Paralelas do Destino - Finalizada

Cap. 30: O Brunch

Já sabemos que o mal não dorme, e que anda a espreita na escuridão esperando o momento certo de agir. E no caso dos nossos vilões de plantão, era hora de uma reuniãozinha ou melhor de um brunch.

Brunch: Invenção inglesa do século XIX e popularizado nos Estados Unidos na década de 30, o brunch é uma refeição que substitui duas: o café da manhã e o almoço.

E foi para uma refeição dessas que Antônio San Marino convidou sua mais nova aliada Altiva. O encontro que se daria no meio da manhã foi marcado no mesmo lugar onde se encontraram da primeira vez, o bar nas redondezas do bairro onde vivia Janete.

Bar esse onde Vanessa trabalhava, e onde Ruy, após seu rompante na clínica quase matando Julia, foi parar. Aliás era como se todos tivessem tido a mesma ideia, pois meio desorientado Otto Niemman também acabou parando lá depois de invadir a casa de Helia, e logo tratou de ligar para que Deodora o fosse encontrar.

Quem visse diria que se tratava de uma reunião de elenco de "A Sucessora", com todos os seus personagens do núcleo vilanesco. Mas nada mais era do que o famoso destino intervindo outra vez, e dessa ele intervinha de maneira cruel ao juntar aqueles abutres todos juntos num único lugar. Com certeza nada de bom sairia desse brunch no meio da manhã.

Ruy já estava ali bebendo desde a hora que saira da clínica onde num acesso de raiva tentara matar Julia. Ainda não compreendia como havia chegado àquele ponto, era um bom homem, não era? Sempre procurou seguir a lei, cuidava da mãe idosa... em que momento ele havia se perdido? A culpa o corroia por dentro, jamais se imaginou capaz de tal ato... ou será que seria? Flashes de sua vida ao lado da primeira esposa lhe vinham a mente, teria sido ele sempre um homem agressivo? Buscava momentos onde a esposa estivesse feliz ao seu lado, mas sua mente o traia, revelando coisas que talvez ele tivesse escondido no fundo de seu ser durante os últimos anos.

Vanessa Uau estava ali naquela manhã, desde que Armon lhe dera o último fora andava calada, e uma mulher calada nunca é sinal de boa coisa. Maquinava em sua cabeça uma forma de separar Janete e Armon, principalmente depois que soube que o objeto de seu desejo agora tornava-se cada vez mais um empresário de sucesso em seu ramo. Dançara durante toda a noite e depois acabara ficando por ali, tinha um caso com o dono do lugar, muitas vezes terminava suas noites na cama daquele que geria aquele bar. Ela viu quando o atordoado Ruy entrou porta a dentro, mas não foi até ele de imediato, o semblante do homem lhe trouxe arrepios preferiu esperar e ver qual motivo tinha levado tão belo doutor até ali mais uma vez. Sentada no bar via o movimento e notou quando um segundo homem tão transtornado quanto Ruy adentrou o lugar. Parecia homem de dinheiro, tinha pose e carregava uma bengala que pelo estilo devia custar mais que um mês de seu salário.

Otto saiu da casa de JP desnorteado, na verdade ir até lá tinha sido sem dúvida um ato impensado e fora do normal, o que ocasionou toda aquela cena com Helia e JP. Ao entrar naquele bar de periferia ele se aproximou do balcão e pediu para usar o telefone, precisava falar com Deodora e seria agora, já estava farto de ser passado para trás por aquele engomadinho do JP.
Vanessa apenas observou, sua mente estava a todo o vapor, queria saber o motivo de um homem tão incomum estar ali.
Otto realizou a ligação e pediu um whisky. Enquanto se dirigia até uma das mesas com seu copo em mãos, esbarrou em Ruy.

- Me desculpe! Ele falou.
- Tudo bem! Ruy respondeu sem nem tirar os olhos de seu próprio copo de whisky.
- Manhã ruim? Perguntou Otto.
- Uma das piores! Respondeu Ruy ainda sem encarar o homem que lhe falava.
- Me chamo Otto Niemman! Ele estendeu a mão.
- Doutor Ruy Tyler! Ele enfim levantou o rosto encarando o homem a sua frente. - Pelo que vejo a sua manhã também não foi das melhores! Comentou vendo uma mancha de sangue seco no rosto do homem. - Mulher? Perguntou apontando para o corte no rosto.