Capítulo 2

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Natália

Abri a porta do meu quarto e corri o mais rápido possível para a cozinha, onde ficava o bendito interfone.

Assim que entrei na cozinha, o interfone parou de tocar. Adivinha? Um idiota atendeu. A visita é minha, a casa é minha, e ele é nada. Apenas mais um amigo ridículo do meu irmão.

Ele ficou uns minutos falando com o porteiro. É simples, meu amigo, autorize a entrado do Gustavo e tudo resolvido. Você volta para a sua vida e eu vivo a minha.

Nat: É difícil autorizar a merda da entrada? - Resmunguei.

O ser irritante colocou o interfone no gancho e virou seu corpo na minha direção, com um sorriso de orelha a orelha.

Nat: Viu passarinhos verdes?

XX: Oi? - Fez de idiota.

Nat: Além de idiota consegue ser surdo. - Murmurei. - Esquece, só diga que autorizou a entrada do Gustavo?

XX: Seu namoradinho já está chegando.

Nat: Namoradinho?

XX: Não é isso que ele é?

Nat: Engraçado que isso não vem ao seu pequeno interesse.

Ele riu e levantou os braços, como se estivesse se rendendo. Ninguém mandou atender o interfone primeiro e irritar quem está quieto.

XX: É só uma pergunta.

Nat: Essa foi apenas a minha resposta.

XX: Para que ser tão agressiva?

Nat: Para que ser tão curioso? - Cruzei os braços na linha do peito.

Quem esse ser pensa que é?

XX: Não é que ele estava certo?

Nat: Ele quem? - Perguntei baixo.

XX: Depois fala que eu sou o curioso?

Nat: Eu.. Eu...

Droga! Mil vezes droga. Ele me deixou sem resposta. Agora está com aquele bendito sorriso irritante do rosto como se tivesse ganhou o Oscar.

XX: Ficou sem resposta?

Nat: E você sem noção do perigo. - Endireitei minha postura.

Já que ele quer brincar justo por aí, lá vamos nós. Uma das coisas que papai disse é que, por qualquer circunstancia, se alguém começar a jogar com você, entre de cabeça para vencer.

XX: Pior que não tenho mesmo. - Resmungou, coçando a nuca.

Nat: Então por que insisti em brincar com fogo? - Retruquei.

Ele baixou a guarda mas eu não. E não vou baixar tão cedo.

XX: Nada que você deve saber.

Nat: Certo... - sussurrei.

Gustavo, seu lindo. Cadê você? Essa situação não esta muito boa e pode ficar pior em qualquer instante.

XX: Meu nome é Leonardo. - Ele disse por fim, dando alguns passos na minha direção e estendeu a mão.

De que lugar sai tanta formalidade desse ser? O pior... de uma hora para outra.

Numa hora ele está irritando meus últimos resquícios de paciência, na hora ele esta todo almofadinha e educado. Vai entender.

Nat: Certo... — Estiquei minha mão também. — Natália.

Ele apertou minha mão e ficou igual um besta segurando por um longo tempo.

Nat: Tem como soltar?

Leonardo: Ah... — Ele riu. — Desculpa.

Nat: Agora, licença. Preciso atender minha visita.

O Gustavo morreu no meio do caminho?

Meu senhorzinho, que demora chata.

Leonardo: Ele é mesmo seu namorado?

Lá vamos nós para a estaca zero novamente.

Nat: Já disse que não vem ao seu interesse. É a minha vida e não a sua.

Leonardo: Não tem uma trégua não?

Nat: Só você ficar no seu quadrado, que tudo fica na paz. Por isso não se meta na minha maravilhosa vida e tudo certo.

Ele riu e começou a mexer nos cabelos. Numa tentativa bem falha de tentar uma sedução.

Desculpa, meu bem, mas eu não sou tão burra como você acha.

Nat: Pode tirar o sorriso do rosto.

Leonardo: Mas não estou fazendo nada.

Nat: Esse... — apontei para um dos meus olhos. — é irmão desse... — apontei para o outro. — Então, nem tente.

Leonardo: Não tentar o quê?

Nat: Você sabe muito bem. — Bufei.

Leonardo: Não sei. — Soltou uma risadinha abafa.

Nat: Claro que sabe, você é homem. E tenta seduzir qualquer mulher. Só que comigo não funciona. De você eu quero distância de uns... Uns 30 metros.

Ele quase começou a gargalhar mesmo.

Nat: Qual é graça? — Murmurei.

Leonardo: 30 metros, Natália. Eu não sou nenhum monstro.

Nat: Eu vou lá saber. Nem conheço você direito.

Leonardo: Mas gostaria de conhecer que eu sei.

Nat: Nossa, você é muito engraçado. — Disse rindo. — Essa piada foi boa.

Ele deu alguns passos na minha direção. Esse menino não tem noção do perigo, e muito menos do que eu sou.

Leonardo: Você é muito marrentinha. — Praticamente sussurrou, mostrando todos os dentinhos alinhados e brancos.

Nat: E você é um viado. — Cruzei os braços e enfrentei.

Leonardo: Viado?

Nat: Completamente. — Murmurei.

Leonardo: Como pode ter certeza se não experimentou ainda?

Ele aproximou mais ainda. Quase com seus lábios colados nos meus.

A campainha tocou, bem na hora que eu iria avançar. Graças ao bom Deus.

Foi, com certeza, a melhor hora para o Gustavo chegar.

Nat: Porque eu não quero. — Sussurrei respondendo.

Empurrei ele e fui atender à porta. Esse menino, com certeza, não tem noção das coisas.

{...}

Uma Garota Diferente - Livro 1 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora