Blake 09:30 PM
Sean insistiu em me levar para um lugar e não pude fazer nada além de deixá- lo me guiar pela luzente Chicago. Conforme andamos pela calçada as luzes cintilam por seu rosto. Agora sem o capuz não pude deixar de perceber como ele estava diferente, o antes sério e misterioso garoto agora estava com um doce sorriso de canto de boca enquanto olhava furtivamente para mim demonstrando que eu era a melhor coisa do seu dia. Passando por uma loja com iluminação amarela percebo alguns hematomas em seu rosto que tentaram ser cobertos.
— O que aconteceu com seu rosto?
Minha pergunta e meu rosto sério o pegam de surpresa.
— Eu caí — ele diz enquanto desvia o olhar e esconde suas mãos nos bolsos do seu casaco, me incomodando muito e me fazendo inconscientemente associar ao meu irmão. Jordan vendia drogas e às vezes aparecia com alguns hematomas pelo corpo devido a algumas brigas de rua que ele fazia questão de não me contar e eu também não perguntava pois fazia parte da nossa dinâmica de irmãos ficar em silêncio quando aconteciam coisas sérias simplesmente porque não sabíamos como confortar um ao outro devido aos traumas da nossa família desestruturada que vivia brigando por qualquer coisa estúpida, desde então aprendemos que a nossa linguagem de amor era simplesmente estar lá e dividir as coisas, a ausência dos nossos pais fez com que precisássemos da companhia um do outro como uma necessidade porque não tínhamos mais ninguém confiável em nossas vidas além de nós mesmos. Meu irmão era o único que podia me fazer sentir segura, no entanto quando ele aparecia machucado me dava um medo imenso, era sufocante imaginar que poderia acontecer algo à única pessoa que eu tinha na vida e aquele sentimento me deixava angustiada, toda vez que ele saia eu ficava aflita porém, ele sempre voltava. Sempre. Mas a sorte dele mudou radicalmente e depois de 3 dias esperando e rezando para todas as divindades que eu conhecia a polícia bateu na nossa porta para informar o que o pior tinha acontecido e que meu pesadelo agora era real. O corpo dele estava irreconhecível e eu não pude me despedir dele da forma correta, a última memória que eu tinha era dele falando para me cuidar que ele voltava logo. Foi ali naquele momento que meu medo acabou dando lugar a outros sentimentos ruins que me puxavam cada vez mais para o fundo. Eu não quero me sentir assim de novo, eu não quero gostar de alguém que me machuque.
— Caiu? Dou um sorriso.
Talvez tenha acontecido outra coisa e eu estou me precipitando.— Vou fingir que acredito mas só porque tive que cancelar o nosso encontro. Você não andou salvando outras garotas por aí? Ou eu fui a única?
— Você é a única — ele diz enquanto me olha intensamente.
— Posso perguntar onde está me levando?
— Estou te levando onde todo cara leva uma garota.
Faço uma cara de pensativa — no Hotel?
— Não, ele diz seco. — Acha que eu tenho tão pouca consideração por você?
— Cinema? digo enrugando a cara
— Não, e para de fazer perguntas, estamos quase chegando.
***
— Um salão de jogos???? — Digo surpresa.
Fazia muito tempo, muito tempo mesmo que eu não ia em um lugar assim, a última vez que me lembro de ter frequentado foi quando era criança e meus pais ainda estavam vivos. Era aniversário do Jordan e ele amava jogos de fliperama, o ambiente nostálgico que tocava músicas de bandas antigas dos anos 80 o fascinava e ele acabava permanecendo longas horas jogando e tomando Coca cola.
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Rendição
Romance... No silêncio você me enviou No fogo consumiu Você pensou que eu ia esquecer Mas está sempre na minha cabeça ... Você é o pulso em minhas veias Você é a guerra que eu travo Você pode me mudar? Você pode me mudar? ... A Jovem mulher Blake luta dia...