Cap. 19: A cada dia o seu mal

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"Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
Basta a cada dia o seu mal."
Mateus 6:34

Santa Maria não olhou para trás, apenas seguiu na direção da saída

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Santa Maria não olhou para trás, apenas seguiu na direção da saída. Richard, Chico e Florência já estavam ansiosos a espera dela na ante sala da obstetrícia, quando ela atravessou as portas de vidro ainda mais transtornada do que havia saído do consultório da médica.

- Oxente Santa Maria, que tu voltou foi ainda mais aperriada! Richard a segurou nos braços confortando sua noiva. - Que foi que te aconteceu?
- Eu preciso falar com Janete! Ela se afastou um pouco do abraço do noivo e olhou em seus olhos. - Preciso da Janete!

Richard conhecia cada gesto, olhar e até mesmo tom de voz de Santa Maria, e aquele olhar dizia que algo muito grave estava para acontecer com as duas irmãs.

Seguiram todos de volta a casa de Dona Judite. No trajeto Santa Maria não disse sequer uma palavra, olhava fixamente para fora do carro, olhando tudo e ao mesmo tempo nada. Seus pensamentos estavam longe, focados na conversa com aquele homem tão incomum que conhecera na clínica. Se o que ele dizia era verdade, Santinha temia que a vida dela e de Janete mudaria drasticamente, aliás tudo quanto elas acreditavam ser verdade sobre o passado delas até hoje mudaria.

Na clínica Otávio já havia voltado para seu quarto, aguardava ansioso a chegada de Serafim, sabia que o amigo investigador era o único capaz de lhe ajudar a entender tudo aquilo. Otávio até acreditava em coincidências, mas aquela conversa com Santinha tivera muito mais coincidências do que poderia ser possível e aquele mistério tinha que chegar ao fim.

...

E chegava ao fim aquele dia, a tarde já se anunciava linda e pintava de tons alaranjados o céu carioca.

Ao mesmo tempo naquele fim de tarde Helia, Janete e Santa Maria, olhavam o céu.

Helia já havia desembarcado em terras brasileiras, acompanhada de JP e Fidélio, a bailarina saia do aeroporto e pela primeira vez em vinte anos fitava o céu daquela que foi a cidade onde nascera e de certa forma morrera anos atrás.

Janete fechando a Escola de Dança debruçava-se por um instante numa das imensas janelas daquele antigo casarão e também fitava o céu, seus pensamentos divagando entre a beleza daquela tarde que seria perfeita para um casamento ao ar livre e, a doença de sua irmãzinha e toda a dor que ainda enfrentariam.

Santa Maria descia do carro de Chico e amparada por Florência subia os poucos degraus que levavam a porta de entrada da casa e olhando o céu antes de entrar pensava em como aquele fim de dia iria mudar a vida dela e de Janete.

E como naqueles filmes hollywoodianos onde a tela se dividia em duas ou mais partes mostrando seus personagens principais em momentos decisivos. Nossa história se divide e se prende naquele momento, naquele exato momento em que juntas porém em lugares diferentes, as três irmãs um dia órfãs de pai e mãe, com um passado triste e incontáveis batalhas vividas, olhavam ao mesmo tempo para o céu carioca que de tão lindo parecia uma pintura.

Paralelas do Destino - FinalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora