capítulo vinte e nove
NyxUMA TEMPESTADE ESTAVA A CAMINHO e todos os soldados estavam preparando suas tendas para que pudessem aguentar a chuva que se aproximava.
O céu que já tinha poucas estrelas, agora estava mais escuro que o normal, graças às nuvens negras que se acumulavam por toda parte, trazendo raios e trovões.
As árvores pareciam dobrar com a velocidade do vento. Soldados passavam às pressas ao meu lado, alguns até mesmo me cumprimentavam. Estávamos numa parte mais alta, que dava uma visão melhor do perímetro e da fronteira à frente.
Por mais que eu quisesse me manter focado nas Terras Mortais e seja lá o que aquelas Rainhas vadias planejavam... Meus pensamentos sempre se desviavam para a fêmea que estava apenas alguns quilômetros de distância. Não consegui parar de pensar em como à tomei para mim e à perdi em menos de vinte e quatro horas.
Caminhei até a beira da colina em que as tropas estavam assentadas, tentando focar-me novamente na imensidão escura e arborizada que se estendia na minha frente. Apenas quando os raios cortavam os céus que era possível perceber que de fato haviam árvores no local.
Minha audição conseguiu captar um certo movimento entre as árvores. Algo que não tinha haver com a tempestade que estava prestes a cair sobre nossas cabeças. Ouvi um rugido no meio da floresta, um rugido que incentivou outros centenas. Desta vez não foram encobertos pelos trovões.
Alguns soldados que não estavam de prontidão no momento, saíram de suas tendas e caminharam até o onde eu estava.
Nós observávamos a escuridão à nossa frente. Eu podia sentir centenas de pares de olhos olhando para nós. Éramos o jantar, ou melhor, o banquete.
Pude ouvir às vozes dos Comandantes de suas respectivas tropas gritando comandos. Espadas sendo desembainhadas. Todos prontos para o conflito eminente.
Uma flecha saiu por entre aquelas árvores, vindo na minha direção. Em um piscar de olhos, minha mão segurou o seu cabo de madeira. A ponta afiada estava à centímetros do meu rosto. Havia um arqueiro escondido nas copas das árvores.
Quando abri a minha mão e soltei a flecha no chão, senti algo gorduroso na minha palma. Era sangue negro. O cabo daquela flecha havia sido mergulhada no sangue daquelas bestas de outro mundo. Aquele arqueiro na sabia que eu não iria deixar que a flecha me atingisse e foi exatamente por isso que ele sujou o cabo e não a ponta.
As tropas de todas as Cortes avançaram no mesmo segundo que as bestas saltaram para o campo aberto. Gritos de dor e rugidos eram as únicas coisas audíveis.
Tentei acessar meu poder mas... nada. Era como se apenas não existisse. Aquilo que antes era um posso infinito e sem fundo, agora era raso e estava vazio.
As malditas Rainhas deram um jeito de acabar com a vantagem que eu tinha sobre aquelas centenas de bestas. Eu poderia simplesmente transformá-las em pó, mas agora eu era apenas mais um soldado. A única arma que eu tinha, era a minha habilidade com espadas.
Uma das criaturas perceberam a minha presença, mas eu estava mais afastado da luta que acontecia alguns metros à frente, então ela começou a correr na minha direção. Eu fiz o mesmo, correndo em direção àquele monstro.
A criatura saltou para vir de encontro à mim e eu derrapei de joelhos no chão, puxando uma espada que estava caída na lama para minhas mãos e enterrando na naquela cabeça dela..
A criatura berrou e se debateu no chão, agonizando enquanto morria, mas Nyx não teve tempo para apreciar. Outros já estavam correndo na sua direção.
❀
Narrador
Feyre e Rhysand estavam se preparando para se deitarem em sua cama quando Azriel entrou como um raio pela porta do quarto dos Grão-Senhores.
— Mas que porra. — Rhysand começou mas foi interrompido pelo irmão.
— Me desculpem, mas é algo urgente. — o Mestre-Espião disse ascendendo as luzes e iluminando o ambiente.
Os Grão-Senhores se assustaram com a forma que Azriel parecia assustado. Feyre foi até ele e segurou seu antebraço, como um conforto. Rhysand caminhou até eles e parou nas costas de sua parceira.
— Meus espiões me informaram que as tropas na fronteira foram atacadas por aquelas criaturas. — Az disse voltando com sua máscara fria.
— Nyx. — Feyre disse, seus batimentos cardíacos mais acelerados do que nunca — Nyx estava lá.
— As tropas conseguiram matar todas as bestas? — Rhys perguntou, sua voz ameaçando falhar, pensando em seu filho.
— As criaturas quase entraram no território da Primaveril, mas foram impedidas pelos soldados que sobreviveram e Tamlin que chegou depois para ajudar.
— Quantas baixas? — Feyre perguntou.
— 217 mortos. — Azriel disse — 32 destes soldados eram Illyrianos.
Feyre e Rhysand sentiram que Azriel tinha algo à mais para contar, mas o Encantador de Sombras não fazia ideia de como falar aquilo.
— Diga. — o Grão-Senhor ordenou. Ele sentia que algo havia acontecido com seu filho. Era a única explicação para o hesitação nos olhos de Azriel.
— Nyx foi atacado por algumas criaturas. — Azriel disse — Elas o feriram gravemente e depois o carregaram para dentro da floresta.
— O que? — a voz da Grã-Senhora falhou, assim como a sua respiração.
Um grito de dor saiu da garganta de Feyre enquanto suas lágrimas desciam livremente pelo seu rosto. Rhysand segurou sua parceira em um abraço antes que seus joelhos atingissem o chão. Ele também tinha lágrimas em seus olhos.
— Ache-o. — o Grão-Senhor disse para seu Mestre-Espião. Era uma ordem curta e clara. A voz dele era firme, mas seus olhos delatavam o medo e preocupação que sentia. — Depois irei me encontrar com você. — disse apertando o corpo de Feyre contra o seu enquanto ela soluçava.
Azriel acenou em concordância e fechou a porta ao sair do quarto, dando privacidade aos seus amigos.
— Feyre. — Rhys disse segurando seu rosto entre as mãos, fazendo a parceira olhar para ele — Vamos achá-lo.
Aos poucos o rosto cheio de dor da Grã-Senhora foi se transformando numa máscara de fria e furiosa.
Nyx. Seu filho estava ferido e em perigo. Pelo Caldeirão, ela nem sabia se ele estava vivo, mas preferia acreditar que ela saberia se ele estivesse morto.
— Quando tudo isso acabar — disse a Grã-Senhora para seu parceiro, sua voz parecia a noite encarnada — Elas irão implorar pela morte. E eu não lhes darei tal misericórdia.
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TEMPESTADE DE PRIMAVERA
FanficA filha da primavera, encontrou o filho da noite. Cortes inimigas pelo passado conturbado terão de se encontrar novamente. Serão eles capazes de seguir em frente e deixar o passado para trás? Início: 26/01/2033 Término: 10/03/2023 Conta do tiktok qu...