Cap. 32: Encaixando as paralelas

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Ahhhh... os furacões!

Pensando no evento climático constatamos o óbvio, se trata de uma ventania devastadora capaz de destruir tudo a sua frente. Quem aqui não viu mesmo que uma única vez aqueles filmes onde furacões destroem tudo sem deixar tijolo em pé por onde passam? Creio que todos já vimos mesmo que rapidamente cenas como essas.

Porém o furacão do qual iremos falar aqui, não costuma destruir cidades, tão pouco devastar vilarejos. Não, esse furacão é apenas algo imparável. Originário da palavra espanhola "huracán", um furacão tem diversas definições, mas a que vamos explanar é a de sentido figurado "o que se manifesta com violência ou ímpetos extremados". Mais precisamente pelos ímpetos extremados do que pela violência é claro.

Ímpetos esses, que agora moviam uma certa brasileirinha de sotaque francês/nordestino, que sem dar ouvidos nem mesmo à sua médica, tentava a todo custo tirar o acesso que tinha no braço onde o soro auxiliava na sua recuperação, afim é claro de levantar da cama e ir atrás de sua mãe.

Mãe!?! Santinha não conseguia racionalizar o peso que descobrir sobre a mãe estava tendo em sua vida, a cabeça girava e o ímpeto de ir atrás da progenitora era maior do que o cuidado com sua própria saúde.

Imparável! Sim, as irmãs costumavam ser imparáveis, verdadeiros furacões difíceis de controlar. Julia já havia percebido isso. A médica tentava se manter firme, mas... como segurar aquele furacão? Aliás, será que ela queria segurar aquele furacão em forma de mulher? Depois de tudo que Santa Maria passou já era um milagre estar ali viva, era certo tirar dela esse momento de poder reencontrar a mãe que um dia ela e as irmãs pensaram estar morta? Júlia jogou as favas seus muitos anos de estudo e prática na profissão, conhecer Santa Maria despertou na médica seu lado mais humano, se Santinha queria ir até a mãe, não seria ela que iria impedir.

E realmente não impediu, com muito custo Santinha se levantou, ainda zonza pelos dias deitada e pelos medicamentos no organismo, a caçula da família Montana se levantou, iria atrás da mãe, precisava ver com seus próprios olhos aquele milagre.

》》》

Em contra partida aquele peculiar e distinto grupo que antes ocupava o antigo quarto de Otávio, agora seguia pelo corredor da clínica em direção ao quarto onde Santa Maria estava.
A frente claro o furacão ruivo de Dona Judite seguia com a cabeça erguida, imponente de braço dado com Armon. Helia vinha logo atrás, mesmo a contra gosto de JP que aos poucos percebia que as irmãs eram imparáveis. Eva um pouco mais atrás seguia receosa, a imagem que ela tinha de sua caçula era a de um bebê, um lindo e pequeno bebezinho que lhe foi arrancado dos braços numa noite e que ela mal teve tempo de guardar suas feições. Otávio a amparava, era incrível ver como o amor é capaz de superar tudo. Foram anos de separação, mas ao recuperar sua memória, o amor deles voltou do ponto onde parou como se não houvesse se passado um sequer dia desde aquele atentado. Aristides juntamente com o restante daquele grupo apenas seguia o fluxo em direção ao quarto da neta. Neta... ele ainda estava aéreo com tudo aquilo, de repente o homem que não tinha mais ninguém agora tinha uma família, filha, genro e netas ... sim netas... E bisnetos ... era coisa demais para se assimilar em tão pouco tempo.

...

Judite tentava dissuadir Santinha de sair do quarto, prometendo que iria buscar a mãe, e Florência apelava para que ela pensasse no filho, ambas tinham medo de algo ruim acontecer e Santinha voltar ao estado letárgico ao qual se encontrara nos últimos dias. Já à haviam perdido uma vez, fora um milagre ter ela de volta, não queriam arriscar.

Richard apenas olhava a cena, sabia que nada faria Santa Maria parar, nada a não ser...

Artemio.

Mesmo com Richard o acalentando Artemio começou a chorar. Era como se o menino sentisse a euforia da mãe, como se assim como todos ali, ele também temesse ficar sem ela.
E ao ouvir o choro de seu rebento, Santa Maria travou e virando o corpo na direção do filho tornou a voltar para perto da cama o pegando dos braços de Richard e o embalando.

Paralelas do Destino - FinalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora