Capítulo 13

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Boa leitura  !

Atena

Quando os primeiros raios de sol surgem no céu, nós já estamos longe de Ozzero. Os gêmeos dormem tranquilamente no banco de trás da caminhonete que roubamos, em um posto de gasolina a beira da estrada, quando eu estiver de volta a Milão eu mando alguém devolve-la ao dono.

—Você deveria me deixar dirigir e dormir um pouco. —O Mariano comenta sentado no banco do passageiro e eu permaneço atenta a estrada a minha frente. —Eu posso ouvir as engrenagens do seu cérebro, se você se abrir comigo, podemos chegar a uma solução juntos, Atena.

—Existe apenas uma solução, Mariano, enfrentar quem está por trás dos ataques, mas antes de qualquer decisão preciso deixar os meus filhos em segurança. —Aperto volante com força sentindo uma dor atravessar o meu peito por ter que me separar dos gêmeos mais uma vez. Eu achei que finalmente, poderíamos ficar juntos, mas eu estava equivocada.

—Nossos filhos! — Ele diz irritado e eu reviro os olhos. —Vai leva-los para a casa da Alessa?

—Não existe lugar mais seguro para a Nina e o Heitor do que na casa da minha irmã. Os meus irmãos irão proteger os dois.

— Nós dois podemos fazer isso também, Atena, eu não quero ficar longe deles ou longe de você! —Ele resmunga mal-humorado e noto quando ele faz uma careta de dor segurando o braço ferido.

—Eu não sei quem está por trás dos ataques, o traidor pode estar por perto e eu não quero os meus filhos no meio do fogo cruzado! —Suspiro exasperada e paro o carro na beira da estrada, sob o olhar confuso do Mariano. Pego a minha bolsa e saio do carro, abrindo a porta do passageiro. —Seu ferimento precisa de pontos!

Ele se senta direito e tira a camisa, exibindo seu braço forte coberto por tatuagens. Retiro de dentro da minha bolsa um kit de primeiros socorros e realizo o procedimento de desinfecção do ferimento e em seguida faço a sutura. O tiro foi de raspão, mas precisou de alguns pontos e ele vai precisar de alguns antibióticos e analgésicos.

—Esse é o seu jeito de me pedir desculpas, por ter atirado em mim? —Sua voz rouca, faz com que eu erga os olhos em sua direção. —Eu sempre amei esse seu jeito intempestivo, o tipo que bate primeiro e pergunta depois.

—Eu não pretendo me desculpar por isso, você quem deveria agradecer por não ter sido um tiro entre os seus olhos. —Passo a faixa ao redor seu braço e sua mão segura a minha e nossos olhos se encontram. — O que quer?

—Eu mereço a sua desconfiança, mas, Atena... —Sua mão toca o meu rosto com delicadeza, como se ele quisesse guardar na memória cada detalhe meu. —Eu nunca machucaria vocês, eu preciso que você acredite nisso.

—Você vai pegar o carro e levar os gêmeos até a casa da minha irmã e eu vou dar um jeito de voltar para Milão! —Uso meu tom de líder e me afasto do seu toque, porque ele me faz desejar coisas que não posso ter.

—Não existe a mais remota possibilidade de eu deixar você enfrentar essa merda toda sozinha! —Ele sai do carro e posso ver a fúria queimar em seus olhos. —Eu não aceito que me trate como a porra de um dos seus subordinados.

—Você é um dos meus subordinados! —Digo entre dentes. —E eu estou te dando uma ordem, soldado. Leve os meus filhos para a casa da minha irmã e os mantenha em segurança.

Cazzo! —Ele chuta a grama à beira da estrada e me fita incrédulo. —O que faz você pensar que eu vou obedecer às suas ordens? Eu não vou deixar você desprotegida, Atena.

—Eu sei me cuidar muito bem sozinha, Mariano e eu sou a sua chefe e você sabe muito bem qual a punição para um soldado insolente, além do mais, tenho assuntos para resolver e um casamento para organizar! —Minhas palavras parecem atingi-lo em cheio e um lampejo de dor atravessa seus olhos.

—Casamento? Vai mesmo se casar?

—Preciso! Ainda mais agora que a minha liderança está sob ataque, eu preciso encontrar alguém que possa me garantir reforços se for necessário. Além do que se eu estiver casada talvez essa merda toda acabe e eles me aceitem como Chefe da máfia Costa. —Evito olhar nos olhos dele, não quero saber como ele sente, não quero enxergar sentimentos que são inexistentes, frutos da mente de uma mulher apaixonada pelo seu primeiro namorado.

—É só isso que importa a você? Essa merda de liderança? —A decepção brilha em seus olhos e eu coloco a máscara de mulher fria e impiedosa que eu me tornei com o passar dos anos.

—Sim! Ser a líder da Máfia Costa é a única coisa que me importa nessa vida e eu vou passar por cima de qualquer um para alcançar o meu objetivo!

—Como vai fazer para voltar para Milão? —A sua voz fria como uma geleira é como um balde de água gelada na minha cabeça. O que eu esperava afinal, que ele se importasse? Que tentasse me impedir?

—Vou pegar uma carona! —Pega a minha bolsa e olho para os meus filhos adormecidos. —Eu amo vocês! —Sussurro e me volto para o Mariano. —Diga a eles que eu vou vê-los o mais rápido o possível! Proteja-os com a sua vida, Mariano, eu não seria piedosa se algo acontecer com eles.

—São os meus filhos, Atena, os protegeria mesmo se você não pedisse! Boa sorte! —Ele dá a volta no carro assumindo o lugar do motorista e me olha por longos minutos. —Que se foda! —Ele desce do carro e caminha em minha direção a passos largos.

—O que você está fazendo? —Minhas palavras morrem quando seus braços me puxam de encontro ao seu corpo e sua boca toma a minha em um beijo ardente e sedento.

Meu corpo responde ao dele quase que de forma automática e minhas mãos se prendem em seus cabelos o trazendo para mais perto de mim. Nossos corpos parecem desejar se fundir um ao outro. Quando falta ar em nossos pulmões somos obrigados a nos afastar alguns centímetros.

O Mariano encosta a sua testa na minha e fechamos os olhos, ouvindo apenas os sons das nossas respirações ofegantes. Por um instante eu me sinto a menina presa em uma cela com o garoto mais incrível da face da Terra. Posso tocar a lembrança daqueles dias em eu vivi o amor mais puro e perfeito que poderia existir.

—Você não pode se casar alguém que você não ama... —Ele sussurra e segura meu rosto entre suas mãos. —Prometemos que seriamos um do outro...

—Você quebrou a promessa primeiro, Mariano! Você saiu de lá sem mim.

—Eu nunca sai de lá, Atena. Eu estou preso aquele lugar desde o dia em que tomei a pior decisão da minha vida e te deixei! —Seus olhos encontram os meus e eu preciso de todo o meu alto controle para não permitir que as lagrimas molhem meus olhos.

—Eu não quero ouvir suas justificativas depois de todo esse tempo! Você teve milhões de chances de voltar. —Me afasto dele e limpo uma lagrima solitária que escorre teimosa por minha face. —Eu te esperei por dias a fio. Todas as vezes em que a cela era aberta eu torcia para ser você, todas vezes em que ia lutar na arena os meus olhos te procuravam. Quando eu descobrir que estava gravida e na hora em que estava sozinha no parto eu chamava por você.  Mas, você nunca voltou por mim e eu tive que aprender de novo como era ser sozinha e tinha dois seres inocentes que precisavam que eu fosse forte.

—Eu teria voltado se soubesse que você estava gravida! —Sua voz é carregada de dor e eu olho em seus olhos.

—Eu teria te aceito de volta! Porque eu te amava com toda a minha alma. Você foi meu paraíso e sua ausência se tornou meu inferno. Mas, você nunca voltou e agora quem não te quer de volta sou eu. Não quero você na minha vida outra vez, não agora que eu aprendi a viver com a sua ausência. —Dou as costas e sua mão se fecha ao redor do meu braço.

—Eu não vou desisti de você! —Sua voz é carregada de uma promessa velada e ele solta o meu braço deixando com que eu me afaste dele e de tudo o que ele causa.

—Eu já desisti de nós dois há muito tempo... —Sussurro para mim mesma na tentativa de acreditar em minhas próprias palavras.









Será que a Atena desistiu mesmo?

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Até logo!

Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora