Capitulo 2

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Boa leitura!

Atena

Seis anos atrás

—Você não vai sobreviver desse jeito, Mariano! —Resmungo limpando seus ferimentos e ele apenas me observa silencioso. —Precisa usar os pontos fracos do seu oponente ao seu favor, deixo-o ditar o ritmoo inicial da luta e observe suas falhas e use isso para vencer. Você age feito um animal raivoso e irracional! —Pressiono seu supercilio que não para de sangrar e ele não expressa qualquer emoção. —Vão deixa-lo sangrar até morrer? —Grito e minha voz ecoa por todo o corredor mal iluminado repleto de salas com garotos na mesma situação em que eu e o Mariano nos encontramos.

—Você é brava! —Ele sorrir com humor e fecho ainda mais a minha expressão. Já fazem dois meses em que estamos nessa amizade estranha. O Mariano cumpriu de fato sua promessa e matou a todos que tentaram me tocar, seis seguranças no total, eu sempre assumi a culpa para que ele não sofresse a retaliação dos outros e dessa forma estranha temos cuidado um do outro. —Atena, eu estou bem. —Ele segura as minhas mãos entre as suas e me fita com seus olhos escuros e penetrantes.

—Você precisa de pontos e de deixar de ser idiota e começar a seguir os meus conselhos, eu faço isso a mais tempo que você! —Meus olhos estão presos ao dele e existe algo que me deixa sempre entorpecida por ele. O Mariano é um rapaz bonito, é fato, corpo magro e definido, cabelos escuros e meio grandes, um sorriso bonito e dentes perfeitamente alinhados, porém, ele tem uma áurea que me aquece e me faz desejar coisas que eu nunca pensei ser capaz desejar, mas eu as quero com ele.

—E você precisa de remédios para cólica, roupas limpas, absorventes... —Coloco a mão cobrindo a sua boca quando ele fala absorventes sentindo minhas bochechas queimarem. —O que? Eu não devia saber que mulheres menstruam? —Ele diz entre risos beijando a palma da minha mão e esse simples gesto me deixa com uma sensação estranha no estomago. —Eu tinha uma irmã de quatorze anos e ela me fez aprender tudo isso. —A dor se apossa dele todas as vezes em que ele cita os irmãos, Nina e Heitor, que foram assassinados junto com o pai e a mãe deles. O Mariano não me contou os motivos apenas me explicou superficialmente que tinha uma família antes de ser jogado na Geena. —Eu queria poder te dar as coisas que precisa, Atena! Cazzo! Eu odeio estar preso nesse lugar e não poder te dar o mundo, cuidar de você como você merece ser cuidada!

—Por que? —A pergunta que sempre ronda a minha cabeça todas as vezes em que ele se monstra preocupado comigo. Eu sempre tento enxergar as suas reais intenções, mas o que vejo é só um garoto legal demais para viver nesse inferno.

—Por que o que? —Ele parece confuso. —Porque eu preciso ter um motivo para cuidar de você?

—Porque ninguém nunca cuidou de mim antes e eu não sei reagir a isso. —Me levanto e puxo o ar com força quando lagrimas enchem meus olhos. —Eu sei lidar com humilhações, violência, abusos de todos os tipos, mas não sei lidar com esse cuidado, esse carinho. —As lagrimas molham meu rosto por mais que eu lute contra elas, se o Franco estivesse aqui ele me espancaria até eu parar de chorar. Uma Costa não chora, ele repete todas as vezes. —Eu não pude ter esse amor da minha mãe e eu não posso se quer chegar perto das minhas irmãs e do meu irmão. E...

—Você está chorando? —A sua voz preocupada faz com que o choro se intensifique e eu sinto seus braços ao redor do meu corpo e sua mão guiar a minha cabeça em direção ao seu peito. —Eu estou aqui, minha menina. Vamos sair juntos daqui eu prometo. —Sinto seus dedos acariciando meus cabelos. —E eu vou cuidar de você, te dar todo o amor e carinho que te foram negados. —Ele segura meu rosto entre as suas mãos secando as minhas lagrimas.

—Me ensina? —Olho em seus olhos e mesmo com a pouco luz posso ver as lagrimas não derramadas neles. —Ser uma boa pessoa, cuidar dos outros, ser como você! Eu não quero ser como ele.

—Você é uma boa pessoa, Atena. O que você tem feito durantes todos esses dias a não ser cuidar de mim? —Seus dedos percorrem os detalhes do meu rosto e eu pela primeira vez eu não sinto repulsa por um toque masculino. —Eu quero tanto beijar você... —Sua voz fica mais grossa e sua respiração ofegante. Fico em silencio por não sei quanto tempo e ele se afasta. —Me desculpa! Eu sou um idiota! —Ele ralha consigo mesmo e eu procuro a minha voz mais não encontro.

Eu quero ser beijada por ele? Eu quero sentir a sensação de ser beijada de verdade? Ser tocada com carinho? Sim! Não me parece errado, na verdade estar nos braços do Mariano parece a coisa mais certa nessa minha vida fodida.

—Eu quero ser beijada por você! —Minha voz soa baixa demais já que ele mantem de costas para mim, encarando o corredor escuros além das grades da nossa prisão. —Eu quero que me beije, Mariano! —Digo mais alto para ser ouvida e ele se vira para mim surpreso.

—Atena... —Ele se aproxima a passos lentos e suas mãos tocam meu rosto com delicadeza e eu sinto como se tudo parasse ao meu redor. — Você é ser mais lindo que já vi. —Sua voz é um sussurro e sinto meu corpo se arrepiar. —Tem certeza?

—Tenho! Não é como se eu nunca tivesse sido beijada... —Digo amargurada com a realidade dolorosa de que ele não vai ser o primeiro a me beijar.

—Se foi feito contra a sua vontade não conta como um beijo. —Sua voz é carinhosa e ele parece ser capaz de ler os meus pensamentos. — Vamos contar como se esse fosse o primeiro, o que acha?

—Perfeito! —Sorrio por entre as lagrimas, suas palavras tocam o mais profundo do meu coração. O Mariano é delicado com seus gestos e palavras e isso me emociona.

—Minha menina... —Ele sussurra antes de tocar seus lábios levemente aos meus. —Sou eu aqui, o seu Mariano... —Sua boca explora a minha suave e delicadamente, como uma leve caricia que me faz ansiar por mais.

Quando o medo passa eu tomo consciência dos meus sentimentos, minhas mãos ganham vida própria e seguem para seus cabelos sentindo a textura macia deles, aprofundando mais o nosso beijo. Dentro de mim é como se explodissem fogos de artifícios de todas as cores, meu coração parece sair pela boca quando sinto sua língua pedir passagem e transformar o beijo casto em algo quente e selvagem. Carregado de um desejo silencioso que tomamos conta agora que sentíamos um pelo outro.

—Eu poderia passar a minha vida te beijando... —Ele sussurra ofegante unindo nossas testas.

—Eu não vou me opor a isso... —Sorrio fechando os olhos tentando controlar as batidas do meu coração, mas antes que eu possa me recuperar seus lábios procuram os meus famintos e eu me permito sentir todas as boas emoções que apenas o Mariano pode me causar.





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Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora