Boa leitura!
Atena
Minha cabeça doí. Meu corpo doí. Eu sei que não estou morta porque almas não tem ossos e os meus estão doendo para caralho.
—Por que tanta luz? —Praguejo ao abrir os olhos e observo o ambiente quando minha visão se acostuma com a luz, estou em um quarto grande e bem confortável, posso ouvir as ondas do mar do lado de fora e o cheiro da brisa invade as minhas narinas.
Me sento na cama com dificuldade tentando colocar meus pensamentos em ordem. As lembranças veem como uma enxurrada em minha mente. Mariano. Bomba no carro. Penhasco. Olho para o meu corpo e estou coberta de hematomas, que pelo estado em que se encontram posso deduzir que estou nesse lugar há alguns dias.
Preciso saber o que houve com o Mariano? Onde eu estou? E quem me trouxe até aqui? São os questionamentos que rondam a minha mente quando me forço a sair da cama e explorar a casa.
Quem quer que seja não me quer mal, não faz sentido me salvar, cuidar dos meus ferimentos para depois me matar. Quem me ajudou quer algo de mim e o que for eu farei, devo a minha vida a essa pessoa.
—Não devia estar fora da cama! —Uma voz irritadiça chega aos meus ouvidos assim que coloco os pés na grande sala de estar.
—Alberto? —Olho para ele completamente surpresa e o mesmo fecha o jornal que estava lendo e se levando vindo até mim.
—Que cara de surpresa é essa, chefe? —Ele sorrir e posso ver em suas expressões o quanto ele parece aliviado. —Eu sei que está cheia de perguntas, vou responder todas, assim que você se alimentar. —Ele segura meu rosto entre suas mãos. —Tive muito medo de perde-la, filha.
—Obrigada! —Minha voz embarga e eu o abraço apertado. Se há alguém em minha vida que posso chamar de pai, esse alguém é o Alberto Bianchi. Apesar de ser um homem cheio de demônios, por muito tempo ele foi meu porto seguro na casa do Franco. Já perdi as contas de quantas pessoas ele matou para me livrar dos abusos. Foi ele quem convenceu o meu pai a permitir que eu seguisse com a gravidez. Foi ele quem tirou o Mariano do Geena por um pedido meu.
Antes do fatídico dia em que o Mariano confundiu tudo ao me ver com o meu pai, eu tinha conversado com o Alberto e pedido sua ajuda para tirar o Mariano do Geena, eu sabia que com ele o homem que eu amo ficaria bem e poderíamos ficar perto um do outro.
—Você não me dá um abraço desses deste que era uma criança! —Ele beija o topo da minha cabeça. —Eu jurei lealdade a você, Atena. E mesmo se não fosse minha chefe, ainda sim é a filha que eu nunca pude ter, então não precisa me agradecer.
—Você é um mafioso de coração tão mole, Alberto! —Provoco-o para quebrar o clima melancólico que se instalou no ambiente.
—Você que estava chorando e me agradecendo! —Ele devolve a brincadeira me arrancando um sorriso. —Você precisa se alimentar e recuperar suas forças.
—Estamos no meio de uma guerra? —Me sento no sofá e ele me serve um copo de suco e eu nego ingerir algo além. —O Mariano? Ele...
—O Mariano está bem! —Ele me tranquiliza. —Completamente descontrolado, mas vivo.
—Como assim?
—Ninguém sabe que você está viva, Atena! Para todos você morreu na explosão do carro! —Ele diz de forma tranquila e eu sinto meu sangue ferver.
—Você deixou toda a minha família pensar que estou morta? Quantos dias tem que tudo aconteceu? —Me levanto irritada com desejo enorme de socar a cara arrogante dele.
—Eu fiz o que tinha de fazer para mantê-la segura! —Sua voz é sem qualquer emoção. —Eu não sabia quem eram os ratos entre em nós e em quem eu poderia confiar.
—Quantos dias, Alberto?
—Cinco dias! —Ele suspira me encarando. —Foi por muito pouco que você não morreu, Atena, eu não confiei em leva-la para o hospital com receio de quem arquitetou sua morte voltasse para terminar o serviço.
—O Mariano, a minha mãe, os meus irmãos, meus filhos!! Você deixou todos eles chorarem a minha morte? —Seu olhar não demonstra qualquer arrependimento e eu fico perplexa diante de tanta frieza.
—Eu não confio na minha própria sombra, bambina, não sabia quais membros da sua família poderiam estar envolvidos e... —Ele parece pensar brevemente. —E eu tenho minhas suspeitas quanto ao seu chefe de segurança e o Mariano. Elas foram confirmadas em relação ao Leone, já o Mariano.
—O Mariano e o Leone? Você está ficando louco! —Caminho pela sala me sentindo como um animal enjaulado.
—Todos os ataques que você sofreu ambos eram as únicas pessoas que sabia onde você estava. Além do mais, eu vi o Mariano e o Tommaso conversando...
—Chega, Alberto! —Grito irritada. —Eu não admito que levante suspeitas contra o Mariano. O que seja que ele estava fazendo com o Tommaso eu garanto que não era para me prejudicar.
—Sua fraqueza é seu coração mole, Atena! Quando vai entender que pessoas como nós não podemos deixar os sentimentos guiarem nossas decisões? Você é líder de uma das maiores máfias da Itália, não pode agir como uma garotinha apaixonada e colocar o amor acima das suas obrigações. —Suas palavras são duras. —Até o momento eu não intervi nas suas decisões porque acreditei que estava preparada para ser uma líder, mas vejo que ainda deixa a emoção guia-la.
—Eu nunca quis a droga dessa responsabilidade! —Digo entre dentes e ele me encara surpreso.
—É a sua herança, Atena!
—Eu sou uma usurpadora! —Grito. — Nos dois sabemos que quem deveria estar liderança a máfia Costa é você, Alberto Bianchi, o ultimo herdeiro do verdadeiro capo. Nunca foi a minha casa, nunca foi a minha família.
—Eu sei tudo o que sofreu para ter a posição que tem hoje, Atena, me sinto satisfeito em ser seu conselheiro e seu amigo.
—Mas, eu não estou satisfeita em ser sucessora do meu pai! —Olho em seus olhos e vejo como ele está surpreso com a minha revelação. —Eu odeio com todas as minhas forças estar naquela casa. Todas as vezes em que alguém me chama de chefe eu sinto náuseas. Eu fui estuprada, humilhada, agredida, torturada, tudo para um dia me sentar na porra daquela cadeira.
—Devia ter me dito isso antes! —Ele sorri orgulhoso. — Sabe o quanto eu desejei matar o Franco e recuperar o que é meu por direito? Só não o fiz porque eu sabia que não era justo você passar por tudo aquilo e eu ficar com o seu lugar.
—E você ainda diz que eu sou guiada por minhas emoções? Você é um velho sentimental! —Resmungo e trocamos um sorriso cumplice. —Vamos voltar para aquela casa, acabar com os traidores e te devolver o que é seu por direito.
—E te libertar! —Ele beija a minha cabeça. —E antes que eu me esqueça o Mariano não é traidor, se você soubesse da carnificina que ele fez quando soube da sua morte. O corpo do gregório ainda está pendurado na janela...
O Alberto conta tudo o que aconteceu durante esses dias em que eu estive inconsciente e eu fico triste por não ter visto a morte dos irmãos Romano.
A Atena não morreu! Gostaram da atitude do Alberto?
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Até logo!
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Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)
RomanceO que todos acreditavam serem quatro irmãos, se transformou em cinco. Uma nova integrante surgiu na Família Valente. Agora são cinco irmãos que foram obrigados a viverem separados para se manterem a salvo. Apesar de distante eles são capazes de tudo...