Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)

Capítulo 17

Boa leitura!

Atena

—O casamento será amanhã! —Aviso aos membros do conselho que me aguardavam do lado de fora da sala de reuniões. Sala essa em que eu deixei o único homem que eu amei, suplicando pelo meu perdão. —E antes que algum de vocês pensem em maneiras de manipular o Mariano para que ele assuma a liderança da família Costa, eu já adianto que aquele homem é fiel a mim e apenas a mim. —Encaro os irmãos Romano que mantem uma expressão neutra, mas posso ver seus olhos queimarem de ira.

—Um casamento com um soldado não será vantajoso para nós. —Gregório Romano diz irritado, acho que o showzinho do Mariano me veio a calhar, já que os planos do Gregório parecem terem sido frustrados. — Leis podem ser mudadas o tempo todo e o a senhora pode escolher se casar com o Andrea, o casamento com ele nos renderia bons frutos.

—Meu irmão tem razão, senhora. Andrea Marino é um homem influente e tê-lo ao nosso lado tornaria a nossa família ainda mais poderosa e temida. —O Tommaso se pronuncia em favor do irmão, como eu já esperava que ele iria fazer e um sorriso diabólico surge em meus lábios.

—Eu não recordo de ter pedido a opinião de vocês! —Encaro as minhas próprias unhas e sinto uma mão envolta da minha cintura e não preciso olhar para trás para saber quem é, meu corpo reconheceria esse toque em qualquer lugar. — Me sinto ofendida quando vocês subestimam a minha inteligência e tentam me manipular dessa maneira. Francamente, vocês acreditaram mesmo que eu me casaria com um homem escolhido por vocês dois?

—Senhora... —O Tommaso tenta argumentar e eu coloco o dedo indicador em seus lábios para que ele faça silencio.

—Vocês só falam se eu permitir, vocês só expressam suas opiniões se eu pedir. —Sinto o aperto em minha cintura se intensificar e sei que é a forma do Mariano me dar apoio, apesar do nosso momento, minutos atrás, ele parece entender bem que nossas fraquezas devem ficar apenas entre nós dois. — Vocês fazem o que eu quero, quando eu quero. Se mandar vocês latirem, vocês me perguntam o latido de qual raça eu quero ouvir. —Digo entre dentes, cansada de os irmãos Romano agirem como se eu fosse uma garotinha manipulável. — Eu estou farta dos senhores, ainda os mantenho em seus cargos porque preciso da influência de vocês com os subchefes, mas se continuarem a torrar a minha paciência, eu mato os dois e os mando em pedaços para cada Subchefe para que entendam quem manda aqui. Estamos entendidos?

—Sim senhora... —Eles murmuram a contragosto e eu fecho os olhos controlando a minha fúria. Em algum momento eu vou matar esses desgraçados com as minhas próprias mãos.

—Eu não ouvi. Vocês entenderam o recado ou eu preciso fazer as palavras da minha mulher serem compreendidas por vocês? —A voz grave do Mariano ecoa como um trovão. — Uma ordem dela e eu faço os dois sangrarem como porcos. Agora respondam em alto e bom som se entenderam o que ela disse!

—Entendemos, senhora! —A voz deles soa firme e com clareza e eu não posso evitar o sorriso que surge em meus lábios por ver os dois se submeterem a mim dessa forma. Eu me lembro com exatidão todas as vezes em que os dois abusaram de mim e como eu prometia a mim mesma que quando me tornasse líder eles iriam pagar caro por tudo o que me fizeram.

Os dois só estão vivos porque eu preciso do apoio deles junto aos subchefes, mas os dias de ambos estão contados, com o casamento eu vou ser melhor aceita pelos membros da família e quando isso acontecer eu vou ter o maior prazer em estripar os irmãos Romano.

—Alberto, você realizará a cerimônia e eu não quero ninguém além dos membros que residem aqui em Milão. —Caminho ao lado dele definindo os detalhes da cerimonia de amanhã. Não é nem perto de como um dia eu sonhei em me casar com o Mariano, não tem o vestido branco, o pôr do sol ao fundo, a minha família testemunhando o nosso amor. Será tudo frio e sem cor, como a minha vida desde que ele me deixou.

