Paralelas do Destino - Finalizada

Cap. 2: A Dançarina

Janete olhava para aquela mesa em sua pizzaria preferida no subúrbio do Rio de Janeiro repleta de amigos e sua família e, não conseguia deixar de pensar o quão abençoada era por ter conseguido chegar até ali.

Sua mãe Judite Mota nunca escondera dela sua origem, Janete sabia que havia sido adotada e que sua mãe havia sido assassinada por seu pai quando ela ainda era só um bebê de apenas dois aninhos. Sabia que tinha duas irmãs, mas que infelizmente não puderam ser adotadas juntas.
Por um tempo na adolescência ela até tentou procurar pelas irmãs, mas o Orfanato onde ficaram tinha sofrido com as enchentes recorrentes no Rio e perdera a maior parte de seus arquivos, incluindo o histórico dela e de suas irmãs e como ninguém nunca soube nem mesmo o sobrenome verdadeiro delas, encontrar as irmãs era algo quase impossível. O que sabia era que uma delas ainda vivia no Brasil, porém a outra fora adotada por um casal de estrangeiros, pelo menos era o que a Madre Teresa responsável pelo Orfanato na época se lembrava. A assistente social responsável pelo caso, uma mulher de meia idade falecera alguns anos depois, sendo assim quaisquer vestígios sobre o paradeiro de suas irmãs, haviam se perdido.

Mas Janete não se queixava da sorte, a linda ruiva de olhos de esmeralda era uma jovem batalhadora e forte. Com seus vinte e dois anos, acabara de entrar para a mais disputada academia de dança do Rio de Janeiro, amava dançar e sua paixão eram os ritmos latinos. Pensava que tinha herdado de sua mãe biológica esse dom, pois Dona Judite não levava jeito nenhum para dança e Chico seu irmão tinha definitivamente dois pés esquerdos.
Ela morava com a mãe e trabalhava meio período numa escola de dança como garçonete na cafeteria da escola. Seu maior sonho era ter uma escola de dança como aquela, então cada centavo que ganhava era devidamente dividido entre ajudar a mãe, manter suas coisas e guardar o restante no banco, estava próximo o dia que ela realizaria esse sonho, era a sua meta e ela iria até o fim para conseguir.

O único problema de Janete era a coleção de relacionamentos falidos que ela tinha. A mãe Judite perdia noites e noites de sono vendo a filha entrar e sair de relacionamentos com rapazes mal caráter que só se aproveitavam dela financeiramente. A bola da vez agora era o malandro Átila.
De longe se via que ele era aquele verdadeiro "171", mas para Janete ele era o amor de sua vida, e ela acreditava em tudo que ele dizia, ignorando todos os conselhos da mãe e do irmão.

- Bom minha gente, eu quero levantar um brinde a irmã mais esforçada e linda que eu poderia ter! Disse Chico erguendo a taça de vinho e chamando a atenção de todos.
- Assim você me deixa encabulada meu irmão! Janete escondeu o rosto nas mãos.
- Você merece minha filha, estou muito orgulhosa de você! Judite a abraçou de lado pelos ombros.
- E merece mesmo! Se ouviu ao fundo a voz de Armon Monteiro, um rapaz que sempre foi apaixonado por Janete, mas que nunca conseguiu uma chance com a ruiva, empresário promissor o jovem Armon tinha planos para o futuro e apesar da cara de malandro, no fundo era um rapaz centrado e muito honesto, aliás era o xodó de Dona Judite que não entendia porque a filha não ficava com ele.
- Então simbora cantar parabéns pra minha rainha! Átila começou a bater palmas e todos o acompanharam, enquanto um dos garçons se aproximava com um bolo repleto de velinhas.

Foi uma noite emocionante e Janete estava radiante. Era uma ruiva estonteante, daquelas de parar o trânsito, e sempre chamava a atenção onde estivesse, com seu jeito extrovertido e alegre de ser. E naquela noite não foi diferente, ao longe numa mesa reservada o poderoso Antônio San Marino que tratava de alguns negócios obscuros com um marginal da área, observou a ruiva e se encantou por ela. Acostumado com as mulheres sem sal e cheias de fricotes da alta sociedade, San Marino não pode deixar de admirar a bela ruiva de jeito espontâneo e corpo escultural.

- Quem é aquela jovem? Ele perguntou ao homem que lhe acompanhava.
- Aquela, hum.. Aquela é Janete Mota. Gostosissima, mas tem um gênio de cão, temperamental, até tentei chegar nela, mas me dispensou rapidinho!
- Interessante! San Marino continuava a olhar para Janete que agora dançava com Átila pelo salão.
- Vai me dizer que o Doutor se encantou pela dançarina?
- Dançarina é?
- Sim, faz aula de dança e também trabalha numa escola de dança aqui do bairro!
- Inclua nos seus serviços o histórico dela e mande me entregar em meu escritório!
- Pode deixar Doutor!