Atena - Serie Irmãos Valente (Livro 5)

Capítulo 8

Boa leitura!

Mariano

É impossível ficar indiferente a sua presença. Cada centímetro do carro está tomado por seu perfume doce, o cheiro me lembra baunilha e flores do campo. Os traços de menina se foram e seu rosto se tornou mais duro e seus olhos carregam um abismo. Os cabelos estão maiores e ainda mais brilhantes, o corpo ganhou mais formas, suas roupas são sempre pretas e básicas, nada nela me lembra a menina que deixei há cinco anos atrás, mas por que eu não consigo parar de fazer comparações? Não consigo parar de procurar qualquer coisa daquela menina.

—O que eles sabem sobre mim? —Eu me sinto ansioso como nunca. Finalmente, irei ser apresentado aos meus filhos e não consigo acreditar que isso está mesmo acontecendo, a Atena sempre pareceu decidida em me deixar de fora da vida deles e do nada tudo mudou. —Os meus filhos me odeiam? —Apenas a ideia de que meus filhos possam me odiar me causa um aperto no peito e o arrependimento por tê-la deixado me atinge em cheio.

Todas as razões que inventei em minha mente para poder odiá-la parecem ter se dissolvido como papel na chuva.  Suas palavras no dia em que matou o Franco e por consequência levou um tiro ou as coisas que ela diz em nossas discussões me fazem pensar na decisão que tomei cinco anos atrás e que me custou a mulher que eu amava e o talvez o amor dos meus filhos. Desde que eu voltei para vida dela tem sido uma batalha interna entre a minha razão que faz questão de me lembrar que ela é filha do homem que assassinou a minha família e o meu coração que parece querer sair do peito todas as vezes em que ela está por perto.

—Eles não odeiam você, Mariano! Ao contrário do que pensa eu não envenenei os gêmeos ao seu respeito. —Sua voz denota toda sua magoa, por mais que ela tente disfarçar, mas se tem algo que eu sou bom é em ler as pequenas nuances da Atena. —Eu disse que você não podia estar com eles por conta do meu pai e que quando tudo estivesse resolvido você viria até eles!

—Você pretendia me contar sobre eles? Tem mais de um ano que eu voltei para Milão e que nos reencontramos e você nunca pensou em me dizer que tínhamos filhos? —Mantenho meu foco na estrada a minha frente, mas por vezes a observo pelo retrovisor interno do carro.

—Não! —Ela diz dura. —Quando a hora chegasse eu diria que você morreu e pronto!

—Causaria essa dor em nossos filhos apenas para não me ter na vida deles? —É impossível disfarçar a magoa em minha voz. Eu nunca imaginei que a Atena seria capaz de mentir sobre algo tão sério e não achei que seu ódio por mim fosse tão profundo.

—Sem sentimentalismos, por favor. Eles não sofreriam sua morte, eles se quer sabem quem é você, eles não tem sentimentos por você. E não seria uma mentira completa, já que para mim você é um assunto morto e acabado. —Ela parece entediada. —Pode pegar um caminho mais curto para a casa da minha irmã?

—Minha presença te incomoda? —Olho em seus olhos pelo retrovisor e a vejo puxar o ar com força como se controlasse para não voar em meu pescoço

—Seu cheiro me causa náuseas, sua voz me dá dor de cabeça e esse papo de pai preocupado me faz desejar pular do carro em movimento. —Ela olha para as próprias unhas e suas palavras me arrancam um sorriso involuntário.

—Pode me contar mais sobre eles? Como foi o parto? A cor preferida dos dois? —Ignoro suas palavras e isso parece irrita-la ainda mais.

—O parto doeu. A Nina gosta de lilás e o Heitor de azul. A comida preferida deles é pizza. A Nina gosta de doces e o Heitor prefere salgados. O animal preferido dos dois é cachorro. O que você quer saber mais?

—Eles se parecem mais comigo ou com você? Na personalidade eu digo, já que na aparência ambos são uma cópia fiel minha! —Sorrio orgulhoso e ela revira os olhos.