar um nome enquanto dorme, e é Jordan, seu irmão falecido. Ela está agitada como se estivesse num pesadelo o que a faz ter alguns espasmos estranhos, acho que estava delirando por causa da febre. 

一 Blake? 一 A chamo suavemente para evitar que se assuste. 

Tento tocá-la delicadamente para que se acalme, mas ela acaba por acordar de supetão. Ela me dá um olhar dolorido e eu não sei dizer se era pela dor que estava sentindo ou pelo seu sonho de segundos atrás. Acho que os dois. Tento tranquilizá-la o mais rápido possível. 

一 Calma, está tudo bem, você estava sonhando. 

Ela olha ao redor um pouco desnorteada. E faz um tremendo esforço para usar sua voz e vejo sua expressão de dor ao tentar falar. 

 一 Que horas são?

一 São 2:30 da madrugada 一 Não tente mais forçar sua garganta ou não vai melhorar. Eu comprei alguns remédios para você e uma sopa quente. 

Ela estava tão debilitada, olheiras profundas cobriam seu olhar cansado e ela estava visivelmente mais magra, e pelo que observei ela mal teve tempo de se cuidar durante essas últimas semanas. 

一 Vem, vamos comer 一 digo tentando ajudá-la a se levantar mas percebo que não seria uma boa ideia porque ela estava mais fraca do que eu pensei. Ficar sem comer direito por um tempo tendo várias crises psicológicas afetou e muito sua saúde. 

一 Tudo bem, então eu vou te dar a sopa aqui.

E realmente não havia outro método, só ajustei sua postura colocando alguns travesseiros em suas costas e voilà. Ela não protestou quando eu dei comida em sua boca, nem tentou falar algo sobre eu ter invadido o seu apartamento o que para mim era bom, pois a única coisa com a qual eu me importava agora é com sua saúde. Por mais que sua garganta doesse ela conseguiu tomar uma tigela inteira de sopa e depois de alguns comprimidos dormiu e sua febre baixou milagrosamente. Não sei por quanto tempo fiquei sentado no chão ao lado de sua cama a observando mas de repente vejo um pedaço laranja do céu pela janela, indicando que o dia estava nascendo e vencido pelo sono acabei dormindo ali mesmo. 

Rendição Onde histórias criam vida. Descubra agora