Capítulo 14

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Boa leitura!

Mariano

Minha cabeça se perde nos últimos acontecimentos e em tudo o que a Atena me revelou sobre o passado. Eu sempre soube que a vida da Atena não era fácil, ela nunca se abriu muito sobre como ela viva fora dos muros do Geena, mas não precisava de muito para entender que a situação dela era tão ruim quanto a minha. Só que eu tinha a ideia que ela era como eu, que não tinha uma família além daqueles portões de metal que aprisionavam nossos sonhos.

Descobrir que ela era filha do homem que eu jurei vingança me destruiu, me deixou completamente cego de ódio e eu não enxerguei o obvio, que ela também sofria nas mãos daquele canalha. Dio! Como eu pude ser tão estupido ao ponto de acreditar que ele era um pai amoroso para com ela? Que tipo de pai jogaria a própria filha naquele inferno para passar por tudo o que a minha menina passou? Todavia, o ódio me cegou de tal forma que eu transferir para ela toda a repulsa que sentia por seu pai e a deixei a sua própria sorte, quebrando todas as promessas que um dia eu fiz a ela.

—Já estamos chegando na casa da tia Alessa? —O Heitor desperta e se mexe impaciente no banco de trás. —Você acha que o Nero vai estar lá, mamãe?

—A sua mãe precisou ir para outro lugar, filho, sou eu quem vai levar vocês até a casa da sua tia. —Tento soar tranquilo e não demonstrar como a ideia de deixar a Atena voltar sozinha para Milão me desagradou profundamente, mas eu precisava deixar os nossos filhos em segurança antes de entrar nessa guerra com ela.

—Estamos com problemas de novo? —A sagacidade dos meus filhos me assusta as vezes, eles são espertos demais para crianças de cinco anos.  —Eu pensei que depois que o vovô se fosse a gente ia ficar bem.

—Nós estamos bem, Heitor! —Olho rapidamente para ele e posso ver a tristeza em seus olhos e isso me fere a alma. —A sua mãe é chefe de muitas pessoas e as vezes imprevistos acontecem e só ela pode resolver, mas não é nada que você precise se preocupar, certo?  —Ele tira o cinto de segurança e deixa seu lugar passando por entre os bancos da frente e se senta no lugar do passageiro. —Esse lugar não é seguro para crianças! —Resmungo colocando o cinto de segurança nele.

—Eu não quero ser líder um dia! —Ele olha para as próprias mãos torcendo os dedos. —O vovô dizia que um dia eu ia assumir o lugar dele, mas eu não quero isso. Ele fez muitas coisas ruins com a minha mãe. Ele machucava ela e não a deixava ficar perto de mim e da Nina e eu não quero ser como ele, papai.

—Você nunca vai ser como o Franco, ele era uma pessoa muito ruim e as coisas que ele fez não fazem parte do cargo que ele ocupava e que hoje é da sua mãe. —Tento manter a minha voz o mais suave que posso, mesmo que dentro de mim tudo queime em fúria. Me sinto doente só de imaginar as atrocidades que ele cometeu contra a minha mulher e os meus filhos e eu não estava lá para protege-los. —E você não precisa ser líder de nada, Heitor, ninguém vai te obrigar a fazer algo que você não queira, eu prometo!

—Eu quero ser médico! —Ele sorrir parecendo mais aliviado. —Quero trabalhar em um hospital bem grande e atender todas as crianças do mundo. —Acaricio os cabelos escuros do meu filho e prometo silenciosamente que eu derrubarei o mundo para que ele possa realizar seus sonhos.

—Você vai ser um ótimo médico, filho!

—Eu quero ser princesa! —A Nina invade a conversa me fazendo gargalhar. —Ter um vestido rosa de princesa e casar com o Pietro! —Ela diz na maior tranquilidade me deixando apavorado.

—Quem é Pietro? —Um instinto protetor me domina e eu já me imagino ameaçando um garotinho de seis anos. Minha filha não é pequena demais para pensar em casamento?

Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora