Cap. 14: Irrepetível

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Os raios já haviam mudado alguns destinos, ou talvez o destino tenha usado alguns raios para se fazer cumprir? Nunca saberemos ao certo.

Irrepetível, adjetivo masculino e feminino, aquilo que não se pode repetir; que não pode ser dito novamente. Que não se consegue fazer outra vez: a vida é um caminho irrepetível.

Assim como as escolhas de Helia naquela noite. Não haveria repetição, seus atos naquela noite não poderiam se repetir, eram escolhas únicas, atitudes que mesmo que ela um dia pudesse voltar no tempo, não seriam as mesmas.
A vida não se repete. Nunca será igual. O hoje permanece no hoje, o amanhã esse a Deus pertence ... ou pertence ao destino?

Leal olhou ela se afastar, o gosto do beijo ainda em sua boca. Helia era uma força da natureza, indomável. Era exatamente como lhe haviam dito, um espírito livre, Dona de si, linda e determinada. Ele a seguiu, ainda tinha esperanças de persuadi-la. Não apenas por ter se encantado com a bailarina, mas por ter um acordo a cumprir.
Porém seus planos de persuadi-la foram por água abaixo junto com a chuva torrencial que caia sobre a cidade naquela noite. Ao longe ele pôde ver, e uma fisgada de inveja lhe percorreu a espinha, junto com um calafrio devido a chuva forte batendo em suas costas.

Ela gritava por ele, corria para ele, JP.
O homem cujo mistério o envolvia, um cavalheiro, talvez o último dos românticos do mundo. Mas ainda sim, o verdadeiro dono dos olhos de esmeralda daquela mulher. O beijo que veio a seguir só deixou Leal ainda mais ciente de que havia falhado miseravelmente em sua empreitada e pior, tinha se encantado pelo objeto de seu trabalho.

Uma buzina o tirou de seus pensamentos. O carro preto de vidros fume lhe era conhecido, era ele. Hora de encarar sua derrota, falhara, e isso podia lhe causar alguns aborrecimentos. Dando uma última olhada no casal entregue a um beijo digno de uma cena de cinema americano, Leal atravessava a rua e entrava naquele carro.

...

- Eu te amo! Ele disse.
- Eu te amo mais! Ela respondeu.

A chuva não incomodava, o clarão causado pelos raios os fazia enxergar os olhos um do outro, a íris escura tomada por um desejo crescente que vinha se formando desde o dia em que se esbarraram pela primeira vez. Helia agora se dava conta, já não poderia mais viver sem JP.

- Você está tremendo! Ele disse interrompendo o beijo mais uma vez.
- Então porque você não me aquece? Ela perguntou num tom provocativo.
- Como quiser minha diva! Ele sem aviso a tomou nos braços tirando-a do chão e carregando em seus braços para dentro da casa, como uma noiva a caminho da noite de núpcias.

No mesmo instante do outro lado da avenida o carro preto onde Leal entrara saia cantando pneu pela rua escura e molhada.

Escolhas são irrepetíveis. Helia havia feito a sua. Não haveria repetição. Traçara seu destino.

...

"... Não peço licença pra ninguém
Sei o que me dói e o que me faz bem
Ir no fundo e se apaixonar
É viver sem culpa e ter coragem
Quero viver cada segundo inteiro..."

JP se inclinou lentamente para colocar Hélia sobre a cama, estava tão concentrado em seus olhos que não percebeu que ainda estavam encharcados da chuva. Suas mãos tocando seu rosto até novamente o toque de seus lábios nos dela. Ambos imediatamente fecharam os olhos e permitiram que suas mentes viajassem. A mão de JP subiu para a mandíbula de Helia e puxou-a gentilmente para mais perto dele, intensificando aquele beijo ainda mais. Ela subiu a mão sobre os ombros dele sentindo por cima do tecido molhado de suas roupas seus músculos, já não tinha mais medo, o desejo enfim a dominando e qualquer lembrança de seu ex marido desaparecendo em meio aquele beijo, ela se agarrou a ele como se sua vida dependesse de seu corpo estar mais perto dela.

Paralelas do Destino - FinalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora