Boa leitura!
Mariano
Seis anos atrás
Ela é linda. Linda como as flores da primavera na Toscana, linda como uma tarde de verão em Roma. Um anjo doce no meio de toda essa podridão e ainda assim, no meio de toda essa escuridão e dor, ela brilha e ilumina a minha vida. A Atena é a melhor coisa que me aconteceu no pior momento da minha vida. Quando eu pensei que a minha vida tinha se perdido no instante em que vi minha família ser morta diante dos meus olhos, ela surge me dando uma nova razão para viver, viver por ela, para faze-la feliz, esse me parece um bom motivo pelo qual viver.
Seis meses vivendo nessa prisão. Qualquer um teria enlouquecido nesse inferno e tenho certeza que a minha mente só não se perdeu aqui por causa dela. Eu era um garoto normal de dezenove anos, repleto de sonhos e desejos e tudo se foi quando em uma noite fria a minha casa foi invadida e a vida dos meus irmãos e dos meus pais foi ceifada. Eu não sei a razão para a morte deles, éramos uma família normal, meus pais tinha uma pequena padaria em um bairro simples de Roma, meus irmãos eram dois adolescentes, Nina tinha quatorze anos e o Heitor doze. Todos eles se foram, mas por algum motivo eu não fui morto naquele dia, ao menos meu corpo físico continua vivo já que a minha alma morreu com eles naquela noite. Fui trazido para essa prisão e sou obrigado a lutar na porra de uma arena da morte com homens de todas as idades, lutas que só acabam quando alguém morre. Deixei de ser um garoto normal que sonhava em ser médico para me tornar a merda de um assassino.
A parte mais confusa é que eu não me sinto mal pelas mortes em si, mas sim por matar pessoas inocentes. Não posso negar o prazer que sinto ao matar cada um daqueles que ousam tocar na minha Atena, não posso me opor ao anseio quase que sufocante que tenho de matar Franco Costa. Não é matar que me atormenta e sim, matar quem eu não quero. Talvez o Geena tenha despertado o monstro que eu sempre fui e não havia me dado conta.
No meio desse tormento que se tornou a minha vida, ela apareceu, Atena. A única coisa boa no meio de tudo isso. Somos colegas de cela, aliás, somos mais do que colegas, somos amigos, parceiros e depois de todos os beijos que trocamos nos últimos meses posso dizer que somos um casal. É por ela que eu luto até a exaustão para ganhar todas as lutas. Eu vou dar um jeito de sairmos daqui e de me vingar do homem responsável por todo o meu sofrimento e o do dela, Franco Costa.
Sou tirado dos meus pensamentos quando a porta da cela é aberta e Atena é jogada no chão frio e se encolhe com o impacto. Por mais que eu tente cumprir a minha promessa de protege-la de tudo, tem momentos que não estão no meu controle, como agora que ela acabou de voltar de uma luta na arena.
Me levanto às pressas e agacho ao seu lado procurando por ferimentos em seu corpo, mas pouca iluminação desse lugar não me deixa ver muita coisa. A culpa por não ter impedido que ela fosse ferida me coroe e infla ainda mais o meu ódio pelo responsável por tudo isso.
—Atena? Você foi ferida? —Trago sua cabeça para o meu colo e ouço-a gemer de dor. —Eu vou matar todos eles. Cazzo! Você é só uma garota frágil e eles são uns monstros filhos da puta!
—Eu não sou frágil! Eu não posso ser frágil. Não sou mais uma garota, sou um monstro! —Ela chora copiosamente e meu coração se quebra ao ouvir seus soluços. A minha menina nunca chora, ela é sempre durona e inabalável. —Mariano...
—Eles tocaram em você, minha menina? —Tento controlar a ira em minha voz, mas sinto tudo em meu corpo tremer em fúria. Eu seria capaz de derrubar esse lugar com minhas próprias mãos só de imaginar aqueles malditos abusando dela. —Eu vou mata-los! Eu juro que vou acabar com cada um deles. Como eles podem machucar um anjo como você?
—Eles não chegaram ao final, mas eu me sinto tão suja. Eu estou tão cansada de tudo isso. —Dio! Só pela forma com que ela fala eu posso ver o quão quebrada ela está. —E eu nem posso acabar com esse tormento, se eu ao menos eu tivesse coragem de... —Coloco o dedo indicador em seus lábios não deixando-a terminar a frase. Apenas a ideia de que ela deseja tirar a própria vida me deixa destruído.
—Nunca mais pense nisso, Atena! —Faço com que ela me olhe nos olhos mesmo com a pouca iluminação que nos envolve. —Eu não posso se quer pensar em perde-la, em nunca mais ter sorriso a iluminar a minha vida. Me prometa que haja o que houver você nunca vai tentar tirar sua própria vida? Quando tudo parecer nebuloso demais corra para os meus braços e eu serei sua força, a luz que irá te tirar da escuridão.
—Mariano... —Ela se senta com dificuldade e sua mão delicada limpas as minhas lagrimas que eu se quer sabia que estava derramando.
—Prometa, Atena! —Seguro seu rosto entre as minhas mãos. —Eu não posso cogitar a possibilidade de viver em um mundo em que você não esteja. Você se tornou o meu mundo todo, o fio de esperança que me impede de me afogar nesse mar de ódio e dor em que eu me encontro.
—Eu prometo! —Ela sussurra e toco nossos lábios levemente. —Você também se tornou o meu mundo inteiro. Eu vou lutar todos os dias contra todos esses demônios que querem me destruir. Eu quero a vida que nos dois sonhamos entre essas paredes úmidas e escuras.
—E eu prometo que vamos realiza-los. Teremos uma linda casa com vista para praia, com cortinas brancas e lareira para os dias frios. Dois cachorros que eu vou deixar você decidir os nomes. Vamos andar de bicicleta todos dos dias para assistir ao pôr do sol. —Coloco uma mecha dos seus cabelos atrás da sua orelha. —Eu vou me casar com você, em um lindo fim de tarde e teremos lindos filhos, todos com seus olhos verdes e seu sorriso bonito.
—Será uma vida linda! —Ela sorrir e eu confirmo com um aceno de cabeça. —Eu vou deixar para os nossos filhos escolheram o nome dos cachorros e talvez tenhamos que ter mais do que dois cães.
—Eu te amo! —Digo de supetão e ela me olha com os olhos arregalados. A certeza do que sinto por ela me atinge como um raio e meu coração transborda de amor por ela. —Eu amo você, Atena! —Ela apenas me fita em completo choque como se não acreditasse no que digo. Mesmo falando pouco sobre como era sua vida fora desses muros, algo me faz acreditar que a Atena nunca recebeu qualquer tipo de afeto ou carinho e por mais que ela nunca diga eu sei que ela não se acha merecedora de receber isso de ninguém. —Não precisa dizer nada agora, o que eu sinto basta por nós dois.
Ela tem uma grande barreira que a impede de demonstrar ou falar sobre suas emoções e eu não me importo em não ouvir da sua boca que ela também em ama, seus olhos já me dizem isso em silêncio e um dia ela vai estar livre de todas as correntes que a aprisionam e vai se sentir pronta para colocar em palavras seus sentimentos.
Seus lábios tocam os meus em um beijo tímido e suave, como se com esse gesto ela quisesse dizer que sente o mesmo. E em meu coração eu sei e sinto que a Atena me ama tanto quanto eu a amo.
Tenho vontade de colocar os dois em um potinho!
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Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)
RomanceO que todos acreditavam serem quatro irmãos, se transformou em cinco. Uma nova integrante surgiu na Família Valente. Agora são cinco irmãos que foram obrigados a viverem separados para se manterem a salvo. Apesar de distante eles são capazes de tudo...