Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)

Capítulo 1

Alerta de conteúdo sensível que pode causar gatilhos em algumas pessoas. O capitulo a seguir é uma obra de ficção e contem cenas de abuso e violência. 

Boa leitura! 

Atena

Seis anos atrás

Frio. Úmido. Mofado. Cheiro de sangue, vomito e urina. Tudo nesse lugar me causa náuseas, se eu ao menos tivesse algo no estomago poderia vomitar, mas se quer me recordo a ultima vez em que eu tive uma refeição decente nesse lugar. Fazem semanas, meses ou anos talvez, que eu estou aqui, o tempo nesse inferno é diferente, é lento e sufocante.

Geena é o centro de treinamentos da Família Costa, na realidade ninguém recebe treinamento algum aqui. O que acontece diariamente aqui é a porra de uma carnificina, financiada por um bando de velhos sádicos com um prazer morbido em ver jovens se matando. O pior de todos eles, é o responsável por eu estar aqui, Franco Costa, meu pai.  Se é que esse demônio pode ser chamado de pai por alguém. Segundo ele eu preciso ser forte para liderar a organização um dia.

Ele não quer me tornar forte, ele quer me transformar em um monstro, uma maquina de matar que ele possa controlar. Eu sou a única garota aqui e a única também que não pode ser morta na arena, mas qualquer um aqui pode quebrar todos os meus ossos e me molestar, desde que deixei algo para se quebrado e fodido no dia seguinte.

—Você sempre luta nas horas erradas, moleque! —Comento quando meu companheiro de cela é jogado dentro desse cômodo úmido e gelado em que ficamos presos o dia todo. —Eles vão quebrar você até você aprender quem é que manda nesse lugar. Se fizer o que eles querem tudo fica mais fácil, alias mais suportavel. 

Encaro o teto escuro e ouço-o se arrastar pelo chão e pela minha visão periférica noto quando, com dificuldade, ele se deita em seu colchonete. Ele chegou há duas noites e ainda não entendeu que não adianta resistir eles vão te quebrar uma hora ou outra. Já a segunda noite em que ele se rebela nas lutas e leva uma surrar para aprender quem manda, mas é a primeira vez em que eu falo com ele.

—Eu quero mata-los! —Sua voz grossa e cheia de irá chega aos meus ouvidos e eu olho em sua direção.

—Todos nós queremos, não sei se notou, mas ninguém está aqui por livre e espontânea vontade! —Resmungo. —Mas, o que você está tentando fazer é suicido, ser um rebelde não vai te ajudar a se manter vivo aqui dentro. Você precisa ser obediente ou fingir ser.

—Não sou um cão para obedecer a ordens. —Uma risada sem humor escapa dos meus lábios, esse garoto não dura muito aqui.

—Tem certeza? Para eles você é um animal a ser domado e adestrado. —Mesmo com a pouca iluminação vejo-o trincar o maxilar. —Não vai conseguir nada agindo como um moleque mimado...

—Quer que eu faça o que porra? Deixe-os fazerem o quiser de mim? —Ele grita em um acesso de fúria se levantando. —É fácil para você, passa o dia toda presa aqui, mas aquela arena é um inferno.

—Eles já fazem o que querem com todos aqui. Estou dizendo para ser alguém valioso para eles. —Ignoro suas conjecturas a meu respeito, já que desde que ele chegou eu de fato não saí da cela. —Se os fizer ganhar muito dinheiro em suas lutas vai poder fazer o que quiser, inclusive matar os guardas, eles vão te bater muito depois, mas vale a pena.

—As putinhas estão fofocando? —A voz asquerosa do Camilo ecoa pelo ambiente e o som da porta da cela sendo aberta me deixa em alerta. —Estava com saudades de mim, boneca? —Minha bile sobe e eu fecho os olhos controlando meu medo, eu sei o que ele vai fazer.