Não vou convidar a minha família, os meus filhos não estarão aqui, porque eu não quero que eles presenciem uma mentira. Não sei as motivações do Mariano para exigir o cumprimento dessa lei absurda, mas tenho que admitir que me casar com ele, será melhor do que com um estranho, ao menos do Mariano eu sei o que esperar.

O dia passa como um borrão, a mansão está agitada por conta dos preparativos para o casamento. Me neguei a participar de qualquer coisa que envolva essa farsa, a única coisa que farei é estar amanhã na frente de todos e dizer sim.

Eu preciso esfriar a minha cabeça ou cometerei uma loucura. Pego a minha moto e sigo em disparada para o clube da Kill. Natasha ou Kill, como é conhecida no submundo, é uma das minhas poucas amigas no mundo do crime, líder do Red, uma organização criminosa que comanda parte da Europa e da América.

—Que honra receber a princesa do crime no meu humilde estabelecimento! —Ela vem ao meu encontro assim que eu chego ao seu clube. —Precisando de diversão, princesa? —Seu abraço é repleto de carinho e eu retribuo com o mesmo sentimento. Natasha sempre foi além de uma amiga, ela foi minha mentora, parte do que eu sei devo a ela.

—Preciso relaxar, Nat! —Aceito uma cerveja que ela estende em minha direção e a sigo até um dos muitos sofás espalhados pelo salão da boate. —Eu vou me casar amanhã, com o Mariano!

—A proposta não tinha sido do Andrea Marino? —Ela me olha impassível como sempre, a Kill não é o tipo de pessoa que não se consegue ler pelas expressões faciais, já que ela não as tem. —Ele sabe dos gêmeos? —Confirmo com um aceno de cabeça e resumo os últimos acontecimentos a ela. —Tenho que confessar que ele foi inteligente e que ter alguém de confiança como marido é excelente para você.

—Eu sei, mas eu não posso deixar de odiá-lo por me obrigar a isso! —Bebo todo o liquido da minha garrafa em um único gole e acendo um cigarro. —Além do mais, não sei se posso confiar nele, as intenções dele ainda são uma incógnita para mim...

—Você está tão irritada com esse casamento porque ainda tem sentimentos por ele, Atena! —Ela atira a verdade nua e crua na minha cara me fazendo revirar os olhos. —Sabemos que pode confiar nele, apesar dos pesares ele te ama, você precisa deixar o passado de vocês para trás.

—Desde quando você é psicóloga? —Resmungo irritada me levantando. —A Martina vai aparecer aqui hoje?

—Ela está lutando! —A Kill aponta para o ringue onde a minha irmã soca impiedosamente um homem.

—A próxima luta é minha! —Apago meu cigarro no cinzeiro no centro da mesa e caminho em direção ao ringue chegando a tempo de ver a minha irmã nocautear seu adversário. — Preparada para perder, caçadora? —Ela se vira para mim com um sorriso nos lábios e desce do tatame caminhando em minha direção.

—Quer me desafiar, maninha? —Ela beija a minha testa. —Não vou te abraçar porque estou suada e cheia de sangue! O que faz aqui?

—O mesmo que você, eu vim atrás de diversão! —Tiro meu casaco e pego na minha bolsa as minhas ataduras. —Achei que tivesse largado as lutas clandestinas.

—De vez em quando eu preciso extravasar! —Ela me analisa. —O que houve?

—Eu vou me casar, amanhã! —O choque em seu rosto me faz sorrir. —Com o Mariano! —Subo no tatame encarando meu adversário. —E eu não estou feliz com isso! —Olho brevemente para a minha irmã e acerto um soco no estomago do meu oponente.

Imagino o Mariano no lugar desse infeliz e extravaso toda a minha raiva sentindo a adrenalina me dominar.

Ainda bem que o oponente dela não é o Mariano! Hahaha

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Até amanhã!